Política

Partidos em Maceió não avançam na escolha do vice

Legendas aguardam período das convenções para não 'queimar a largada' das eleições

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 13/04/2024 08h00 - Atualizado em 13/04/2024 10h28
Partidos em Maceió não avançam na escolha do vice
Favorito à reeleição, JHC pode ter indicados para compor como vice nomes do PP, Podemos ou do próprio PL; Rafael Brito prefere não tratar, ainda, sobre o vice - Foto: Edilson Omena e Sandro Lima

A pouco mais de cinco meses para as eleições municipais, algumas pré-candidaturas a Prefeito de Maceió já se definiram. Além da busca de reeleição de JHC, outras legendas já anunciaram nomes de quadros que vão disputar. Nenhum deles, no entanto, assume publicamente quem será o seu vice. O prazo de desincompatibilização (afastamento de cargos públicos) para concorrer como vice é um pouco mais folgado. Diferentemente das candidaturas a vereador, que precisaram se afastar seis meses antes das eleições, no dia 5 de abril, os candidatos a vice podem ficar até o dia 5 de junho, quatro meses antes do pleito.

Com JHC favorito, neste momento, à reeleição, Partido Liberal (PL) não tem pressa nenhuma nesse campo.

“A avaliação do prefeito JHC é que esse é um tema a ser tratado no prazo eleitoral. Existem siglas parceiras que querem contribuir com o projeto do PL, e do prefeito JHC, para dar continuidade à transformação de Maceió, mas há, ainda, a possibilidade de que algum quadro do partido possa fazer essa composição. Essa decisão passou por uma reflexão do próprio prefeito JHC, que, por mérito próprio e da sua gestão, tornou essa possibilidade uma realidade”, analisa o presidente municipal do PL, Ivan Carvalho, que é secretário de Governo na gestão do prefeito em Maceió, em contato com a reportagem da Tribuna Independente.

Há uma longa conversa nos bastidores que, caso seja reeleito, JHC tem planos de concorrer ao Governo de Alagoas em 2026. Com isso, a definição do vice se torna ainda mais interessante, porque são grandes as chances de que o escolhido seja efetivamente o prefeito por dois anos, a metade do mandato.

Ainda nos bastidores, as tratativas continuam acontecendo e circulam alguns nomes. Dentro do PL, o presidente da Câmara de Vereadores, Galba Netto, que se desfiliou do MDB, é visto como uma possibilidade real. Mas, os partidos aliados também têm aparecido nas especulações e articulações. Do PP, por exemplo, Davi Davino Filho (secretário de Relações Federativas) e Jó Pereira (secretária Municipal de Educação) são mencionados com frequência. Já o Podemos, aliado de primeira hora do PL, que em Alagoas tem o senador Rodrigo Cunha como presidente, parece se distanciar dessa disputa na indicação do vice. Segundo Edlúcio Donato, presidente do diretório municipal do partido, o foco é outro.

“Maceió não está conversando sobre isso. A possibilidade existe para todo mundo, mas hoje o nosso foco é fazer três cadeiras na Câmara, fortalecer a bancada do prefeito e fortalecer no interior. Temos muitas chapas de prefeito no interior. Nosso compromisso com a nacional é fortalecer o partido aqui”, resume Edlúcio.

AGUARDAR DEFINIÇÕES

O MDB decidiu pelo nome do deputado federal Rafael Brito à Prefeitura de Maceió. O parlamentar tem se movimentado há meses com críticas diretas ao prefeito JHC, mas até agora também não definiu quem vai compor sua chapa.

Segundo a assessoria, “não foi definido nada ainda e por isso ela acha melhor não se pronunciar no momento”. Nas últimas semanas, muito se foi falado que o “vice ideal” para a candidatura do MDB seria uma indicação do Partido dos Trabalhadores (PT), sobretudo para que a candidatura do partido que é presidido pelo senador Renan Calheiros, conseguisse viabilizar a vinda do presidente Lula para Maceió. No entanto, essa história não é confirmada por nenhum dos dois lados.

No contexto político do MDB, já que a possibilidade de o PT indicar o vice não existe, os possíveis nomes nessa montagem podem vir do PSB, legenda que em Alagoas é presidida por Paula Dantas, filha do governador Paulo Dantas (MDB), ou até mesmo do PDT, que tem como principal expoente o vice-governador Ronaldo Lessa.

A Tribuna Independente apurou com fontes do PDT, por exemplo, que o diálogo sobre o vice na chapa do MDB não foi iniciado, já que a prioridade neste momento é fortalecer a candidatura dos vereadores em Maceió.

Quanto ao PSB, nos bastidores, se trata como uma possibilidade real de indicar o vice na candidatura do deputado federal Rafael Brito, mas essa conversa, ao que parece, não aconteceu. A legenda já trabalhou para lançar uma chapa forte para tentar eleger quatro vereadores em Maceió, numa articulação acompanhada por Paula Dantas, e estratégia do ex-deputado estadual Davi Maia.

