Política

Esquerda alagoana cria expectativa com Lula

Partidos como PT, PSOL e PCdoB tratam do nome do ex-presidente como um dos mais fortes para derrotar o bolsonarismo

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 04/05/2021 07h54
Esquerda alagoana cria expectativa com Lula
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a elegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – tendo a anulação de suas condenações no âmbito da Lava Jato e a sua possível candidatura à Presidência da República em 2022 –, as costuras para a disputa presidencial parecem ter dado uma embaralhada e a busca agora é para que o Centro também caminhe em torno da candidatura do petista. Tanto que não é exagero dizer que esta ala partidária, como a própria esquerda, estava órfã de uma pessoa com chances, votos e capilaridade nesta disputa do ano que vem. Para o presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, essa é uma discussão a nível nacional, mas que concorda de que tudo caminha para uma candidatura do Lula, no entanto, não faz com que prescinda da necessidade da unidade, não só no campo da esquerda. “A gente tem que fazer o mesmo debate que foi feito no Brasil, na primeira eleição do Lula em 2002? O vice do Lula foi José Alencar? Um grande empresário, uma pessoa que foi um excelente vice que conseguiu fazer a tal da aliança e captar o trabalho. Eu acho que a gente tem que pensar é nisso, na reconstrução do Brasil. O governo Bolsonaro conseguiu levar o Brasil num patamar abaixo, mergulhado numa pandemia, sem vacina, de volta do Brasil para o mapa da fome e o povo sem emprego. Discutir a candidatura do Lula não como a candidatura da esquerda, mas uma candidatura de um estadista”, argumenta Barbosa. “Existe também o problema da legislação, no formato atual sem coligações, faz com que os partidos tenham que construir as suas próprias chapas para o parlamento. Outra questão é que o momento agora é muito grave, por conta da pandemia e da crise que estamos vivendo, então naturalmente nosso foco está na defesa de saídas para acelerar a vacinação da população”. Lindinaldo avalia que o cenário político e eleitoral muda muito com Lula. “Lula tem feito movimentos importantes recentemente. Deixou de lado o discurso que só serve aos petistas, está fazendo movimentos mais amplos e com um discurso voltado à construção de frentes mais amplas. Portanto, não é apenas a questão da elegibilidade do Lula, trata-se de uma nova postura dele. Em nossa avaliação isso é bom, especialmente porque abre mais perspectivas de derrotar o bolsonarismo nas próximas eleições”. Já a presidente do PSOL estadual, Marcela Carnaúba, pontua que tanto a esquerda brasileira, quanto a alagoana também estão num processo de análises e debates internos sobre essa nova conjuntura eleitoral para 2022. “Acredito que a prioridade agora é a luta em defesa da vida dos alagoanos, que estão morrendo em decorrência da Covid-19 e também estão morrendo de fome. É evidente que o ministro [Edson] Fachin não tomou essa decisão de forma aleatória ou reparatória, liberando a candidatura do Lula para 2022. A meu ver, essa movimentação está articulada a um grande pacto construído, tanto é que uma semana depois o grande capital lança um manifesto contra a política do ‘[des] governo Bolsonaro’, e em seguida o próprio Supremo delibera sobre a instauração da CPI da Covid”. Marcela avalia que há um movimento de desgastar o Bolsonaro, mas ainda não querem a “cabeça” porque sabem que ele é funcional ao neoliberalismo, aos interesses da elite brasileira, com a privatização da Eletrobras, dos Correios, os Aeroportos e Portos, de parte da Petrobras e do Pré-Sal, e o ministro Paulo Guedes no comando desse desmonte do Estado. MOBILIZAÇÃO CRESCENTE Para a cientista política Luciana Santana, há dentro da esquerda uma busca por estratégias para que realmente a candidatura de Lula se torne efetivamente viável e que seja competitiva, como algumas pesquisas já vêm apontando. “Se isso está acontecendo no âmbito nacional, não tem como não pensar que isso também vá refletir dentro de Alagoas. Acho que tanto o PT quanto outras pessoas que são ideologicamente mais posicionadas à esquerda, tendem a começar a pensar nessas estratégias, Apesar da pandemia, os bastidores da política continuam fervilhando. Então, acordos, negociações vão fazer parte do cenário até o início do ciclo eleitoral em 2022”.