Política
Famílias de tradição política em Alagoas querem manter parentes nos cargos
Parlamentares apostam em eleição de familiares para os substituírem na Assembleia Legislativa Estadual

A cada eleição espera-se haver algum grau de renovação nas casas legislativas. Em Alagoas, estima-se que entre 30% e 50% da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), seja trocada em outubro, mas essa troca deve se dar apenas nos prenomes, uma vez que os sobrenomes devem continuar os mesmos.
Na família Dantas, a aposta para ocupar a cadeira é Carla Dantas (MDB), prima do governador Paulo Dantas, que deixou o mandato parlamentar após a eleição indireta para o Palácio República dos Palmares em 15 de maio. Paulo Dantas é filho do ex-presidente da ALE, Luiz Dantas.
O deputado estadual Davi Davino Filho (PP) pode ser candidato ao Senado e, se isso ocorrer, sua mãe Rose Davino (PP), vai para disputa em seu lugar em busca de uma cadeira na ALE. Davi Davino Filho é filho do vereador em Maceió, Davi Davino (PP).
Já o deputado estadual Antonio Albuquerque (PTB) pode ser candidato majoritário nas eleições de 2 de outubro, ou ao Senado ou como vice-governador na chapa de Rui Palmeira (PSD). Se isso ocorrer, seu filho Arthur Albuquerque disputará sua cadeira na ALE. Antonio Albuquerque é pai do deputado federal Nivaldo Albuquerque (PTB), que irá para a reeleição.
A deputada estadual Jó Pereira (PSDB), caso vença a briga interna na federação de seu partido com o Cidadania, uma vez que Régis Cavalcante se lançou para governador, será candidata a vice-governadora na chapa de Rodrigo Cunha (União Brasil), que é filho da ex-deputada federal Ceci Cunha, mas a família quer manter uma cadeira na Casa de Tavares Bastos e deve lançar seu irmão Fernando Pereira (PP).
Ambos – Jó Pereira e Fernando Pereira – são irmãos de João José Pereira Filho – o Joãozinho Pereira –, que comanda a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Alagoas, e primos do deputado federal Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados.
Quem também deve “sair de cena” é o deputado estadual Olavo Calheiros (MDB), mas para seu lugar na ALE, a família deve lançar o ex-prefeito de Murici, Remi Calheiros. Eles são irmãos do senador Renan Calheiros e tios do ex-governador Renan Filho, ambos do MDB.
CIENTISTAS POLÍTICOS
Nem novidade, nem ilegal por si só. Cientistas políticos comentam à Tribuna Independente sobre a cultura da política como “negócio familiar”.
Para a cientista política Luciana Santana, a “troca de bastão” em mandatos políticos dentro da mesma família é resultado da ambição para manter influência política.
“De forma geral, se busca manter no poder de alguma maneira. Ou se mantendo em vários cargos ou, pelo menos, mantendo alguém família em algum dos cargos. Isso é uma estratégia de sobrevivência política”, comenta a cientista política à reportagem da Tribuna Independente.
Luciana Santana ainda reforça não haver qualquer impedimento legal diante das candidaturas familiares, mas pondera a necessidade de mudança de cultura política para se ter renovação, de fato, nas representações políticas.
“Não há nenhum impedimento na legislação para que isso ocorra, então, não há o que se questionado do ponto de vista legal”, pontua. “Agora, claro, seria importante que a gente pudesse ver maior renovação na política. Renovação no sentido de você ver nomes fora dessas famílias tradicionais também disputando mandatos e com condições de chegarem a ser eleitos. Isso seria o desejável, mas para isso ocorrer, depende de mudança de cultura política, na percepção das pessoas a respeito de quem deveria estar no âmbito dessas instituições políticas”, completa Luciana Santana.
Já o cientista político Ranulfo Paranhos ressalta que esse tipo de situação não se dá só em Alagoas e que este ano não é a primeira vez e nem será a última que isso ocorre. Para ele, essa prática coloca os partidos políticos em segundo plano.
“Os partidos são instituições públicas que defendem um conjunto de ideias e que, por conta, agregam votos. Do outro lado, se políticos cujos interesses são os sanguíneos, que não interesses públicos. Quando se olha para um clã, este se coloca em oposição aos partidos políticos”, comenta. “Então assim, na próxima eleição nós teremos menos famílias, menos interesses familiares, não? Não, vai parar agora. Isso é uma coisa que tem todos os estados há muito tempo e que não tem a menor perspectiva de que diminua”, completa Ranulfo Paranhos à reportagem da Tribuna.
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