Política

Cresce o número de prefeitas em Alagoas

Aumento é constatado após eleições municipais deste ano e, mesmo com aumento considerado pequeno, já supera média nacional

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 17/10/2024 08h01
Cresce o número de prefeitas em Alagoas
Com as eleições municipais, prefeitas irão comandar os destinos políticos, sociais e econômicos em vinte e quatro municípios alagoanos - Foto: Edilson Omena

O número de mulheres ocupando prefeituras em Alagoas cresceu nestas eleições. Em relação a 2020, onde foram eleitas 22 prefeitas, agora serão 24, representando 23,5% dos municípios alagoanos contra os 21,5% anteriores. Essa diferença de apenas 2% segue uma tendência nacional, que também teve um leve aumento na média.

A representatividade ainda é relativamente desproporcional, considerando que em Alagoas 53% do eleitorado é mulher, mas 76,5% dos eleitos foram homens. Mas Alagoas ainda está acima da média nacional, pois no Brasil inteiro as mulheres representam apenas 15,5% do total de prefeitos eleitos em 2024, mesmo ocupando 52% do eleitorado.

Dos municípios alagoanos que em 2020 escolheram mulheres para o comando, dez fizeram a troca esse ano e terão homens na prefeitura a partir de 2025. São as seguintes cidades: Batalha, Belém, Coqueiro Seco, Feliz Deserto, Ibateguara, Igreja Nova, Maravilha, Maribondo, Santana do Ipanema, Senador Rui Palmeira. Por outro lado, o inverso aconteceu em 12 municípios: Água Branca, Campo Alegre, Canapi, Carneiros, Dois Riachos, Jacaré dos Homens, Jacuípe, Joaquim Gomes, Mata Grande, Monteirópolis, Palmeira dos Índios e Pilar tinham prefeitos homens e agora serão geridos por mulheres.

A preocupação com a falta de representatividade na política é uma pauta do movimento feminista que aos poucos vem sendo incorporada no discurso de muitos partidos políticos. Pesquisas recentes mostram uma mudança gradual acontecendo no comportamento eleitoral das mulheres, que tem se tornado decisivas em processos eleitorais. Desde 2018, quando o discurso misógino de Bolsonaro se tornou alvo da esquerda e o deixou impopular entre esse público, ficou clara a necessidade de uma campanha que dialogasse com as mulheres. No entanto, isso não tem aumentado a presença das mulheres na mesma proporção.

Uma política pública conquistada pelo movimento são as cotas de gênero para candidaturas aos cargos legislativos. Presente na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), a norma exige que partidos assegurem o mínimo de 30% e o máximo de 70% de candidaturas de cada sexo. Mesmo isso não se aplicando a cargos do executivo, a presença de mulheres na política aumentaria, favorecendo esse crescimento de quadros que poderiam se tornar prefeitas, vereadoras e até presidentes.

Na prática, ainda há muita resistência dentro dos partidos, tanto de direita quanto de esquerda, em apostar nos quadros femininos para encabeçar a disputa eleitoral. Ainda é exceção a presença de mulheres nos cargos de comando nos próprios partidos. Entre os 29 partidos registrados atualmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas seis têm a presidência ocupada por mulheres. Assim, a maioria das candidaturas competitivas ainda é de homens, já que a média do imaginário da população ainda estabelece os homens como escolhas naturais.

Para além das fraudes nas cotas, que algumas vezes são responsáveis por cassar mandatos, o direcionamento do partido pode dificultar o crescimento de mulheres de outras formas, como a falta de investimento na campanha ou até mesmo a escolha de cumprir as cotas com candidatas com nomes ligados a homens já consolidados. Como a esposa, a filha ou até a irmã, o que de certa forma mantém a lógica de que o homem permanece no comando.