Política

Bolsonaro usa 7 de Setembro como palanque

Cientista político Ranulfo Paranhos descarta possibilidade de golpe de Estado com manifestações bolsonaristas desta quarta

Por Thayanne Magalhães com Tribuna Independente 07/09/2022 10h25
Bolsonaro usa 7 de Setembro como palanque
Presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

O Bicentenário da Independência do Brasil deve se transformar em um grande comício eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) pago pelo dinheiro público. A opinião é do cientista político Ranulfo Paranhos.

“Entender o cenário desse momento, dessa semana, do 7 de Setembro, é que é o cenário onde há uma insatisfação muito grande de Bolsonaro e bolsonaristas com a decisão recente do ministro do STF [Supremo Tribunal Federal] Edson Fachin, que restringiu poderes no decreto de armas. Esse é um setor que o presidente nadou de braçada e conseguiu decretar regras que facilitou o porte de armas. Inclusive tem um chamado de deputado Eduardo Bolsonaro [PL] nas redes sociais, dizendo que se você tem um clube de tiro ou possui porte de armas, coloque adesivo de Bolsonaro no carro”, disse.

De todo modo, segundo Paranhos, Bolsonaro tem sofrido derrotas como a posse do ministro Alexandre de Moraes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Todos esses elementos somados a uma coisa palpável, que é o fato de a campanha eleitoral de Bolsonaro não ter se beneficiado como queria com o Auxílio Brasil”.

“Isso gera um alerta vermelho de desespero, porque não há tempo. A menos de um mês para o primeiro turno das eleições, Bolsonaro não conseguiu chegar na intenção de voto que ele pretendia. Diante disso tudo, o que sobra? O 7 de Setembro, que sempre esteve em seu projeto capturar a data, as festividades, os símbolos da Pátria, a bandeira, as cores verde e amarelo, tudo o que você imaginar, para que seja o ‘dia D’ de sua campanha à reeleição”, opina.

Ranulfo Paranhos diz que se esperava que o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 desse “um gás a mais” e que Bolsonaro já estaria empatado com Lula (PT) e esse 7 de Setembro seria uma demonstração de força.

“O que se esperava era um evento muito grande e que o Auxílio jogasse peso na intenção de voto dos indecisos. Informações de jornalistas especializados apontam para um evento não tão grande como o esperado, mas com o financiamento de grandes empresários, como sempre foi. A data não terá o efeito que se esperava”, continuou.

O cientista afirma não haver ameaça de golpe porque “não vazou qualquer menção sobre golpe do Exército ou do Planalto porque, mesmo se fosse acontecer algo sob sigilo, sempre acaba vazando alguma informação. Acho que a data será capturada para campanha eleitoral”, concluiu.