A política de Alagoas celebrou ontem um marco raro: os 100 anos de vida do ex-deputado José Duarte Marques, mais conhecido por Jota Duarte. Por conta da data do seu aniversário, familiares e amigos preparam uma festa especial para marcar os 100 anos de uma trajetória que atravessou regimes políticos, partidos e décadas, sem jamais perder a lucidez.

Ex-vereador, duas vezes prefeito de Palmeira dos Índios, cinco vezes deputado estadual e até governador interino de Alagoas, Jota chega ao centenário lúcido, ativo e carregando a memória de uma época em que política se fazia com presença, coragem e articulação.

Nascido em 17 de setembro de 1925, em Palmeira dos Índios, Jota Duarte ingressou na vida pública em 1962, quando foi eleito vereador pelo PTN com 245 votos, o segundo mais votado do município. Já em seu primeiro biênio, assumiu a presidência da Câmara Municipal, revelando desde cedo sua habilidade de articulação e liderança.

Ele iniciou a trajetória como vereador em Palmeira e logo presidiu a Câmara Municipal. Foi eleito prefeito em 1965 e 1972, destacando-se como liderança central no município. Em 1978, conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa e não largou mais: foram cinco mandatos consecutivos, chegando à presidência da Casa. No fim de 1989, assumiu interinamente o governo de Alagoas por 25 dias — o ponto alto de sua carreira.

Jota Duarte encerrou a vida eleitoral em 2000, mas sua marca seguiu firme na família: filhos, netos e sobrinhos ocuparam cargos de vereador, deputado estadual e até secretária municipal em Palmeira. Sempre respeitado, foi homenageado em 2022 com a Comenda Geraldo Sampaio, honraria máxima da Câmara Municipal.

Patriarca

Hoje, Jota Duarte é um dos poucos ex-prefeitos vivos de Palmeira, ao lado de Maria José, James Ribeiro e Júlio Cezar. Nas mídias sociais, o ex-prefeito James Ribeiro, fez uma saudação em homenagem ao centenário de nascimento do amigo. “Felicitações ao grande e inspirador político e cidadão palmeirense, Jota Duarte, que nosso bom Deus continue o abençoando juntamente com sua família”.

Na cadeira de balanço, Jota Duarte conserva histórias, conselhos e lembranças de bastidores — memória viva da política sertaneja.

Segundo o cientista político Marcelo Bastos, especialista em eleições, apesar da idade avançada, Jota Duarte continua lúcido, goza de boa saúde e continua conversando com os amigos sempre que possível.

“Ele foi um dos personagens do meu livre sobre a política alagoana, uma obra que reuniu mais de 90 personalidades, desde a década de 30, como Eustáquio Gomes de Melo, que foi deputado federal, prefeito de Capela e de Maceió, até os dias atuais com JHC”, afirmou Bastos, referindo-se a Jota Duarte como um político articulador e conciliador.

REPERCUSSÃO

“Hoje meu amigo Jota Duarte, companheiro de Assembleia, completa 100 anos de vida. Que privilégio poder compartilhar histórias, aprendizados e momentos ao lado de alguém tão lúcido, generoso e inspirador”, postou nas suas mídias sociais o ex-deputado João Caldas, pai do prefeito JHC (PL) e que foi companheiro de legislatura de Jota Duarte, no final dos anos 90, na Assembleia Legislativa de Alagoas.

Em sua colona, o jornalista Flavio Gomes de Barros, noticiou que seria celebrada ontem à noite, na Igreja do Jardim do Horto, uma missa de celebração dos 100 anos de nascimento de um dos nomes mais ilustres da política alagoana: José Duarte Marques, ou simplesmente Jota Duarte, como ficou popularizado no exercício de vários mandatos”.
“Ao longo da sua trajetória, Jota Duarte exerceu praticamente todos os cargos disponíveis na política: vereador em Palmeira dos Índios, presidente da Câmara Municipal palmeirense, duas vezes prefeito da sua terra, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e governador interino do Estado de Alagoas”, resumiu.

Segundo Barros, Jota Duarte “é o último de uma geração que fazia do exercício do mandato uma devoção, dedicando sua atividade à prestação de serviços aos seus conterrâneos, situação bem diferente de hoje em dia, quando a política deixou de ser instrumento do bem comum para se tornar uma forma de se acumular bens comuns”.