Política

Diretora da CUT é alvo de intimidação em Maceió

Elida Miranda foi abordada de forma ameaçadora por um possível apoiador de Bolsonaro

Por Thayanne Magalhães - Tribuna Independente 24/01/2025 08h48
Diretora da CUT é alvo de intimidação em Maceió
Jornalista Elida Miranda esteve na Polícia Civil, recebeu apoio do desembargador Tutmés Airan e do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas - Foto: Ascom Semudh

A jornalista e dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Elida Miranda relatou à Polícia Civil de Alagoas (PC-AL), que foi alvo de uma intimidação enquanto dirigia em Maceió no último sábado (18). Segundo Elida, um homem em uma motocicleta a chamou pelo nome e a ameaçou ao notar um adesivo em seu carro que faz alusão ao Partido dos Trabalhadores (PT).

“Eu estava no trânsito, no bairro da Santa Lúcia, com os vidros baixos, e esse homem de motocicleta se aproximou, me chamou pelo nome, xingou e disse: ‘sua hora vai chegar, vai ter revanche’. Na hora, foi muito confuso, mas depois pensei que essa ‘revanche’ pode estar relacionada a Bolsonaro [ex-presidente], por conta do gesto que ele fez”, contou a jornalista em contato com a reportagem da Tribuna Independente.

Elida explicou que o motociclista posicionou o veículo à frente do seu carro, levantou o braço e fez o gesto de uma arma com a mão, um símbolo associado a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ele também fez barulho com a moto, simulando tiros. Fiquei assustada, não fotografei nem filmei, porque não sabia se ele estava armado ou se era apenas intimidação”, relatou.

MEDIDAS LEGAIS

A dirigente da CUT registrou um boletim de ocorrência na última quarta-feira (22) e busca acesso a imagens de câmeras de monitoramento para identificar o suspeito. “Solicitei à Secretaria de Segurança Pública o acesso às imagens do setor de câmeras de monitoramento e também entrei em contato com um residencial próximo, que pode ter registros do ocorrido. A ideia é identificar e responsabilizar essa pessoa”, afirmou.

A jornalista também receberá apoio do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). “A assessoria do desembargador Tutmés Airan entrou em contato comigo e marcamos uma reunião para sexta-feira [hoje], às 13h, no TJ”, informou. Além disso, a secretária de Estado da Mulher e Direitos Humanos, Maria Silva, manifestou solidariedade e se comprometeu a agendar uma reunião com o delegado-geral da Polícia Civil para tratar do caso.

Elida também destacou o apoio que tem recebido de amigos e colegas. “Recebi mensagens de solidariedade de diversas pessoas, companheiros de trabalho e de movimentos sociais. Isso é muito importante para mostrar que não estamos sozinhos nessa luta”, ressaltou.

Ontem (23), o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), também divulgou nota em solidariedade à Elida Miranda.
“O Sindjornal repudia a tentativa de intimidação e preza pela liberdade de expressão responsável, que garante a qualquer pessoa se posicionar politicamente, independente do seu viés ideológico. Elida Miranda é jornalista com mais de 15 anos de formação, e militante de diversas causas sociais, feminista e LGBTQIA+, e em toda sua história luta por uma sociedade mais justa e igualitária”, publicou a entidade.

Para Elida, o caso evidencia a necessidade de um ambiente político mais seguro e respeitoso. “O primeiro momento é de susto, é de medo. Mas acredito que devemos viver em uma sociedade onde as pessoas se respeitem, mesmo com diferentes opiniões. Espero que esses episódios deixem de acontecer, não apenas em Maceió, mas em todo o Brasil”, declarou.