PT descarta compor com o MDB neste primeiro cenário

Pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), à Prefeitura de Maceió, Ricardo Barbosa reforça que a legenda está confirmada na disputa, e que não houve tratativas entre a sigla e o MDB em uma composição com o PT indicando o vice.

“Não houve sondagem. Acho até injusta essa especulação, seja no âmbito de Maceió, de Alagoas, ou nacional. Não houve nenhuma sondagem, não fui procurado nem como candidato nem como presidente estadual do partido. Nem pelos Calheiros [Renan, senador; Renan Filho, ministro dos Transportes], nem pelo deputado Rafael Brito. A negociação nunca existiu entre PT e MDB, e isso é especulação. A bem da verdade, nunca houve um fato que pudesse considerar tratativa do PT com o MDB, mesmo quando o candidato era o Ronaldo Medeiros [deputado estadual]”, reforça Barbosa, em contato com a Tribuna Independente.

Questionado sobre a composição para o vice na chapa petista, Ricardo Barbosa ressalta que o nome sairá da aliança que o partido tem com outras legendas.

Ricardo Barbosa reforça que não houve conversas com o MDB (Foto: Edilson Omena)

“Chapa puro sangue [PT/PT], mesmo que a gente quisesse, puro sangue não tinha como, porque a gente hoje faz parte da Federação [PT, PV e PCdoB]. A discussão de vice existe desde o momento da candidatura, mas envolve um diálogo maior, formação das alianças, tempo. Hoje somos [tecnicamente] dois partidos, a Federação Brasil da Esperança e a Federação Psol/Rede. Nosso vice partirá dessas alianças, desses partidos, com certeza pertencerá a um dos cinco. Estamos trabalhando nesse sentido”, diz Barbosa.

Por fim, Ricardo Barbosa reforça que a candidatura do PT à Prefeitura de Maceió terá continuidade, e lembra de outros cenários de disputa na capital em que a legenda manteve os nomes.

“Desde a homologação da candidatura pelo diretório de forma unânime e consenso foi confirmada. A minha candidatura foi homologada tanto pelo PCdoB quanto pelo PV. E pela primeira vez em muito tempo, cinco partidos se reuniram em torno dessa candidatura. Confirmamos aliança com Psol e Rede. Em 2020 fui candidato, em 2016 o Paulão foi candidato, e não se logrou êxito em unificar a esquerda. Agora vamos unificar 5 partidos. Em 2020 esse campo saiu com candidaturas próprias, Psol com Valéria, PCdoB com Cícero Filho. Estamos juntos agora, isso é bastante importante”, avalia Barbosa.

Solidariedade avalia pesquisas e defende fortalecer oposição

Outro partido que também terá candidatura própria à Prefeitura de Maceió é o Solidariedade (SD). Segundo Adeilson Bezerra, presidente do partido em Alagoas, é uma determinação nacional do partido que todas as capitais tenham candidatura própria.

“O candidato vai ser nosso querido Lobão [ex-vereador por Maceió e ex-deputado estadual], que é um quadro muito bom e que representa a periferia e foi aprovado como pré-candidato”.

Mas, Adeilson Bezerra faz importante ressalva. “Nós estamos fazendo pesquisas, a última vai ser em maio. Em Maceió, na pesquisa, atualmente a gente está mantendo uma média de 6%. A gente quer chegar a dois dígitos até maio, porque senão fica inviável a candidatura. A gente não discutiu ainda se vai trocar, mas isso tudo é possível”, diz.

O presidente do Solidariedade explica que o objetivo do partido é fortalecer a frente de oposição para tirar o favoritismo do prefeito JHC (PL). “A gente tem uma percepção de que quanto mais candidatos de oposição tiver, é melhor, porque a gente tem mais chance de vencer o JHC no segundo turno”.

VANTAGENS DO VICE

Para Adeilson Bezerra, o vice ideal na candidatura de Lobão, precisa apresentar vantagens, a exemplo da troca de tempo de televisão na propaganda eleitoral obrigatória.

“Hoje, o Solidariedade tem 20 segundos de tempo de TV, e o objetivo é conseguir alcançar, chegar a um minuto de TV. Então, na busca por mais tempo de televisão, por um programa que dê mais veículos. É o que a gente está fazendo agora, falando com outros partidos. A gente está com a chapa de vereador muito competitiva, e se for uma composição com outro partido para aumentar o tempo de TV, então a gente vai deixar que o outro escolha o vice”, argumenta.

Caso a negociação pelo tempo de TV não avance, ele afirma que tem bons nomes dentro do partido.

Enquanto o debate sobre as possibilidades de vice para o Solidariedade, o pré-candidato Lobão tem percorrido os bairros de Maceió, e apontando em suas redes sociais, os problemas, que segundo ele, são ocasionados pela ausência do prefeito JHC, principalmente na periferia.