Política
Artistas cobram de prefeito JHC cachês em atraso
Autorizado pelo gestor, Secretaria de Cultura realiza eventos, mas liberação de pagamentos demora e categoria protesta
A gestão do prefeito de Maceió, JHC (PL), autorizou um apoio de R$ 280 mil à festa junina da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL), mas o mesmo tratamento não é dispensado a diversos artistas do setor cultural da capital que estão cobrando os pagamentos de cachês atrasados. Nas redes sociais e até em protestos, os artistas locais também denunciam que a Prefeitura de Maceió desvaloriza e não incentiva que a cultura local tenha acesso a editais.
Um dos eventos que deixou artistas sem pagamento foi o Xangô Rezado Alto, que aconteceu em março deste ano e foi organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (Semce). Uma das atrações que se apresentou na ocasião foi o Coletivo AfroCaeté. A mestra do coletivo, Letícia Sant’Ana, relata o descaso da administração JHC, que não honra seus acordos, não constrói um vínculo saudável com o segmento e, principalmente, atrasa bastante os pagamentos.
“Esse descaso nos deixa desgastados porque nos sentimos muito desvalorizados pela Prefeitura, que não tem cumprido com seus acordos, que não tem tido um diálogo fácil, pois sempre que o cachê atrasa, nós vamos atrás de saber o que é que tem acontecido e a resposta demora muito. A gente que é artista também tem conta para pagar no dia. Não pode atrasar, então nós contamos com aquele cachê que vai cair em 30 dias e se planeja para isso, se planeja para receber aquele dinheiro, só que ultimamente não podemos mais contar com a Prefeitura de Maceió”, reclama.
“Simplesmente não sabemos quando é que esse dinheiro vai cair. A gente fica numa espera interminável e angustiante. Por uma previsão, por uma data, por um retorno, por uma mensagem”, continua Letícia.
Um ponto muito importante citado por Letícia é que um Projeto de Lei (PL) – aprovado em abril deste ano, na Câmara de Vereadores – determinou que os pagamentos dos artistas locais, em apresentações promovidas pelo município, devem ser realizados em até 30 dias. Porém, ainda assim, a Prefeitura de Maceió não cumpre o estabelecido.
“Eu, pessoalmente, como artista, prometi que não tocaria mais para a Prefeitura de Maceió sem contrato, na esperança de que, com o contrato em mãos, o prazo dos 30 dias úteis fosse cumprido, mas não está acontecendo. Só gerou uma bola de neve com contratos atrasados, com pagamentos atrasados, fazendo com que os novos pagamentos, os novos contratos feitos também não sejam cumpridos. E aí, a gente está tocando, está realizando o nosso trabalho com contrato assinado, mas com pagamento que está ultrapassando os 30 dias úteis”, afirma a musicista.
“Não há cuidado, zelo, respeito da Prefeitura com os trabalhadores da cultura de Maceió. Nós estamos completamente desgastados, cansados, nos sentindo desvalorizados. E essa é a situação atual de uma gestão que parece que não se importa muito com os trabalhadores da cultura da cidade”, concluiu.
A reportagem da Tribuna Independente não conseguiu um posicionamento da Prefeitura de Maceió em relação aos atrasos nos pagamentos dos artistas da capital que cumpriram com os contratos, mas até o momento, estão sem acesso aos recursos.
Repasse financeiro à festa da OAB foi realizado às pressas
Enquanto isso, a Prefeitura Municipal de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural, doou à OAB/AL a quantia de R$ 280 mil para a instituição classista realizar uma festa junina, com várias atrações musicais, no último final de semana, na capital alagoana.
A ajuda financeira à OAB de Alagoas gerou questionamentos e críticas de vários setores, nas mídias sociais. Os termos do patrocínio foram publicados no Diário Oficial do Estado, na edição da última sexta-feira (24/5), dia da festa, que aconteceu à noite, a partir das 20 horas, na sede da entidade, no bairro de Jacarecica.
A parceria para a realização do “São João da OAB 2024” foi firmada às pressas, com a prefeitura de Maceió, na gestão do prefeito JHC (PL). A festa estava marcada para o dia 24 de maio, um dia depois do contrato ter sido celebrado, através da Agência de Licitações, Contratos e Convênios de Maceió (ALICC).
De acordo com a publicação no Diário Oficial, o patrocínio foi firmado com a gestão do presidente Vagner Paes, com a assinatura de Ana Cristina de Azevedo Barreiros Silva, diretora técnica de gestão de contratos, convênios e atas.
O patrocínio causou indignação de algumas lideranças culturais por conta do objetivo particular da festa, já que a entidade cobra mensalidade da categoria e poderia ela própria bancar sua festa do São João antecipada. Por isso, a reação de várias entidades culturais e sociais veio à tona, principalmente nas mídias sociais.
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