Política
JHC se torna o centro do debate para 2026
Política de Alagoas segue repercutindo nacionalmente devido à possibilidade do prefeito de Maceió não disputar eleição no próximo ano

A movimentação do cenário político alagoano repercutiu na mídia nacional no último final de semana. Foi publicado no blog da jornalista Malu Gaspar, do O Globo, que com a exitosa sabatina da promotora Marluce Caldas no Senado, a caminho do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o prefeito de Maceió JHC (PL) teria informado aos aliados que não disputará a vaga de governo nas eleições de 2026.
Mais que lideranças locais, alguns dos protagonistas afetados por essa decisão são políticos de destaque nacional. É o caso de Arhur Lira (PP) e Renan Calheiros (MDB), atualmente adversários políticos, mas que mantém o diálogo aberto com o Governo Federal.
Desde a sua reeleição para prefeito de Maceió, em 2024, JHC vem sendo cotado pelos aliados como forte candidato ao executivo estadual. Na expectativa de quebrar a sequência do MDB, e da tutela dos Calheiros, na cadeira de governador, adversários vinham apostando no prefeito, que apresentou números vistosos nas urnas e conseguiu montar uma bancada significativa do PL na Câmara Municipal, com 11 vereadores.
Na avaliação do cientista político Ranulfo Paranhos, essa movimentação deve interferir no jogo político em pelo menos três frentes.
“Essa estratégia consequentemente de retirar o JHC de ele cumprir o mandato resvala primeiro no projeto Rodrigo Cunha [vice-prefeito]. Então, é bom lembrar que o Rodrigo Cunha é o seu vice, e que JHC lançando o mandato ele assumiria a prefeitura de Maceió e aí a gente não sabe bem o que que ele iria fazer, então esse é um é um primeiro reflexo do que acontece. O segundo é a manutenção da hegemonia dos Calheiros como o grupo político mais consolidado e mais longevo do Estado de Alagoas”, argumenta.
Mas a terceira frente que o cientista político visualiza parece ser a que mais pode trazer problemas para JHC.
“É que faltaram ‘combinar com os russos’, porque uma decisão desse tipo já está desagradando Arthur Lira. Que até então, os últimos anos da própria eleição, reeleição de JHC contou com apoio, com aliança do Arthur Lira, que corresponde a um político em oposição ao grupo dos Calheiros e a segunda maior força do Estado de Alagoas. Essa é a primeira análise atualmente. Eu acho que os reflexos disso ainda estão sendo maturados. Ou seja, como é que Arthur Lira deverá se comportar”, analisa.
Ranulfo acredita que toda essa flexibilidade partidária do prefeito de Maceió pode ser ruim para sua imagem.
“No geral, eu acho que esse alinhamento agora, JHC e Lula ainda é muito novo, então ainda é um alinhamento muito frágil. E vamos lembrar, JHC não é aquilo que a gente chama necessariamente de homem de partido, de partido político, JHC ganha uma eleição, é PSB, um segundo turno do Bolsonaro e um segundo turno, enfim, do Rodrigo Cunha como candidato ao governo, o JHC corre para Brasília, se filia ao PL, e agora já está negociando com o Lula. Não estou dizendo que essas negociações são ilegais, eu estou dizendo que isso é visto com maus olhos pela classe política, um político que fica migrando de partido em função dos ventos”.
Ele compara a história com a de Lira e Calheiros.
“Veja o Arthur Lira, é um cara que está aí, é um político de carreira dentro do seu partido. Ele já está há muito tempo dentro dessa construção do PP, e aí isso, o resultado disso, e a gente sabe, é a estruturação partidária fazendo dele a segunda maior força, o líder da segunda maior força política. O mesmo acontece com o Renan Calheiros. Então, a gente não dissocia o nome dos Calheiros ao nome do atual MDB, do PMDB, porque são homens de partido, são políticos de partido. Se você perguntar a boa parte dos formadores de opinião, eles vão se questionar qual é o partido, efetivamente, que o JHC está e para qual ele pode ir. Mas é uma aliança muito nova, vamos esperar também para ver o que acontece em relação a essa discussão”.
FATO ELEITORAL
A eleição de prefeito teve o curioso episódio em que o senador Rodrigo Cunha (Podemos) abriu mão da vaga para se tornar vice-prefeito, sendo substituído pela mãe de JHC, Eudócia Caldas (PL). Não foi oficializado em público de que havia um acordo, mas a possibilidade de se tornar o prefeito na metade do mandato chamou a atenção como um dos principais atrativos da vaga.
Em outubro de 2024, a tia do prefeito entrou na lista tríplice entre os nomes cotados a assumir a vaga de ministra do STJ, e com isso a necessidade da chancela do presidente Lula (PT), redesenhou a trilha dos Caldas.
Aliado ao bolsonarismo desde 2022, JHC se recolheu, evitou declarações públicas, mas articulou com a base aliada de Lula. No dia em que Lula finalmente escolheu Marluce, estavam reunidos com ele e JHC em Brasília tanto Arthur, quanto Renan Filho (MDB) e Rodrigo Cunha.
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