Política

Geólogo Thales Sampaio: “houve exorbitância na exploração de sal-gema”

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 08/05/2024 08h48
Geólogo Thales Sampaio: “houve exorbitância na exploração de sal-gema”
Geólogo e ex-diretor do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Thales Sampaio foi ouvido ontem pelos integrantes da CPI da Braskem - Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

Os integrantes da CPI da Braskem ouviram ontem (7) o geólogo e ex-diretor do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Thales Sampaio, autor do laudo que responsabilizou a Braskem pelo afundamento do solo em Maceió. Em seu depoimento, ele confirmou que houve exorbitância na exploração do sal-gema por parte da mineradora e isto teria provocado essa tragédia, que retirou de suas casas mais de 60 mil pessoas, moradoras dos bairros que afundaram na capital alagoana.

Ouvido pela segunda vez, a primeira oitiva dele foi no começo de março, Thales Sampaio manteve a postura crítica com relação às atitudes da Braskem, principalmente com relação aos estudos encomendados pela mineradora e a falta de transparência da empresa. “A Braskem não quis colaborar com o Serviço Geológico do Brasil”, destacou.

Questionado sobre o trabalho de ‘Paulo Sucateiro’, o ex-diretor do SGB disse que tomou conhecimento dos métodos nada ortodoxo do engenheiro alagoano, mas minimizou o uso de sucata nas instalações das minas. Embora tenha dito que várias tubulações (compradas de segunda mão, em ferro velho) tenham empenado com a movimentação do solo nas cavidades.

Thales Sampaio também opinou sobre o plano de fechamento das minas, por parte da Braskem, dizendo que faltou monitoramento dos poços, por meio de equipamentos que garantissem a sua pressurização das cavidades, para saber o que estava acontecendo no subsolo da região explorada. “Isso por si só já é uma negligência muito grande”, enfatizou.
Para o ex-diretor do SGB, houve “lavra ambiciosa” na atuação da Braskem em Maceió. Tudo isso, com a conivência dos órgãos de fiscalização ambiental, que aceitaram os estudos apresentados pela mineradora e concederam as licenças ininterruptas para a continuidade de extração de sal-gema, no solo alagoano, por mais de 40 anos. “Houve negligência, imprudência e arrogância da empresa, na exploração de sal-gema, em Maceió”, concluiu.