Política

Investigações do caso Kleber Malaquias continuam

Próxima etapa do Ministério Público de Alagoas é chegar aos mandantes do crime em Rio Largo que vitimou empresário em 2020

Por Thayanne Magalhães - repórter / Tribuna Independente 21/02/2025 08h46 - Atualizado em 21/02/2025 17h42
Investigações do caso Kleber Malaquias continuam
Promotora Lidia Malta comentou sobre as fraudes processuais envolvendo a investigação do caso Kleber Malaquias - Foto: Assessoria

Após a condenação dos quatro réus pelo homicídio do empresário Kleber Malaquias, crime ocorrido no município de Rio Largo em 15 de julho de 2020, a investigação sobre possíveis mandantes do crime segue em andamento. Segundo a promotora de Justiça do Ministério Público Estadual de Alagoas (PM/AL), Lídia Malta, novos desdobramentos foram identificados, incluindo o envolvimento do agente de polícia civil Eudson Matos. Ela afirmou que Matos, juntamente com o delegado Daniel Mayer, teria praticado fraude processual, inserindo documentos falsos no processo com o objetivo de impedir a punição dos assassinos.

A promotora ressaltou que o sigilo sobre essa etapa da investigação não foi imposto pelo Ministério Público Estadual, mas é essencial para não comprometer as apurações. Para a promotora, o julgamento dos autores materiais foi um passo importante, mas o trabalho para identificar os possíveis mandantes continua e novas descobertas podem esclarecer o real alcance do crime.

“As investigações do homicídio de Kleber Malaquias continuam a desencadear relevantes desdobramentos, tendo sido identificado novo envolvido, o agente de polícia civil Eudson Matos, com quem, inclusive, o Delegado Daniel Mayer perpetrou crimes como a fraude processual, juntando documentos de falso teor ao processo no intuito de ver impunes os assassinos da vítima. O processamento desse agente de polícia civil deverá trazer novos indicativos para chegada à origem do mando”, afirmou a promotora à Tribuna Independente.

O júri popular, que aconteceu de segunda (17) a terça-feira (18) e foi presidido pelo juiz Eduardo Nobre, resultou na condenação de quatro homens. Edinaldo Estevão de Lima foi condenado a oito anos de reclusão em regime semiaberto, mas, como esse regime não existe em Alagoas, ele poderá responder em liberdade. José Mário de Lima Silva recebeu uma pena de 12 anos em regime fechado, mas, devido ao tempo já cumprido, terá que cumprir mais oito anos, quatro meses e um dia em regime semiaberto, também com autorização para responder em liberdade. Fredson José dos Santos foi sentenciado a 30 anos de reclusão em regime fechado, enquanto Marcelo José Souza da Silva recebeu pena de 24 anos de reclusão também em regime fechado. Além das condenações, o juiz determinou a perda do cargo militar de José Mário e Marcelo José, o que representa um impacto significativo na carreira e na vida dos condenados.

A defesa de Edinaldo Estevão de Lima já manifestou a intenção de recorrer da sentença. Ao jornal, a advogada afirmou que ele foi condenado por homicídio simples, com pena base de oito anos, mas deveria ter sido enquadrado como partícipe de menor importância. A defesa argumenta que o conselho de sentença reconheceu essa menor participação, mas que isso não se refletiu na pena, que ficou muito próxima da dos outros réus.
“Mas o principal ponto vai ser de que ele não teve qualquer participação, e o conselho de sentença votou de forma diversa ao que estava nos autos [diante da ausência incontestável de provas]”, disse a defesa.

A Tribuna tentou contato com os advogados dos demais condenados, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.

O caso Kleber Malaquias gerou grande repercussão desde o seu início, tanto pela brutalidade do crime quanto pelas suspeitas de envolvimento de agentes da segurança pública na tentativa de encobrir os responsáveis. O empresário foi assassinado a tiros em um crime que, segundo as investigações, teria sido premeditado. A condenação dos executores representa um avanço, mas a principal questão ainda não foi respondida: quem mandou matar Kleber Malaquias? A investigação segue em andamento, e novos avanços podem esclarecer a cadeia de comando do crime, trazendo respostas definitivas sobre a motivação e os autores intelectuais do homicídio.