Política

Folha apoia atos contra o governo em editorial e diz que bolsonaristas miram Lula

Jornal da família Frias, no entanto, segue sendo Folha ao declarar que "se o que Lula tem a ofertar se reflete na embolorada crítica às privatizações, como fez no caso da Eletrobras, as perspectivas de um eventual novo governo petista são decepcionantes"

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 31/05/2021 08h15
Folha apoia atos contra o governo em editorial e diz que bolsonaristas miram Lula
Reprodução - Foto: Assessoria
Em editorial na edição desta segunda-feira (31), a Folha de S.Paulo afirma que os atos contra o governo Jair Bolsonaro que levaram milhares às ruas no último sábado – o #M29 – trazem bons ventos para a política brasileira, após o domínio de “parcos e barulhentos” bolsonaristas. “Os protestos contra o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (29) são uma bem-vinda lufada de ar na atmosfera política brasileira. Após quase um ano de domínio exclusivo das ruas por alguns parcos, mas barulhentos, manifestantes bolsonaristas, milhares de opositores se aventuraram no asfalto de diversas capitais”, diz o jornal da família Frias, que nos anos 80 resistiu a apoiar o movimento Diretas Já, contra a Ditadura Militar. No texto, a Folha diz que houve “clara preocupação” dos organizadores com o uso de máscaras e distanciamento social, contrastando com os atos pró-Bolsonaro e cita o “reaparecimento” de Lula como um dos agentes motivadores que levaram as pessoas às ruas. “Mas o que a esquerda, a começar pelo PT, oferece além da adversativa? Se o que Lula tem a ofertar se reflete na embolorada crítica às privatizações, como fez no caso da Eletrobras, as perspectivas de um eventual novo governo petista são decepcionantes”, diz a Folha – sendo Folha – ao atacar a luta contra o projeto neoliberal do presidente petista. Segundo o jornal, “convém lembrar que o antipetismo segue sendo uma força orgânica em centros urbanos” e “furar essa bolha, para usar um clichê, é a tarefa colocada à esquerda”. “Seja nas ruas, seja na arena parlamentar, a oposição à esquerda ainda carece de consistência programática. Mas será erro descartar esse movimento inicial como algo sem potencial de frutificar, dada a anomia em que estamos inseridos”, diz o texto. CAPA Na capa da edição, a Folha diz que a estratégia de Bolsonaro e apoiadores é justamente “mirar” Lula, que teria confidenciado a pessoas próximas o apoio aos atos, sem participar diretamente das manifestações. Em reportagem de Thiago Resende e Mateus Vargas, a Folha lembra a vantagem de Lula nas pesquisas de intenção de votos e diz que bolsonaristas reagiram às manifestações “inflando o discurso de polarização e mirando Lula”. “A polarização está consolidada. A terceira via vai se dividir em muitas candidaturas. Como se diluem as candidaturas, a tendência é Lula e Bolsonaro no segundo turno”, disse ao jornal o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). Tentando minimizar o ato, Carla Zambelli (PSL-SP) disse que “precisará muito mais do que isso para o impeachment avançar”.