Política

Presidente Lula não concorda com vaias a aliados e rivais

Quando discursou, Lula lembrou que é difícil entregar obras em ano eleitoral e que é preciso respeitar divergências políticas

Por Editoria de Política com Ricardo Rodrigues / Tribuna Independente 11/05/2024 08h05 - Atualizado em 11/05/2024 09h04
Presidente Lula não concorda com vaias a aliados e rivais
Quando esteve no púlpito, presidente da Câmara Arthur Lira reclamou das vaias e classificou a conduta como 'falta de respeito' - Foto: Sandro Lima

Em Maceió, o presidente Lula (PT), reuniu, na sexta-feira (10), durante a entrega de apartamentos no Parque da Lagoa, adversários políticos que estavam presentes no palanque da solenidade que ocorreu no Vergel do Lago. Diplomático, o petista condenou as vaias endereçadas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), ao prefeito JHC (PL), e ao governador Paulo Dantas (MDB), no momento em que eles tiveram a oportunidade de discurso. Tanto Lira, JHC e Dantas também foram aplaudidos. O evento contou com apoiadores de diversas correntes políticas.

“Não é fácil inaugurar obra em ano eleitoral. Tem sempre uma torcida contra e outra a favor. Ninguém gosta de convidar uma pessoa para visitar sua casa para essa pessoa ser vaiada”, reclamou o presidente, ponderando em seguida, dizendo que vaias e aplausos fazem parte da democracia.

Em um dos momentos do discurso de Lira, Lula precisou se levantar, se deslocou até o presidente da Câmara, e ficou por alguns minutos até as vaias cessarem.

Lira, por sua vez, chegou a reclamar das vaias. “O meu pai, que muitos aplaudem e muitos vaiam, mas eu duvido, eu duvido que um morador que vai ser atendido por essas casas esteja vaiando hoje. Isso é uma falta de respeito! Isso é uma falta de respeito”, disse o presidente da Câmara, aliado do prefeito JHC, que este ano é candidato à reeleição.

O presidente destacou, ainda, que no momento certo, irá viajar aos municípios para apoiar os candidatos, mas é preciso a aprender a respeitar quando um ato é institucional.

“Eu só tenho 70 deputados do meu lado e a Câmara Federal tem 513. Até agora não tivemos nenhum único projeto do governo derrotados. Todos foram aprovados. Fizemos algo que poucos cientistas políticos acreditavam que poderíamos fazer, uma política de reforma tributária com a coordenação do presidente Lira. Pudemos aprovar em 40 anos uma reforma tributária que fará com que os mais ricos paguem imposto de renda e os pobres não paguem. Até o final do meu governo, quem recebe até 5 mil reais não vai pagar importo de renda”, destacou Lula.

Clima de disputa eleitoral foi velado, mas houve apontamentos

O clima de acirramento eleitoral ficou velado entre os principais atores durante a passagem do presidente Lula (PT), em Maceió. Não houve críticas ou ataques inflamados entre as partes. Um dos exemplos foi o governador Paulo Dantas (MDB), que, em discurso, disse que o prefeito de Maceió, JHC (PL), pode contar com governo.

“Aos servidores da Prefeitura de Maceió e do Governo do Estado de Alagoas, eu digo que sou um homem público, pronto para receber aplausos e vaias. Democracia é isso, respeitar a opinião do outro, e eu respeito a opinião de todos vocês que estão aqui. Vamos construir 16 Creches CRIA em Maceió e solicitamos da prefeitura a doação desses terrenos. O que a prefeitura de Maceió precisar, o Governo de Alagoas está à disposição. Não se constrói nada com brigas”, garantiu.

Governador Paulo Dantas e o prefeito de Maceió, JHC, contemporizaram as críticas durante o evento (Foto: Sandro Lima)

O grupo político do governador Paulo Dantas tem como o pré-candidato à Prefeitura de Maceió o deputado federal Rafael Brito (MDB), que estava presente ao evento, no palanque, mas não teve direito à fala. O ministro dos Transportes, Renan Filho, que também é adversário político de Arthur Lira e JHC, estava na agenda do presidente, mas também não se pronunciou publicamente.

Já o prefeito JHC, em alguns momentos de seu discurso, apontou para o presidente Lula e demonstrou vontade de parcerias institucionais com o governo federal, no entanto evidenciou que a política não precisa de gestos “como o de apontar os dedos”.

“Presidente, quando nós chegamos aqui não tinha um bloco construído. Era uma fratura exposta da nossa cidade, mas que infelizmente não tiveram a competência de tirar essa obra do papel. Essas famílias precisaram deixar suas casas, acreditar no poder público, para em seguida receber sua casa, ter uma vida digna e ter cidadania. A política precisa de menos apontar dedos’ e mais ‘estender as mãos”, disse o gestor da capital alagoana.

JHC não direcionou críticas, mesmo que veladas, a Renan Filho e ao governador Paulo Dantas. Em alguns momentos da cerimônia, JHC e o ministro dos Transportes chegaram a trocar algumas palavras.