Política
Governador ouve reivindicações das vítimas do maior desastre ambiental de Alagoas
Encontro contou com a presença do senador Renan Calheiros e parlamentares da bancada estadual e federal
O governador Paulo Dantas recebeu, nesta segunda-feira (17), representantes dos moradores e comerciantes atingidos pelo maior desastre ambiental do estado a partir do afundamento de cinco bairros de Maceió. O senador Renan Calheiros, deputados estaduais e federais também participaram do encontro para buscar soluções que minimizem o sofrimento das vítimas. Foi entregue ao governador documentos sobre a situação das dezenas de milhares de pessoas que perderam suas moradias, empregos, empresas e patrimônio desde 2018, algo que destruiu cerca de 15 mil imóveis em consequência da exploração de sal-gema no subsolo da capital.
“Estamos aqui para tratarmos do maior desastre natural urbano do mundo. Nós tivemos prejuízos enormes aqui em Maceió e na região metropolitana, em vários aspectos. No ponto de vista psicológico, afetivo e financeiro. Tivemos recuos de uma magnitude enorme em relação ao ponto de vista econômico. Tivemos perdas significativas na ordem de R$ 3 bi em relação a nossa arrecadação de ICMS”, afirmou o governador.
“Tenham certeza absoluta e integral que nós estamos juntos e iremos unir esforços para resolver essa problemática. Com essa união em torno dessa causa nós vamos encontrar uma solução que minimize o sofrimento de todas as famílias que tiveram que deixar suas casas, seus negócios, e que a gente também encontre a solução para os municípios e para o estado”, acrescentou Paulo.
PREJUÍZOS BILIONÁRIOS
De acordo com o senador Renan, é preciso que antes da anunciada venda da Braskem à Petrobras, que a indústria química e a estatal acertem a pesada dívida que foi causada pelo afundamento dos bairros em Maceió. Ele afirmou que os recursos provisionados pela empresa para as indenizações, na ordem de R$ 8 bilhões, são insuficientes para ressarcir todos os prejuízos.
“Não se pode concordar com o suposto acordo que a empresa alega. Um acordo em que as vítimas não participaram não pode ser chamado assim”, pontuou o senador. “Não podemos aceitar a tese de que foi um acidente. Acidentes são imprevistos. Aquilo foi um desastre anunciado, causado pela irresponsabilidade. O acordo que a Braskem tentou não contempla o desastre que aconteceu em Alagoas. Tenho colocado o peso do meu mandato em busca de uma solução para o estado, para Maceió e, principalmente, para as vítimas do crime da Braskem. Ela não pode sair impune disso", disse.
O senador aproveitou a oportunidade para convidar o governador para uma audiência pública no Senado, no próximo dia 4 de maio, que vai tratar sobre a questão. “Sua participação é fundamental e seu apoio é insubstituível. Nós contamos com ele para que tenhamos um desfecho rápido para essa questão. Se não resolvermos isso agora não vamos ter como resolver judicialmente”, completou Renan.
REVISÃO DO ACORDO
O coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública, Ricardo Melro, que está acompanhando a situação das vítimas, quer alterações no acordo feito entre Braskem e os moradores. De acordo com o defensor, a participação do senador em conjunto ao apoio firmado pelo governo do Estado, abre uma janela de oportunidade para rever esse acordo, que deve melhorar a vida das pessoas afetadas, direta ou indiretamente.
Em consonância, os deputados estaduais Ronaldo Medeiros, Alexandre Ayres e José Wanderley Neto e o deputado federal Rafael Brito pontuaram a necessidade de buscar soluções para minimizar o sofrimento das famílias afetadas pela Braskem e que o apoio do governo do Estado é de grande importância para que as vítimas venham a receber suas devidas indenizações.
A reunião foi um momento histórico para os moradores, que se viram acolhidos e finalmente vistos, como destacou um dos representantes do movimento. “É a primeira vez, em cinco anos, que consigo falar com um governador, e isso nos deixa com esperança e com a certeza que agora as coisas podem avançar no sentido de que essa situação seja resolvida”, disse Alexandre Morais.
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