Política

'Aumento na conta de luz vai aprofundar desigualdade'

Para presidente do Sindicato dos Urbanitários, reajuste pesará no bolso do trabalhor; Equatorial afirma ter atuado para dimunir impacto do aumento

Por Carlos Amaral 30/04/2021 07h27
'Aumento na conta de luz vai aprofundar desigualdade'
Reprodução - Foto: Assessoria
A partir da próxima segunda-feira (3), os alagoanos terão aumento em suas contas de energia elétrica, em média, de 8,6%. O acréscimo no bolso do consumidor foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último dia 27. Os percentuais de reajuste nas contas de luz, por tido de consumidor, recém-aprovadas são: Residencial, 6,53%; baixa tensão, 7,92%; e alta tensão, 13,03%. Para Dafne Orion, presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, o aumento vai aprofundar desigualdades. “Isso vai aumentar, aprofundar ainda mais a desigualdade da população, principalmente a desempregada, que é que sofre mais hoje que retornou da chamada classe C após um tempo em ascensão. Fora aqueles que já estavam na linha da pobreza. Também vai impactar quem está empregado porque vai reduzir seu poder de compra”, afirma a presidente dos Urbanitários. Dafne Orion destaca o fato de que em 2020, os servidores estaduais ficaram sem reajuste sob o argumento de que a pandemia afetou a capacidade de aumento salarial. Mas, segundo ela, a Equatorial seguiu com seus lucros em alta. “Ano passado foi zero de reajuste salarial com a justificativa da pandemia e de que todos precisavam de alguma forma contribuir para que todos perdessem menos, mas a Equatorial foi a única que não perdeu. O lucro dela aumentou em mais de 50% em 2020 porque, inclusive, no ano passado também teve reajuste da tarifa, ao contrário de empresas que também prestam esse serviço essencial, como a Casal que, entendendo aquele momento não aumentou a tarifa de água. Os trabalhadores da empresa também ficaram reajuste, mas teve essa contrapartida. Já na Equatorial, não. Ela não só lucra, ela aumenta o lucro em mais de 50%, consegue reajuste na tarifa e demite trabalhadores”, relata. “Lamentamos profundamente essa postura da empresa, mas que é uma postura sabida por todos do capital privado, que é seguir o senhor mercado, o tal do deus mercado, é o lucro de tudo. Muita gente fala aí é em ‘Deus acima de tudo’, mas para o mercado só existe um deus: o lucro”, completa Dafne Orion. Equatorial diz ter atuado por impacto menor   A Equatorial Alagoas afirma ter atuado junto à Agência para o impacto do aumento fosse o mais baixo possível. “A Equatorial Alagoas manteve diálogo com a Aneel durante todo o processo contribuindo para que o efeito médio de Alagoas tivesse um impacto menor para os alagoanos. Além disso, ressalta-se que para o consumidor residencial o efeito médio do reajuste é de 6,53%, abaixo da inflação do período, medida pelo IPCA de 6,91%”, afirma. “Segundo a Agência Nacional, o conjunto de ações tomadas para mitigar as tarifas, entre elas a conta-covid e o reperfilamento do pagamento do financeiro da RBSE das transmissoras, colaborou para amenizar as tarifas e manter o reajuste em um dígito. O trabalho foi realizado com total transparência junto aos agentes e respeitando rigorosamente os compromissos previstos em contratos”, completa a Equatorial em nota enviada à Tribuna. Ainda segundo a nota da Equatorial, a diretora da Aneel, Elisa Bastos – relatora do processo de reajuste de Alagoas, afirma que “em conjunto com as demais entidades setoriais e em diálogo com as empresas e associações, desenvolveram ações para mitigar parte do aumento tarifário que se observaria neste ano. O objetivo é preservar a capacidade de pagamento do consumidor e, por consequência, a sustentabilidade econômico-financeira da cadeia que compõe o setor elétrico”. ALE O aumento no valor da conta de luz em Alagoas foi tema de discussão na Assembleia Legislativa Estadual (ALE). O deputado Ronaldo Medeiros (MDB) criticou a decisão da Aneel e a privatização da Eletrobras. “A Aneel concedeu, ano passado, o reajuste de 8,96% e para este ano um aumento de 6,53% para o consumidor residencial. Em dois anos de pandemia, já acumula mais de 16% de reajuste nas contas dos consumidores. Na indústria, nesses últimos dois anos de pandemia, o reajuste nas contas de energia acumula mais de 25%”, argumentou o emedebista. Já o deputado Davi Maia (DEM) defendeu a privatização da empresa. Segundo ele, os serviços, como o fornecimento de energia elétrica, não devem estar sob controle estatal.