Política

Filme “O Povo Pode?” é lançado em Maceió; confira vídeo da entrevista com diretor

Documentário é sobre o impacto na vida de quatro personagens nordestinos, durante os anos do Governo Lula

Por Sirley Veloso - colaboradora 14/05/2022 13h04 - Atualizado em 14/05/2022 23h02
Filme “O Povo Pode?” é lançado em Maceió; confira vídeo da entrevista com diretor
Cineasta Max Alvim esteve em Maceió para lançar o documentário - Foto: Edilson Omena

Com quarenta anos de experiência em produções audiovisuais, com ênfase em TV e Cinema, o cineasta Max Alvim esteve em Maceió para lançar o filme “O Povo Pode? “, em entrevista ao Pauta Extra, da TV Tribuna, ele falou sobre o documentário, que já foi inscrito em mais de 20 festivais mundiais de cinema e terá distribuição gratuita. A película traz o depoimento sobre as mudanças de vida de quatro personagens nordestinos no período em que Lula foi presidente do Brasil.

Com mais de 400 documentários, “O Povo Pode?” é o segundo longa-metragem de Alvim. Ele disse que a ideia do filme nasceu em 2017, durante a caravana do ex-presidente Lula, pelo Nordeste brasileiro. “O filme era para ser um olhar de Lula sobre a população. Sobre políticas públicas. No entanto, ao longo do tempo, uma série de acontecimentos graves ocorreram no Brasil, e tivemos que fazer mudanças no documentário. O que era para ser uma leitura do Brasil, a partir do golpe de 2016 e do sentimento de esperança para 2018, muda com a decisão da prisão de Lula. Então, o filme é baseado sob o olhar de quatro nordestinos, sobre o que aconteceu nos últimos seis anos no País”, afirmou.


Conforme o cineasta, a potência do filme está em não ser construído em laboratório, por intelectuais ou especialistas com olhares distantes, e sim, por pessoas que sofrem as situações em seu cotidiano. “É uma reflexão sobre o que, como e quando se pode. O ponto de interrogação no título do filme, talvez seja mais mobilizador do que uma resposta pronta. Ele produz em cada pessoa o questionamento de qual nação ela deseja construir. Se ela quer uma nação calcada no ódio, na desigualdade, estruturada no racismo, ou se quer um outro rumo para a nação. Cada personagem do filme tem uma resposta, cada brasileiro certamente também tem. O povo pode eleger Hitler, Mussolini, fascistas, mas também pode eleger Mandela, Gandhi”, ressaltou o cineasta.

O cineasta falou ainda, da dificuldade em escolher os personagens do filme, dentre tantos relatos. “Nós catalogamos cerca de 30 personagens. Ao chegarmos em São Luís do Maranhão, última cidade da caravana no Nordeste, mergulhamos nos personagens por três dias, analisamos a força de cada história, por uma perspectiva mais artística e jornalística. Foi muito difícil, mas, por necessidade de síntese, reduzimos para sete o número de personagens. Voltamos, filmamos sete histórias profundas, interessantíssimas. Todas mereciam compor o filme, mas, novos ajustes precisaram ser feitos e reduzimos para quatro personagens”, explicou Alvim.

Ele também destacou o fato, que dos quatro personagens do documentário, três são mulheres. “Não foi pensado. Foi uma característica natural, observada durante o processo de captação dos relatos. Fomos encontrando muito mais mulheres, guerreiras. Na minha percepção, faz parte do momento político. As mulheres vêm ocupando um protagonismo político muito mais audacioso do que jamais ocuparam. Foi uma grande surpresa ver que isso está acontecendo no Brasil. O empreendedorismo político da mulher”, explicou.

Sobre a imagem do maior símbolo financeiro do Pais, a Avenida Paulista, em São Paulo, de cabeça para baixo , com a qual o filme é iniciado, o cineasta disse que ela reflete o momento vivido pelo País. “O Brasil vive um caos econômico, político e social. Voltou ao mapa da fome e somos o segundo país, no mundo, em mortes por Covid-19. Termino o filme também com uma imagem da Paulista, mas dessa vez para cima. É uma imagem de uma manifestação popular. Na minha visão, só há democracia quando o povo está na rua, unido por um mesmo propósito, tentando construir a nação que deseja”, afirmou.

Em entrevista ao Pauta Extra, da TV Tribuna, Max Alvim falou sobre o documentário, que já foi inscrito em mais de 20 festivais mundiais de cinema e terá distribuição gratuita (Foto: Edilson Omena)

Sobre a possibilidade de o filme ser tachado de marketing eleitoral, o cineasta disse encarar de forma tranquila. “É natural. Sempre tentam afirmar que alguns objetos artísticos, culturais e jornalísticos, têm cunho de propaganda. Estou tranquilo, o filme não nasceu com esse fim. Eu cumpri com meu papel de documentar o que está acontecendo no País, que é o que todo cidadão deveria fazer na sua profissão. Tenho a consciência muito tranquila. Já ouvi, inclusive, vários relatos de pessoas que assistiram o documentário, e têm uma visão da importância do material para a história do País. É uma fotografia do tempo. É como em um livro de História. Tudo que lemos lá, foi apurado. E no futuro, isso vai ser visto como momentos históricos. O que não podemos omitir, é que durante o Governo Lula, entre 30 e 40 milhões de pessoas saíram da miséria. Isso tem muita relevância”, afirmou o cineasta.

Alvim disse que, o filme foi financiado coletivamente, e que cerca de duas mil pessoas contribuíram para a realização do projeto. Sobre o acesso à película, ele afirmou que a distribuição ocorrerá gratuitamente. “Neste primeiro momento, vamos distribuir com os parceiros estaduais, como movimentos sociais, sindicatos, quilombolas e indígenas. No entanto, a nossa expectativa é que até o mês de agosto, possamos colocar em redes sociais de vários veículos, para que todo cidadão tenha acesso”, finalizou.