Política

Paulão é o único a se posicionar contra o ‘tarifaço’

Demais integrantes da bancada federal de Alagoas não estão tomando partido sobre as medidas dos EUA contra o Brasil

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 30/07/2025 08h14 - Atualizado em 30/07/2025 09h46
Paulão é o único a se posicionar contra o ‘tarifaço’
Deputado Paulão comenta que o ex-presidente Bolsonaro e seu filho intensificam ações contra o Brasil nos EUA - Foto: Edilson Omena

Até agora, o deputado federal Paulão (PT) foi o único alagoano a se posicionar diretamente contrário às medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em julho anunciou uma sobretaxa de 50% sobre os produtos exportados do Brasil. A maioria dos parlamentares alagoanos não tem se pronunciado sobre o tema. Por outro lado, dois deputados federais autodeclarados de direita tem sido incisivos em defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): Alfredo Gaspar (União), e Fábio Costa (PP).

Segundo Paulão, durante pronunciamento feito na tribuna da Câmara dos Deputados, a tarifa é resultado de uma conspiração de Bolsonaro contra o país.
“O ex-presidente Bolsonaro, numa ação articulada, encaminha seu filho deputado federal para os Estados Unidos com uma única missão, conspirar contra o Brasil. E esse processo de conspiração agora ataca todo o povo brasileiro. O presidente americano estipula uma taxação da exportação de todos os produtos em 50%. Isso afeta a economia”, acusou Paulão.

Ainda no pronunciamento, ele cobrou respostas do parlamento ao que ele classificou como crime. “O comportamento de Bolsonaro e sua ocrim, organização criminosa, é lesa pátria, e a gente não pode deixar essa casa, o parlamento sabendo essa atitude, de taxar em 50% a nossa exportação, afetar o emprego, ir de encontro ao povo brasileiro. É preciso uma reação do povo brasileiro contra essa família que só faz conspirar”.

Na avaliação do parlamentar, a imposição de uma tarifa de 50% sobre nossas exportações afeta a economia nacional, prejudicando a produção, o comércio e a geração de empregos. “O povo brasileiro precisa estar atento e enfrentar com firmeza essa família que não representa os interesses da nação — só conspira contra ela”, completou. Em suas redes sociais, ele voltou algumas vezes ao assunto. Uma delas reforçando a campanha da esquerda, publicou o jargão “sem anistia”, se referindo aos réus do 8 de janeiro.

E em um terceiro momento, de volta à tribuna da Câmara Federal, em Brasília, ele cobrou os colegas e criticou mais uma vez as medidas de Trump voltadas para o Brasil. Acusando Trump de tentar interferir na soberania do Brasil, ele considerou que o presidente dos EUA está atuando para desestabilizar a economia brasileira.

“A palavra é vergonha! Essa casa tem que ter empoderamento no sentido de ter debate qualificado e eu percebo que a extrema direita aqui está amorfinada, caladinha. Porque mais uma medida do presidente americano tentando interferir na nossa soberania nacional. Ele quer acabar com o PIX, um instrumento fundamental do povo brasileiro, de todas as camadas sociais. Articulado pelo líder da quadrilha, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua trupe. No sentido de atingir a economia”.

Paulão lembrou que Trump usou como justificativa o processo judicial contra Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. “Além disso, o governo norte-americano abriu uma investigação comercial contra o Brasil, criticando, entre outros pontos, o Pix, nosso sistema de pagamentos instantâneos, desenvolvido pelo Banco Central, que democratizou o acesso aos serviços financeiros e beneficia milhões de brasileiros. Essas ações revelam uma tentativa coordenada de Donald Trump e Bolsonaro de pressionar nossas instituições e desestabilizar a economia brasileira, atacando diretamente setores estratégicos do país”.

Defendendo que o governo busque alternativas à participação dos EUA na economia brasileira, ele menciona outros países que também estão sofrendo sanções. “Já não basta a taxação de 50%, que afeta toda a cadeia produtiva, não só no Brasil, mas no Canadá. E o Canadá deu a reação, quando faz sua política energética com autonomia, estabelecendo uma visão multipolar e não ficando dependente somente da economia americana”.