Política

Carlos França, do Itamaraty, sofre fritura da ala militar, da Economia e dos ideológicos bolsonaristas

Após um ano sem tensões no Ministério das Relações Exteriores, França agora enfrenta divergências internas sobre o posicionamento do Brasil em relação à guerra na Ucrânia

Por Brasil 247 02/05/2022 08h01
Carlos França, do Itamaraty, sofre fritura da ala militar, da Economia e dos ideológicos bolsonaristas
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França - Foto: Gabriel Albuquerque/MRE

Após um ano sem maiores problemas no Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, enfrenta atualmente um processo de fritura, de acordo com o jornal O Globo.

Os questionamentos internos ao ministro têm se intensificado, "provocando o que fontes do governo consideram um 'tiroteio' do qual, até agora, França saiu ileso".

Na última semana foi ventilada a possibilidade de demissão do chanceler. Jair Bolsonaro (PL) colocou panos quentes: "a nossa política externa, que tem à frente o ministro Carlos França, é realmente reconhecida por todos nós e por todo o mundo afora. Todos querem fazer comércio conosco", disse ele em evento em Ribeirão Preto.

Um dos principais motivos para a fritura de França é o posicionamento do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. "Hoje todo mundo dá pitaco sobre a guerra: temos a ala militar, a Faria Lima [em referência à equipe econômica], os ideológicos, e o Itamaraty”, resume uma fonte do governo.

Há poucas chances de que França deixe o governo antes das eleições, mas nada pode ser descartado.

O posicionamento do Brasil sobre a guerra tem despertado insatisfação também no Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. "Existe um 'receio' pela possibilidade de que políticas do Itamaraty que estão causando mal-estar entre americanos e europeus possam prejudicar a agenda econômica. (...) O medo é de que o estremecimento das relações, sobretudo com os europeus, possa causar danos colaterais".

As diferentes vozes dentro do governo Bolsonaro falando sobre a guerra leva o Itamaraty, segundo fonte do governo, a "demoras e titubeios".