Política

Vice acusa prefeita da Barra de Santo Antônio de fraudar licitação

Lívia Carla teria superfaturado a obra de reforma de um ginásio de esportes, inaugurado na última quinta-feira, conforme denúncia feita pelo vice-prefeito Cleber Malta

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 03/02/2024 08h15 - Atualizado em 03/02/2024 16h44
Vice acusa prefeita da Barra de Santo Antônio de fraudar licitação
Vice-prefeito do município, Cleber Malta relata toda a articulação da prefeita que, segundo ele, visou superfaturar obras da reforma do ginásio - Foto: Edilson Omena

O vice-prefeito da Barra de Santo Antônio, Cleber Malta (União Brasil) disse que perdeu totalmente a confiança na prefeita do município, Lívia Carla Alves (Republicanos). “Logo depois da posse, quando começaram os trabalhos da atual gestão, fomos percebendo que a prefeita tinha se distanciando do caminho certo e da legalidade, por isso nos afastamos dela e hoje estamos na oposição”, afirmou Cleber Malta, citando uma série de irregularidades administrativas praticadas pela chefia do município e sua equipe.

Entre as irregularidades que teriam sido promovidas pela prefeita, o vice-prefeito destacou o superfaturamento da reforma do ‘Ginásio de Esportes Rogério Farias’, inaugurado na última quinta-feira (1). “Essa obra já foi entregue pela prefeita à sua equipe, em 2022, com a recomendação para que fosse superfaturada, na compra do material e da mão de obra, com o objetivo de sobrar certa quantia em dinheiro, para ela e o marido dela”, relatou o vice-prefeito.

Cleber Malta disse ainda que a obra foi entregue ao tenente-coronel Herbert, da Polícia Militar de Alagoas, “que se prontificou a aceitar a manobra representando a construtora Carvalho e Santana Ltda”. Segundo o vice-prefeito, as tratativas para a reforma foram iniciadas em fevereiro de 2022. Ele inclusive participou de uma reunião, num café do Parque Shopping, entre a prefeita, o coronel Herbert e Adelmo Cavalcante, que indicou o construtor para fazer a reforma do ginásio, cujo valor ficou em torno de R$ 700 mil.

“Nessa reunião ficou acertado que a construtora do coronel Herbert faria a reforma do ginásio, sem que houvesse o processo de licitação, ou seja, a escolha já estava feita e que a construtora do coronel seria a responsável pela obra, em contrapartida ele deveria fazer dois orçamentos um cheio no valor de R$ 700 mil e outro num valor menor, valor esse que seria possível a construtora fazer a obra cobrindo todos seus gastos e obtendo seu lucro”, denunciou Cleber Malta.

OBRA DE R$ 700 MIL

Dias depois, segundo ele, em outra reunião no mesmo lugar, o coronel Herbert apresentou as propostas a própria prefeita. “Foi apresentando um orçamento de R$ 700 mil e outro no valor de R$ 580 mil; ficando certo que a sobra, de R$ 120 mil, seria dividida entre o Adelmo e a prefeita, só que a prefeita pediu para que a parte dela fosse dada a seu irmão”, acrescentou o vice-prefeito. Segundo ele, essa denúncia, a exemplo de outras, já é do conhecimento do Ministério Público e da Polícia Federal.

“Nessa reunião, apesar dos alertas que eu dei, a prefeita bateu o martelo e disse para todos alí presentes que o coronel faria a reforma do ginásio, pois quem mandava na prefeitura era ela”, relatou Cleber Malta. “Naquele momento, a prefeita foi alertada pelo coronel Herbert que diante do tamanho da obra precisaria de licitação, mas ela a prefeita insistiu e disse que na comissão de licitação quem mandava era ela, que iria falar com o Jordi, presidente da comissão, para que fizesse do jeito dela”, acrescentou.

