Com a aprovação da reforma tributária na Câmara dos Deputados no último dia 7 de julho, nacionalizou a disputa política entre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), com o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ambos medem forças em Alagoas para ampliar o capital político para as eleições municipais que acontecem em 2024.

E mais: a disputa por verbas, cargos e prefeituras acirra embate político que já ganhou o país. Em meados de fevereiro deste ano, a reportagem da Tribuna Independente já repercutia o fortalecimento de Lira na Câmara e consequentemente no governo Lula, enquanto que Renan Calheiros atuava – e segue agindo – como o principal crítico do presidente da Câmara. Em matéria publicada pela Folha de S. Paulo, no último dia 8 de julho, foi mostrado que Lira conta com apoio, até o momento, de 25 prefeitos e prefeitas, e a grande maioria deles já recebeu ações do parlamentar nos municípios.

Aliados de Lira calculam que o deputado federal tem ascendência hoje sobre ao menos 40 prefeituras, entre as 102 do estado, além de controlar cargos e influir em órgãos federais no estado, como Codevasf, CBTU, Incra e Porto de Maceió, para ficar nos mais conhecidos. Algumas dessas áreas estiveram um dia sob o comando de Renan Calheiros. Em paralelo a este avanço, Renan Calheiros, que preside o MDB em Alagoas, já filiou quase 70 prefeitos ao partido e pretende lançar no próximo ano candidaturas as 102 prefeituras alagoanas.

A meta estimada pela legenda é filiar 80 prefeitos. No meio político alagoano, a rivalidade cada vez mais intensa entre o presidente da Câmara e o senador também foi avaliadas ex-governador, como é o caso do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). “Arthur é do acerto político, não é de botar a mão no ombro, de tomar um copo, estender a conversa, feito Renan. O jeito dele é: ‘O que você precisa em tua base para dar voto para mim e meu pai? É um negócio, toma lá, dá cá. Se esses caras [Lira e Renan] conseguissem deixar o ego e a raiva de lado, ajudariam Alagoas, os dois mesmos e o Lula. Todo mundo só teria a ganhar”, avaliou Vilela, que governou Alagoas por oito anos (2007 a 2015) e foi senador por Alagoas por 20 anos (1987 a 2007), em contato com a Folha de S. Paulo.

DISPUTA POR VAGA NO SENADO

A Folha de S.Paulo também repercutiu com o senador Renan Calheiros a possibilidade de uma disputa ao Senado na eleição de 2026, colocando Lira como candidato a uma das duas vagas. Renan confirmou que vai disputar o seu quinto mandato de senador.

“Eu gosto de tê-lo como oposição porque ele costuma perder. Temos boa relação com todo mundo, com todos os prefeitos. Nós não temos é com ele e não queremos ter, sobretudo depois do que ele fez com Alagoas nos últimos oito anos. Quanto mais poder ele tiver, mais ele usará para perseguir Alagoas. Não dá para ter uma relação”, respondeu o senador. Lira não se manifestou.