Política

Senadores integrantes da CPI da Braskem são aguardados pelo MUVB em aeroporto de Maceió

Por Ana Paula Omena l Valdirene Leão - Tribuna Hoje 08/05/2024 10h56 - Atualizado em 08/05/2024 16h13
Senadores integrantes da CPI da Braskem são aguardados pelo MUVB em aeroporto de Maceió
Chegada dos senadores marca um momento crucial na investigação sobre as atividades da Braskem - Foto: Sandro Lima


Os senadores integrantes da CPI da Braskem são aguardados na manhã desta quarta-feira (8), pelo MUVB (Movimento Unificado das Vítimas da Braskem) no aeroporto Zumbi dos Palmares em Maceió, e nos locais de moradia das comunidades afetadas, como Flexais, Quebradas, Marquês de Abrantes e Vila Saem. Com faixas e cartazes, o grupo expressa sua posição sobre as questões em discussão. 

Para os moradores, a chegada dos senadores marca um momento crucial na investigação sobre as atividades da Braskem, e o MUVB receberá os membros da CPI com a importância devida para discutir questões de interesse das vítimas afetadas pela Braskem.

Moradores dos Flexais aguardam integrantes da CPI da Braskem I Foto: Edilson Omena

Cássio Araújo, coordenador-geral do MUVB, diz que o intuito da recepção do grupo é inicialmente mostrar as expectativas e esperança com relação à vinda dos integrantes da CPI da Braskem e procurar exatamente direcioná-los particularmente nas áreas remanescentes, que são as áreas dos Flexais, da Marquês de Abrantes, das Quebradas e do Bom Parto, que são as áreas ainda habitadas e que segundo a Defesa Civil devem estar na borda, mas não estão na zona de risco.

Cássio Araújo, coordenador-geral do MUVB I Foto: Sandro Lima

“Ontem, um técnico da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) mostrou muito bem que isso é tudo conversa fiada. Disse e mostrou o mapa, ou seja, falou e desenhou, só não aceita quem não quer, porque como um fenômeno geológico, isso aqui não é como um traçado, uma folha de papel, onde você passa um risco a que está fora de risco e aqui está dentro da área de risco. Essa área é muito mais abrangente, existe uma área de indifinição e, de acordo aqui com os próprios princípios do direito ambiental, o princípio da precaução e da prevenção. Se você tem dúvida sobre a segurança de um determinado procedimento, então esse procedimento não deve ser adotado", explicou. 

"E não é isso que está acontecendo, onde as pessoas têm suas casas rachadas, e aí eles repetem um velho argumento, que inclusive foi demonstrado aqui na CPI, que no início a Braskem, os técnicos da Braskem diziam, não, é porque foi feito com material de segunda categoria, porque as pessoas aqui não dão manutenção nas suas casas, é o mesmo argumento que estão utilizando hoje. E além disso, as pessoas estão no ilhamento socioeconômico, onde todos os equipamentos, toda a infraestrutura urbana que antes existia, não existe mais. Não existe mais escola, posto de saúde, açougue, farmácia, padaria, que essas áreas eram ricas nesses equipamentos, nesses estabelecimentos, e hoje não tem mais”.

De acordo com Maurício Sarmento, coordenador-adjunto do MUVB, além da recepção no aeroporto, os moradores das comunidades mencionadas também aguardam a CPI em seus locais de moradia, com a esperança de que suas preocupações sejam ouvidas e resolvidas.

“A chegada dos senadores marca um momento crucial na investigação sobre as atividades da Braskem, e o MUVB receberá os membros da CPI com a importância devida para discutir questões de interesse das vítimas afetadas pela Braskem”.

“Sou morador do bairro de Bebedouro, há 45 anos, resido na região do Flexal, nasci e me criei ali naquela região, que está isolada social e economicamente e que não há o reconhecimento por parte das autoridades de que é devido a eles as indenizações. Para nós que moramos lá nos Flexais, foi oferecida uma indenização dando quitação à criminosa Braskem de passado, presente e futuro no valor de 25 mil reais. É ridículo essa indenização, é como se fosse uma cusparada na cara dessas pessoas que moram ali”, disse revoltado.

Maurício Sarmento, coordenador-adjunto do MUVB I Foto: Sandro Lima


“Nós vamos recepcionar os integrantes da CPI da Braskem e tentar levá-los à área habitada dos Flexais, como a Marquês de Abrantes, Vila Saem, do Bom Parto, onde tem gente. Porque na maioria das vezes, essas autoridades chegam aqui e a Defesa Civil de Maceió, o Ministério Público Federal, tentam limitá-los a uma certa área da região afetada, impedindo que eles vão ver de perto a situação que vivem as pessoas que moram lá nos Flexais, na Marquês de Abrantes, na Vila Saem, no Bom Parto e nas Quebradas. Queremos que eles pisem no chão, vejam água minando”, observou Sarmento.

Carina da Silva, é moradora da Marquês de Abrantes, e diz que a situação por lá é precária. “As casas estão rachadas, minando água e todos isolados”, frisou. Aparecida Rosário também moradora do local ressaltou que a reivindicação é legítima por direitos, realocação digna, indenização justa e per capita, “nós acreditamos no trabalho da CPI e é a nossa única e última esperança, aguardamos a vitória através destas pessoas que estão fazendo seu trabalho em prol das vítimas que estão clamando por socorro, não queremos dinheiro para enriquecer, só justiça por moradia digna, estamos nesta luta desde 2018, quando começaram os tremores em decorrência da mineração da Braskem”, completou.

Carina da Silva, moradora da Marquês de Abrantes I Foto: Sandro Lima

Aparecida Rosário, moradora do Flexal I Foto: Sandro Lima