“Dias depois, a prefeita mandou que o coronel procurasse o Jordi, presidente da comissão de licitação. Assim foi feito, o coronel foi conversar com Jordi no escritório dele na cidade de Colônia de Leopoldina. Nessa reunião, Jordi achou estranho o fato do coronel ter sido o escolhido para fazer a reforma, uma vez que a obra havia sido dada a outra pessoa, e perguntou se o Tonho Veríssimo estava sabendo disse e se tinha aceitado esse esquema”, completou.

O vice-prefeito relata ainda “que, após essa conversa com Jordi, isso se deu no mês de agosto de 2022, foi feita uma nova reunião, dessa vez no restaurante Fazenda Fiore, em Paripueira, onde se acharam presentes Adelmo, a prefeita e o coronel. Foi quando o coronel relatou o ocorrido deixando a prefeita irritada com a pessoa de Jordi, que ligou de imediato para o presidente da comissão e disse que a reforma era do coronel, pedido ao funcionário que providenciasse tudo para isso acontecesse”.

“E assim foi feito”, afirmou Cleber Malta, relatando que, obedecendo à prefeita, Jordi fez uma simulação de licitação para que a construtora do coronel fosse a vencedora. No entanto, para chegar a isso , “houve muitos aborrecimentos por parte do coronel e demais envolvidos, isso porque o Tonho Verissimo, que é o marido da prefeita, insistia em não aceitar que o coronel fosse a pessoa responsável pela reforma. A prefeita chegou até a se separar maritalmente do Tonho, mas que a obra seria do coronel”.

LICITAÇÃO FRAUDADA

De acordo com o vice-prefeito da Barra de Santo Antônio, a licitação da obra de reforma do Ginásio de Esportes Rogério Farias foi feita de fachada. “Fizeram com que tudo corresse dentro da legalidade, mas a licitação não passou de uma fraude, um jogo de cartas marcadas. Tudo foi feito para o coronel Herbert ganhar a licitação, até porque a prefeita tinha prometido, nas reuniões feitas, que a obra seria do coronel e que quem mandava na prefeitura era ela e não o Tonho, seu ex-marido”.

Apesar das irregularidades, a ordem de serviço para o início da reforma foi assinada. Depois disso, a prefeita determinou que fosse feita uma placa para colocar na frente da obra do ginásio, com as cores da sua preferência: verde e amarelo. Na placa, a obra deveria ser concluída no mês de dezembro de 2022, mas a reforma foi se arrastando, parando e seguindo, por conta nos atrasos dos repasses dos recursos à construtora do coronel da PM.

“Iniciada a obra, a prefeita resolveu, de livre e espontânea vontade, modificar o contrato de prestação de serviço, alterando a data para conclusão da obra que passou de dezembro de 2022 para agosto de 2023, data da emancipação política do município. Além do mais disse ao coronel que só podia dispor de R$ 80 mil por mês e que ele adequasse o serviço a essa realidade”, relatou o vice-prefeito, acrescentando que “mais uma vez foi adiada a conclusão da obra, porque a prefeita não repassou os valores prometidos e a construtora foi obrigada a paralisar os serviços”.

INAUGURAÇÃO DA OBRA

De acordo com o vice-prefeito, a reforma do ginásio de esportes só saiu depois de muitas idas e vinda. “Para se ter uma ideia das irregularidades, o ginásio foi inaugurado, no dia 2 de fevereiro, mesmo com a prefeitura devendo parcelas do pagamento da obra a construtora. Mesmo assim, a prefeita obrigou o coronel a dizer no momento da inauguração, sob pena de não receber o restante que faltava, que ela não estava devendo nada a construtora, fato que não é verdade. A prefeita Lívia é mentirosa”, concluiu.

A reportagem da Tribuna tentou ouvir a prefeita Lívia Carla, para que ela se defendesse das acusações feitas pelo vice-prefeito da Barra de Santo Antônio, mas não conseguimos contato com ela. Ligamos também para sua assessoria de comunicação e deixamos uma mensagem para o seu assessor de imprensa, mas até o fechamento desta reportagem, no início da noite de sexta-feira (2/1), mas não tivemos resposta. No entanto, o espaço continua franqueado para a defesa da prefeita e suas explicações.