A mobilização política com vistas às eleições municipais tem ganhado força em Alagoas, sobretudo nas articulações partidárias nos bastidores. Naturalmente, nomes de deputados federais já entram na cota de candidatos a prefeituras, tanto em Maceió quanto nos municípios do interior.
Na capital, por exemplo, o nome do deputado federal Rafael Brito (MDB), está ganhando força no grupo liderado pelo senador Renan Calheiros (MDB). Embora não confirme a candidatura, até porque não é o momento, no entanto o parlamentar assegura que a legenda terá candidato forte em Maceió.

“Eleição majoritária é definição de grupo. Faço parte do grupo político do presidente Lula, do ministro Renan [Filho], do senador Renan e do governo Paulo Dantas. Independentemente de quem seja o candidato, a certeza que eu tenho é que teremos candidatura forte e competitiva para vencer as eleições na capital. Não tenho visto o grupo se manifestar em nomes ainda. Tem muitos quadros e muitas possibilidades Todos do campo progressista, todos do campo popular”, argumenta o deputado federal.

No entendimento do MDB, é preciso viabilizar nomes que causem “trabalho” ao prefeito de Maceió, JHC (PL), que tem um amplo favoritismo na capital e nada a braçadas pela reeleição. Recentemente, o gestor da capital autorizou uma grande reforma administrativa que contempla deputados federais, estaduais, vereadores e ex-adversários com indicações políticas.

Em meados de abril deste ano, o instituto Paraná Pesquisas divulgou o resultado de uma amostragem referente à aprovação do prefeito JHC. Segundo o instituto, o prefeito é aprovado por mais de 74% da população.

Outro cotado para a disputa em Maceió seria o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil). O parlamentar disputou a eleição de prefeito e perdeu para JHC, mas no atual cenário, Gaspar se aliou a JHC e indica o secretário Municipal de Saúde nesta reestruturação na Prefeitura de Maceió.

EM MARECHAL

O nome do deputado federal Fábio Costa (PP) chegou a ser mencionado para disputar a Prefeitura de Marechal Deodoro, hoje administrada pelo prefeito Cláudio Filho (MDB). O parlamentar é da cota do deputado e presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), que lidera um grupo de parlamentares, gestores e vereadores para fazer frente ao MDB nos municípios.

À Tribuna Independente, o deputado não confirma lançar seu nome, mas não elimina a possibilidade de concorrer ao cargo de prefeito em Marechal Deodoro. “Não há confirmação neste sentido. Como preservo a conexão direta com a população, este cenário só poderá ser concretizado a partir de um amplo debate, não sendo uma decisão que se deva tomar de maneira abrupta, exigindo muita ponderação e diálogo para se conectar com os anseios dos deodorenses.

Não partirá de um desejo pessoal, mas da vontade da população, que tem feito reiterados convites”.

Assim como os outros, ele menciona o diálogo com os correligionários e o desejo de cumprir o mandato. “Uma candidatura majoritária deve ser discutida amplamente com o grupo político do qual faço parte, o que não foi definido. É fato que tenho recebido convites neste sentido, nas minhas redes sociais, de munícipes da Região Metropolitana de Maceió, mas, por enquanto, está muito cedo para se falar em uma eventual candidatura para 2024. Iniciei mandato como deputado federal em fevereiro e tenho uma missão aqui em Brasília. Deixo claro que tenho muita vontade de continuar meus trabalhos aqui e de defender os valores que me propus na Câmara Federal, no entanto, para mim ‘missão dada é missão cumprida’, principalmente quando a missão é dada pelo povo”.

JOGO POLÍTICO SENDO JOGADO

Segundo a cientista política Luciana Santana, a movimentação partidária pelos nomes de deputados federais para concorrer às prefeituras faz parte do jogo eleitoral. É um processo natural, segundo a Santana, que é professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“A política está numa fase ainda com certo distanciamento das eleições municipais. E é uma fase em que os partidos e os candidatos eles começam a testar nomes. No caso dos partidos, testar nomes e candidatos também é tentar identificar se eles têm alguma chance eleitoral”, avalia.

No campo das especulações, a cientista política acredita que muitos nomes devem surgir. “A gente vai ver até ali no próximo ano, possivelmente até março, abril, isso acontecendo. Porque é o que vai estimular os candidatos a se manter nos mesmos partidos ou migrar em outros partidos onde eles têm mais chance eleitoral. A gente vai ver ainda muito teste sendo feito, seja midiático, seja através de pesquisas eleitorais, para tentar e identificar os melhores nomes. E já começar a pensar estratégias para 2024. E quando efetivamente a campanha começar”.

Sobre os nomes dos deputados cotados, Santana avalia como uma estratégia conhecida. “Acho supernormal que isso esteja acontecendo. Acho muito plausível, inclusive, que a gente tenha deputados federais também buscando esses espaços. A gente tem estudos na literatura que mostram que muitos deputados federais tentam ir pra prefeituras, diria que é uma ambição no sentido de buscar espaços onde há mobilização de recursos. E faz-se um caminho natural, buscar prefeituras para tentar e ganhar essa visibilidade eleitoral”.