Política

Deputados debatem realocar Braskem do bairro

Segundo o deputado José Wanderley, a discussão parlamentar gira em torno da criação de uma força-tarefa

Por Tribuna Independente 03/07/2024 09h57 - Atualizado em 03/07/2024 10h36
Deputados debatem realocar Braskem do bairro
Localização da Braskem entre o mar e a lagoa “foi um estupro cometido contra Maceió”, diz José Wanderley - Foto: Ascom ALE

O deputado estadual José Wanderley Neto (MDB) revelou que está sendo discutida nos bastidores da Assembleia Legislativa (ALE) a criação de uma força-tarefa para realocação da planta industrial da Braskem, há décadas instalada no Pontal da Barra, possibilitando o reaproveitamento da região com empreendimentos econômicos que ajudem a melhorar a cidade e as condições de vida dos moradores do bairro.

Para ele, essa localização, entre o mar e a Lagoa Mundaú, ”foi um estupro cometido contra Maceió” e era contestada pela população na época da escolha. “Eu era estudante de medicina e fazíamos várias atividades contra a implantação no Pontal da Barra, mas prevaleceu o poder econômico e a promessa de que iria trazer um desenvolvimento muito grande para Alagoas, o que acabou nunca acontecendo”.

Ele lembrou que nessa época “achávamos que o perigo estava na planta industrial, pelo risco de ocorrer um vazamento e matar pessoas. Não imaginávamos que a empresa faria o que fez embaixo da cidade. Cavou minas mais do que necessário, uma próxima da outra e provocou esse dano geológico que causou tanto mal aos alagoanos”.

As manifestações do Dr. Wanderley ocorreram em entrevista aos jornalistas Luciano Amorim e Felipe Ferreira, na Rádio Antena 7. Na ocasião, ele voltou a criticar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Braskem, criada pelo Senado Federal. “O desfecho foi lamentável, deixou demais a desejar”, disse.

Sem CPI

No entanto, embora exista o movimento de parlamentares para criação de uma força-tarefa para que a sede da petroquímica mude de local, ele disse que “no momento” não está sendo cogitada a criação de uma CPI pelos deputados estaduais para fazer investigações, apontar responsabilidade e outras medidas que a comissão de senadores não foi capaz de implementar.

- No momento – disse – há uma comissão de negociação da Braskem com o Estado, embora não tenha havido até agora nenhum progresso. O que temos na prática é que Maceió foi indenizado e o Estado não. Estamos esperando que ocorra avanços nas negociações e, se houver necessidade, é possível, sim, criar uma CPI no âmbito do legislativo estadual.

Segundo ele, o comportamento da petroquímica tem alimentado revolta de parlamentares. O mais recente foi o que chamou de “intimidação” ao deputado Ronaldo Medeiros (PT) e lideranças do movimento das vítimas nos bairros afundados, por meio de ação judicial.

- Ele foi – disse - recentemente intimidado pela Braskem por ter participado de um protesto e foi alvo de reclamação na Justiça tendo sido chamado para assinar um acordo proibindo que ele e os manifestantes possam circular num entorno de 10 quilômetros de onde existir instalações da Braskem. Uma coisa completamente despropositada. Isso acendeu mais ainda a preocupação com a empresa que é autoritária, com muita força econômica, de querer calar as pessoas. Mas não vão calar.

Dr. Wanderley lamentou que a CPI do Senado tenha acabado em “pizza”. “A ausência do senador Renan Calheiros tirou toda a força da CPI; Sem o Renan, o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que foi contra a CPI todo tempo, se transformou no principal ator. Então foi uma coisa faz de conta. Na viagem a Maceió para ver os estragos da Braskem, sinalizaram também que iriam ver como estava sendo gasto o dinheiro da Braskem... Nada disso foi feito. Foi patético e trágico para os alagoanos. Alguns passaram menos de duas horas aqui... Vieram para dar uma satisfação. E o relatório não gerou absolutamente nenhuma consequência para ninguém”.

“Se esperava que o sem Rodrigo assumisse o papel de defender os alagoanos, mas fez um discurso muito débil, até falando da Braskem, mas do ponto de vista prático ele veio para sepultar o assunto, embora eu ache que não está ainda sepultado”, acrescentou.