Política

Povos indígenas ocupam sede da Funai em Maceió e cobram demarcação de terras no Sertão de Alagoas

Por Thayanne Magalhães 17/09/2025 14h32 - Atualizado em 17/09/2025 14h37
Povos indígenas ocupam sede da Funai em Maceió e cobram demarcação de terras no Sertão de Alagoas
O ato, segundo eles, é pacífico e por tempo indeterminado, até que o órgão federal apresente respostas às reivindicações - Foto: Cortesia

Lideranças indígenas de Alagoas ocuparam, nesta quarta-feira (17), a sede da Coordenação Regional Nordeste I da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em Maceió. O ato, segundo eles, é pacífico e por tempo indeterminado, até que o órgão federal apresente respostas às reivindicações.

De acordo com Antonio, liderança do povo Kalankó de Água Branca, a mobilização busca pressionar a Funai a dar andamento ao processo fundiário da etnia. “Estamos ocupando a Funai para cobrar o andamento do grupo fundiário Kalankó e o início dos GTs dos demais povos do sertão, que precisam apenas de uma assinatura da presidente da Funai em Brasília”, afirmou.

A ação reúne representantes dos povos Jiripankó (Pariconha), Katokinn (Pariconha), Karuazú (Pariconha), Koiupanká (Inhapi), Kalankó (Água Branca) e Kraunã-Toá (Olho d’Água do Casado, em processo de reconhecimento étnico).

As lideranças indígenas cobram, em caráter de urgência, a assinatura do Termo de Execução Descentralizada (TED) entre a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e a Funai, que possibilitará a descentralização de recursos para constituição de Grupos de Trabalho (GTs) voltados à demarcação de terras.



Segundo os povos, é preciso avançar em diferentes etapas dos processos já abertos. “Cobramos a contratação da equipe fundiária e a execução dos trabalhos no processo de demarcação da etnia Kalankó, a retomada dos estudos do povo Jiripankó, além da identificação e delimitação das terras Katokinn, Karuazú e Koiupanká. Também exigimos o avanço no reconhecimento do território do povo Kraunã-Toá”, reforça a carta aberta divulgada durante o ato.

Para os indígenas, o território ultrapassa o aspecto geográfico, sendo essencial para a sobrevivência cultural e espiritual. “A terra e o território representam muito mais do que o chão que pisamos — são o alicerce da nossa existência, o espaço sagrado onde mantemos viva a nossa fé, cultura, modos de vida e memórias ancestrais”, destacam.

Eles lembram que a Constituição Federal garante os direitos originários sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“Este não é um pedido: é um direito originário, garantido pela história e violado ao longo de séculos. Nossa luta é por justiça, memória e dignidade. Enquanto houver resistência, haverá esperança. E enquanto houver esperança, haverá luta”, conclui o documento.