O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, esteve em Maceió na última sexta-feira (19) para receber uma comenda do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e palestrar sobre o tema “Revolução Tecnológica, Mídias Sociais e Democracia”. Em cerca de 50 minutos, o ministro do STF, que também já presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criticou a postura de Jair Bolsonaro (PL) e de boa parte de seus apoiadores, inclusive os empresários que defendem um golpe de Estado no Brasil caso Lula (PT) seja eleito em 2 de outubro deste ano, conforme revelado por reportagem do portal Metrópoles.

“Instituições fortes, sociedade civil mobilizada e imprensa livre, e vigilante, nos ajudarão a superar os aloprados e maus brasileiros que falam em golpe e desrespeito ao resultado das eleições”, afirma.

“Todos devem ter visto o conjunto de empresários, certamente aloprados, que falavam como vão utilizar a mentira para atingir o alvo que querem. O uso da mentira é uma questão moral. Mentir não é uma opção legítima. As pessoas têm o direito, o dever de buscar a verdade plural, possível. As pessoas de boa-fé não mentem deliberadamente. É preciso, no Brasil, fazer com que mentir volte a ser errado. Mentir não é estratégia política legítima, em nenhuma circunstância. Aliás, uma causa que precisa de ódio, de mentira, de teorias conspiratórias, não pode ser uma causa boa. É preciso que a mentira volte a ser errado para que a gente possa criar consensos”, completa Luís Barroso.

O ministro do STF criticou o fato de haver pessoas criando narrativas falsas para tentar tornar verdade algo que não é e que o problema não é a polarização política, mas o uso de mentiras para a convivência em sociedade.

“Tem que acha que floresta boa é floresta derrubada. A única coisa que não se pode dizer é que não tem floresta sendo derrubada e que o Brasil é o país que mais protege floresta. Isso é mentira. Se a sua posição que a floresta é superestimada, eu lamento, mas as pessoas têm o direito de achar isso. Só não têm o direito de mentir e dizer que o desmatamento não está acontecendo”, comenta. “O mundo sempre foi polarizado. A primeira democracia, a americana, já havia os federalistas e os republicanos. Na França, havia a direita e a esquerda. O problema não é a polarização, é a intolerância, de discutir ideias. O Brasil precisa criar consensos mínimos. Enfrentar a pobreza, não importa se o sujeito é de direita ou de esquerda. A pobreza precisa ser enfrentada. A proteção ao meio ambiente tem de ser feita”, completa.

Luís Roberto Barroso ainda destacou que a Constituição Brasileira é o melhor norte para a construção desses consensos.

“A Constituição Brasileira abriga os consensos que abriga todas as pessoas. Para além disso, a pessoa pode ser mais conservadora, liberal ou mais progressista. Precisamos de consensos mínimos para o Brasil não ser mais excludente. A Guerra Fria já acabou. Temos de ter uma agenda para ter um país melhor”, afirma o ministro do STF.