Política

CPI da Braskem visita bairros afetados em Maceió

Vinda da Comissão é muito importante para luta das vítimas por Justiça, diz senador Rodrigo Cunha

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / com Agência Senado 12/04/2024 07h54 - Atualizado em 12/04/2024 08h01
CPI da Braskem visita bairros afetados em Maceió
Moradias sendo demolidas no bairro do Pinheiro, a primeira localidade a sofrer colapso do afundamento causado pela mineração da Braskem - Foto: Edilson Omena

A CPI da Braskem vista Maceió na próxima quarta-feira (17/4). A data foi confirmada ontem pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos). Segundo ele, a vinda da CPI da Braskem a Maceió já conta com as presenças confirmadas dos senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Rogério Carvalho (PT-SE), presidente e relator da Comissão, respectivamente.

“Os membros da CPI realizarão seus trabalhos na capital alagoana na tarde de quarta-feira (17), com visita aos bairros afetados pelo afundamento do solo e reunião ampliada com Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado, Defensoria Pública da União e representantes dos moradores”, afirmou o senador alagoano.
O requerimento para a vinda da CPI a Maceió foi apresentado por Cunha, que será o anfitrião da Comissão na capital alagoana. Os integrantes da Comissão desembarcam em Maceió pela manhã e à tarde dão início aos trabalhos de apuração in loco do crime ambiental cometido pela mineradora.

Integrante da CPI, o senador Rodrigo Cunha foi o articulador da vinda da Comissão a Maceió e da montagem da agenda dos senadores na cidade. Questionado se a Comissão iria fazer reuniões com o governador Paulo Dantas (MDB) e com o prefeito JHC (PL), o senador afirmou, por meio da sua assessoria, que “a priori, não”.

LUTA POR JUSTIÇA

Para Cunha, a prioridade será mostrar os estragos que a mineração provocou nos bairros afetados, levando os senadores para visitar as áreas de risco, na região do Pinheiro, de Bebedouro e dos Flexais. Além disso, a CPI também quer ouvir a comunidade, para só depois se reunir com as autoridades e os representantes das vítimas.

“Esta vinda é muito importante em nossa luta por justiça. Tanto que vamos nos reunir com autoridades, mas, principalmente, queremos e vamos ouvir a voz das milhares de vítimas deste crime ambiental causado pela ganância da Braskem”, afirmou o senador alagoano.

“Por isso, em nossa agenda, a presença de representantes dos moradores é vital. Tanto que na reunião ampliada que faremos, as famílias terão oportunidade de, mais uma vez, relatarem suas lutas em prol de reparação justa por parte da mineradora”, acrescentou Rodrigo Cunha.

Segundo ele, os membros da CPI realizarão seus trabalhos na capital alagoana na tarde de quarta-feira (17), com visita aos bairros afetados pelo afundamento do solo e reunião ampliada com Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado, Defensoria Pública da União e representantes dos moradores.

“Desde 2019 lutamos para que este crime não fique impune. Em depoimento nesta terça, na CPI, o vice-presidente da Braskem, pela primeira vez, assumiu a culpa da empresa por este crime ambiental imenso, que tanto prejuízo e sofrimento trouxe e continua trazendo para nossa gente e para nossa cidade”, enfatizou o senador.

“Em Maceió, os membros desta Comissão Parlamentar de Inquérito vão conferir de perto a dimensão grotesca e enorme desta tragédia. Com certeza, a CPI ganhará ainda mais impulso após esta vinda à capital alagoana”, completou Cunha.

Nos Flexais, população vive em isolamento social sem realocação e indenização por parte da petroquímica (Foto: Edilson Omena)

Moradores dos Flexais: vinda pode ajudar nas reivindicações das vítimas

Para os moradores dos Flexais, a visita da CPI pode ajudar das reivindicações das vítimas da mineração que ficaram de vota do mapa de risco e até agora não tiveram os prejuízos reconhecidos.

“A gente espera que essa Comissão entenda a nossa situação de isolamento social e nos ajude com a realocação das nossas famílias para um local seguro e uma indenização justa”, afirmou Valdemir Alves, morador do Flexal de Cima, em Bebedouro.

Segundo ele, se a Braskem contratou institutos renomados que indicaram como solução a realocação das pessoas dos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Farol e parte de Bebedouro, “por que não aceita os estudos feitos apresentados pela Universidade, mostrando que os moradores dos Flexais também precisam ser realocados?”.

“No depoimento à CPI, essa semana, o vice-presidente da Braskem disse que a prioridade da empresa sempre foi a segurança das pessoas. Então, por que não retira a gente daqui, dessa área de risco?”, questionou outro morador dos Flexais, conhecido por Sassá.

A Braskem, por meio da sua assessoria de comunicação, tem dito que a empresa segue as recomendações da Defesa Civil Municipal, que deixou a região dos Flexais e parte do bairro de Bebedouro fora da área de risco, portanto sem direito a realocação e a indenização.

Segundo dados da mineradora, de dezembro de 2019 a dezembro de 2022, foram realocados aproximadamente 40 mil moradores da região mapeada pela Defesa Civil de Maceió. Essas pessoas residiam ou trabalhavam nos cerca de 15 mil imóveis desocupados em 2020.

A empresa realizou, de acordo com vice-presidente Marcelo Arantes, mais de 19 mil propostas de compensação, além de acordos com autoridades municipais, estaduais e federais.
“Atualmente, 99,8% das pessoas já receberam a proposta e 95% já receberam a indenização; R$ 15,5 bilhões foram provisionados pela empresa, R$ 9,5 bilhões já foram desembolsados, sendo R$ 4,5 bilhões pagos em indenizações a moradores e comerciantes”, destacou, em depoimento à CPI.

O depoimento de Marcelo Arantes foi sugerido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). O objetivo da oitiva era esclarecer a atuação papel da Braskem no caso do afundamento do solo em bairros de Maceió. Durante a oitiva, o diretor admitiu, pela primeira vez, que a Braskem é responsável pela tragédia do afundamento do solo em Maceió.