Política
Lira age para não cair no ostracismo
Depois de quatro anos, chega ao fim neste sábado (1) a era Lira na presidência da Câmara dos Deputados. A eleição acontece em Brasília e, ao que tudo indica, Arthur Lira (PP) deixa como sucessor, o deputado apoiado por ele, Hugo Mota (Republicanos/PB). As articulações em torno deste nome reuniram quase todos os partidos presentes na Câmara, ficando de fora apenas o PSOL, que lança o nome do Pastor Henrique Vieira como candidato, e o Partido Novo, com a candidatura de Marcel Van Hatten.
Lira chegou a apoiar o nome de Elmar Nascimento (Republicanos/BA), mas refez a rota ainda no ano passado, ao ver a possibilidade de derrota. Essa postura estratégica tem sido a marca do parlamentar. Só na presidência da casa, foram dois mandatos consecutivos, em que mesmo passando por dois presidentes antagônicos, contabiliza mais vitórias que derrotas políticas.
No período de Bolsonaro (PL) ele era aliado de primeira linha do presidente e acumulou mais poder que qualquer outro presidente da casa já teve, comandando uma parte enorme do orçamento do país. Já com a mudança de governo ele deu um jeito de permanecer com uma certa força. Manteve as relações institucionais no nível possível, fez queda de braço com Lula (PT) em alguns momentos, mas também soube recuar em outros, evitando, pelo menos oficialmente, a ruptura total.
A dúvida agora são os próximos passos. Em dezembro de 2024, ao encerrar o ano legislativo, Lira teve uma espécie de despedida, onde alguns colegas parlamentares prestaram homenagens. Ele se pronunciou considerando dar continuidade ao mandato de deputado sem o cargo. “Nós sempre nos renovamos. Podemos voltar para onde eu sempre gostei de atuar, que é no chão da fábrica, como eu sempre chamo, sem nenhum tipo de problema, como qualquer outra situação. Então, vamos vivendo sem planejar e sem criar expectativas”.
Pouco mais de um mês depois, ficou claro que voltar a ser só mais um parlamentar não é uma opção. Está nos noticiários nacionais dessa semana, apesar de ainda não ter uma fala oficial, a negociação para que Lira assuma um ministério no governo Lula.
Para a cientista política Luciana Santana, esse parece ser um momento novo na história. “Arthur Lira tem agora a oportunidade de ter um destino diferente dos seus antecessores, que tiveram uma trajetória um pouco interrompida. Vide o caso do Eduardo Cunha, que foi liderar o processo de impeachment e acabou, inclusive, preso. E o Rodrigo Maia, que nem disputou a última eleição, então saiu um pouco de cena”.
Mas, pelas opções que estão sendo levantadas, o caminho a ser seguido agora é uma decisão difícil e arriscada. “Acho que tem um caminho aberto aí, que ele pode ser muito virtuoso, dependendo da escolha de como que ele vai fazer, ou não, pode ser trágico também, até porque hoje também não adianta ele entrar e ser ministro de um governo que pode estar indo para uma crise, porque pelo menos os índices de avaliação do governo Lula não são bons, e quer queira ou quer não tem um peso também, então também tem que avaliar as chances de melhorar essa situação, eu acredito que possa melhorar a situação do governo Lula nos próximos meses. Mas aí também tem isso, pode trazer esses ônus para ele”, ponderou Santana.
Ela reconhece, no entanto, o potencial que um ministério pode ter nessa trajetória. “Ele tem a oportunidade de fazer a diferença, depender de que posição que ele vai ocupar. Eu acho que ele pode criar aí um capital político sendo ministro do governo Lula, e aí, claro, a depender de como ele conseguir utilizar essa posição para se projetar, ele pode vir com o capital político para disputa do Senado”.
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