Política

Jornalista lança livro na segunda-feira (22) e combate o sionismo

Breno Altman está percorrendo cidades com lançamento de sua obra “Contra o sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora / Tribuna Independente 20/04/2024 09h05 - Atualizado em 21/04/2024 11h12
Jornalista lança livro na segunda-feira (22) e combate o sionismo
Breno Altman destaca que uma grande parcela do bolsonarismo no Brasil tem apoiado o sionismo - Foto: Assessoria

O jornalista Breno Altman está em Maceió para lançar, nesta segunda-feira (22), às 18h, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o seu livro “Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”. Colunista que fala sobre política internacional em grandes portais de renome nacional, Altman se define como um judeu que combate o sionismo. À Tribuna Independente, ele falou sobre a diferença entre religião e doutrina, defende o estado palestino e diz que ser judeu é muito diferente de ser sionista, uma corrente política que tem ganhado força na extrema direita mundial.

Altman baseia seu livro na preocupação de oferecer as pessoas uma visão básica sobre a origem histórica do conflito na Palestina. “Especialmente para identificar que a origem do conflito não é religião, mas é uma determinada doutrina e a conversão dessa doutrina em estado a doutrina a qual me refiro é o sionismo. A ideia de que é o surgimento do movimento sionista, seu pensamento, o pensamento sionista e depois da sua encarnação no Estado de Israel. Esta é a fonte do conflito na Palestina”.

Para o autor, a obra é simples, mas não é acadêmica, no entanto com uma crítica bem direcionada ao sionismo. “É um livro que busca estabelecer essa origem histórica do conflito e, claro, buscar familiarizar as pessoas com aqueles conceitos mais importantes para poder entender esse enfrentamento no Oriente Médio entre o Estado de Israel e o povo palestino. É um livro simples, não é um livro acadêmico é um livro didático voltado para as pessoas que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre é esse assunto. E é um livro posicionado, ele tem um ponto de vista. O ponto de vista de quem é um crítico do sionismo e apresenta os argumentos. E porque se deve ser crítico ao sionismo”.

Destacando a diferença entre os sionismo e semitismo, o jornalista reforça a crítica ao primeiro. “Nós precisamos sempre distinguir separar antissionismo de antissemitismo. O livro tem esse propósito, desmontar essa grande confusão estabelecida interessada mesmo, porque antissionismo é ser contra essa corrente ideológica. E ser antissemita é ser contra os judeus. Então o livro atende a esse propósito. O sionismo está para os judeus como o nazismo esteve para os alemães ou fascismo para os italianos. Isso é, ser contra o fascismo não era ser contra os italianos, ser contra o nazismo não era ser contra os alemães, e ser contra o sionismo não é ser contra os judeus. Essa separação é um livro busca fazer de uma maneira bem nítida porque é uma das grandes confusões plantadas”.

Breno explica que, apesar de não ser a mesma coisa, há uma presença forte do sionismo na comunidade judaica, e que a extrema direita também tem se apropriado. Isso explica o fenômeno dentro do bolsonarismo.

“É uma corrente ideológica que, nessa etapa histórica, é majoritária nas comunidades judaicas do mundo e também aqui no Brasil. A maioria dos judeus é formada por gente que em alguma medida se alinha ao pensamento. Fora das comunidades judaicas, nós temos uma outra situação, em que setores da extrema direita, do bolsonarismo mais vinculado ao fundamentalismo neopentecostal apoiam o sionismo é tanto por razões políticas quanto por razões religiosas. Então, você tem uma certa repercussão junto a essa extrema-direita, não só no Brasil, mas Argentina e outros países, uma aliança entre o Estado de Israel, entre o sionismo e a extrema direita. Aqui no Brasil também acontece isso, a bandeira de Israel, a bandeira do cristianismo, passou a ser uma representação muito frequente nas manifestações da extrema direita”.

Altman considera opinião de Lula correta e faz boa avaliação do governo

De olho no conflito que está acontecendo em Israel, o jornalista Breno Altman observa que o Brasil tem se posicionado bem, a exemplo da declaração feita por Lula que teve repercussão mundial.

“Eu achei que foi extremamente correta e oportuna tanto quanto o presidente Lula reitera a denúncia de genocídio contra o povo palestino, quanto pela comparação indireta que ele fez entre o governo Netanyahu e o regime nazista porque ele tocou o dedo na contradição mais brutal do Estado de Israel. Como é que pode um regime político que na sua pia batismal, o Holocausto a morte 6 milhões de judeus. Como pode um regime que teve essa pia batismal recorrer contra um outro povo a métodos tão semelhantes àqueles que os nazistas empregaram contra os judeus. Essa é a contradição mais brutal do Estado de Israel, e creio que o presidente Lula foi muito feliz em fazer essa comparação, e essa comparação teve uma repercussão mundial positiva, porque a partir dali, não só por causa disso, mas também por causa disso outras nações ergueram o sarrafo, digamos assim, ergueram a voz e exerceram mais pressão contra o Estado de Israel contra o governo”, argumenta.

Em fevereiro deste ano, o presidente da República comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. “Eu quero dizer para vocês que eu não troco a minha dignidade pela falsidade. E quero dizer para vocês que eu sou favorável à criação do Estado palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado palestino, viver em harmonia com Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças”, disse Lula.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO

Ainda sobre o governo Lula, Breno Altman vê com bons olhos o trabalho realizado até agora.

“Eu acho que o governo Lula conseguiu, no primeiro ano de mandato, em que pese as enormes dificuldades que enfrentou, conseguiu reconstruir políticas públicas importantes e conseguiu reorganizar as instituições de uma maneira bastante avançada. Acho que os resultados são razoáveis. A economia no ano passado cresceu 2,4% houve uma recuperação salarial, ainda que moderada, queda na taxa de emprego, são sinais que ele consegue tirar o Brasil daquela situação mais dramática que vivia. Agora é um governo que vive muitos impasses, porque não tem maioria no Congresso Nacional”, avalia o jornalista.

No entanto, ele menciona uma preocupação com os problemas que têm surgido.

“Tem uma situação econômica ainda muito dura, o país continua se desindustrializando, vive uma situação internacional de grande tensão, mas eu tenho uma avaliação positiva desses primeiros 18 meses de governo. Uma avaliação positiva, mas há muitos problemas pela frente, se o governo não conseguir enfrentar os grandes gargalos econômicos e sociais vai continuar perdendo popularidade”, finaliza o jornalista.