Política

Pendências com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação afetam 66 prefeituras de AL

Gestões municipais correm risco de perder recursos que são complementos do Fundeb e precisam ser investidos na educação

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora / Tribuna Independente 01/05/2024 08h45 - Atualizado em 01/05/2024 10h03
Pendências com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação afetam 66 prefeituras de AL
Prefeitura de Maceió é uma das gestões com pendências junto ao Ministério da Educação e afirma que tenta resolver o problema - Foto: Secom Maceió

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) divulgou na última sexta-feira (26), uma lista de 1.580 municípios que possuem pendências que o deixam inabilitados para receber a complementação do Valor Aluno-Ano Total (VAAT) do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para o ano de 2025. Alagoas aparece na lista com 66 municípios nesta situação.

Mas de acordo com Milton Canuto, especialista em financiamento da educação, ninguém perdeu o prazo até agora.

“Não há ainda nenhum município que já está definitivamente fora de receber o VAAT de 2025. Vai depender. Essa lista com os que estão fora porque não apresentou, só em setembro de 2024 que se toma conhecimento de quais municípios não apresentaram as receitas tributárias. O prazo é 31 de agosto de cada ano. Portanto, para a receita do VAAT de 2025, o cálculo do custo aluno é feito para o município que apresentar até 31 de agosto de 2024”, diz.

Ao avaliar a situação em contato com a Tribuna Independente, Canuto ressalta que, mesmo apresentando todos os dados, muitos municípios não têm direito a receber esse fundo. Isso porque desde uma mudança na legislação aprovada em 2020, a forma de cálculo mudou, e é como se existissem 3 Fundos diferentes, com critérios diferentes. Nesse caso, do VAAT, só tem direito a receber quem não alcança uma média nacional, por isso se chama complementação.

“O VAAT é calculado com base nas informações tributárias de cada município e a sua matrícula. Quais são os elementos que é feito esse cálculo? Primeiro que o cálculo é feito com base na receita de dois anos anteriores, ou seja, dois anos atrás. Para 2025 a receita tributária a ser usada é a receita de 2023 e os alunos de 2024, ou seja, é feita essa conta. E que receita é essa? A receita é toda que o município recebe com relação à educação, ou seja, os 25% [da arrecadação própria], o Fundeb e mais os programas especiais: livro didático, dinheiro direto na escola, merenda escolar, transporte escolar e o salário educação. Junta esse bolo com relação a todos esses recursos e verifica-se qual é o custo aluno do município. Se o município, ou Estado, tiver o custo aluno menor do que o custo aluno nacional do VAAT, aí ele recebe a complementação”.

A capital Maceió, por exemplo, que chama atenção por figurar na lista de pendências, mesmo que perca o prazo não deve perder recursos. “Mesmo apresentando isso, o município pode não receber. Por exemplo, Maceió. Por que Maceió não recebe? Porque o custo aluno individual de Maceió é superior ao custo aluno nacional. E vai continuar sendo. O custo aluno nacional é R$ 8.200 e pouco. Maceió já tem um custo aluno de quase R$ 11.000 reais. Então, Maceió só entrará nessa quando o seu custo aluno for menor do que o nacional”, complementa.

À Tribuna, a assessoria da Secretaria Municipal de Educação (Semed), informou que devido a problemas de transmissão apresentados no próprio sistema do SIOPE, os dados referentes ao ano de 2023 ainda não foram transmitidos. “A Semed providenciou um chamado junto ao FNDE solicitando a solução desses problemas para então realizar a transmissão”, finalizou.