O governo federal está em vias de avaliação para dividir a Companhia de Docas do Rio Grande do Norte (Codern) e criar uma estatal para auxiliar na administração dos portos de Alagoas. A medida, ainda em estudo, é vista como uma oportunidade para os políticos do Nordeste, que disputam a chefia do novo órgão. Com um orçamento previsto em R$ 30 milhões para este ano, a nova estatal pode ampliar os investimentos para Alagoas.

Com a informação já circulando em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e senador Renan Calheiros (MDB), já protagonizam uma nova disputa pelo comando da futura estatal em Alagoas. No entanto, um terceiro partido também tem interesse em indicar a chefia da Companhia das Docas no estado. Trata-se do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem como representante o deputado federal Paulão.

O parlamentar confirmou à Tribuna Independente ser favorável à separação da Codern do Rio Grande do Norte para Alagoas, já que 70% do faturamento da estatal é procedente do Porto de Maceió. No entanto, Paulão entende que a disputa com o presidente da Câmara e com o senador Renan Calheiros tende a ser um “duelo de titãs”.

“Na minha opinião, a separação [Codern para Alagoas] não é algo negativo até porque Maceió representa 70% do faturamento. E o PT vai para disputa. A gente sabe que não é luta fácil porque a gente está lidando com o presidente da Câmara, que é um dos coordenadores de uma base do Centrão, que tem um poder muito forte na correlação de força da Câmara e também lidando com o MDB, que é um partido muito grande. Vai ser uma luta de titãs”, avalia Paulão.

O deputado federal destaca ainda que há outra disputa neste contexto. Ele acredita que o estado do Rio Grande do Norte não deve abrir mão tão facilmente da Codern, mesmo que o faturamento da estatal seja apenas 30% localizado na região.

“Ou seja, é uma incongruência. É uma luta antiga para haver essa separação, no sentido de ter uma superintendência aqui em Alagoas, ou a transferência da Codern, a matriz de Natal para Maceió. Mas, eu acho que eles [Rio Grande do Norte] não vão abrir mão. Eles vão lutar no sentido de evitar essa repartida”, explicou o parlamentar.

Para o deputado federal, caso a criação de uma nova estatal seja efetivada pelo governo do presidente Lula e esta chegue a Alagoas, o estado terá condições de ganhar ainda mais investimentos em uma área tão importante tanto para o crescimento econômico local, contribuindo assim para o desenvolvimento da economia nacional.

SITUAÇÃO DE MOMENTO

O Ministério de Portos e Aeroportos, comandado por Silvio Costa Filho (PP), deputado licenciado, está administrando e supervisionando o processo. O Ministério da Gestão, comandado por Esther Dweck (PSD), também está envolvido nas negociações.

A base de Lira se diz confiante na divisão da Codern e afirma que o presidente da Câmara estaria alguns passos à frente de Renan Calheiros. O grupo de Lira argumenta que Costa Filho, que é próximo de Lira, tem experiência e conexões políticas para negociar a divisão da Codern.

Por outro lado, a coalizão a favor de Calheiros diz que a força e confiança do grupo Arthur Lira pode ser abalada pela saída de Costa Filho do comando da Câmara. O grupo de Calheiros argumenta que o senador tem mais experiência e influência política que Lira para comandar o novo órgão.

“O superintendente do Porto de Maceió é indicação do deputado Arthur Lira desde a época do governo Bolsonaro. E logicamente tem disputa pelo comando. O MDB disputa, o PT também disputa. Nós apresentamos o nome do PT Alagoas, que é o Ricardo Barbosa. E o Arthur Lira logicamente tensiona para não abrir mão”, opina Paulão.

O processo de divisão da Codern ainda está em estudo e não há previsão de quando será concluído.

A reportagem da Tribuna Independente tentou contato com o Ministério dos Portos e Aeroportos para confirmar a intenção acerca dessa divisão ou transferência da Codern para Alagoas, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.