Política

'Primeiro caminho é retirar o Bolsonaro da presidência'

Guilherme Boulos defende que país retome desenvolvimento, mas quem impede progresso é o presidente

Por Lucas França com Tribuna Independente 18/03/2021 08h26
'Primeiro caminho é retirar  o Bolsonaro da presidência'
Reprodução - Foto: Assessoria
Ex-candidato à presidência da República e nas eleições municipais chegou a ir para disputa de segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) esteve ontem (17), em Maceió, foi entrevistado pela Tribuna. Boulos inaugurou, na capital alagoana, no bairro Benedito Bentes, a Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). À reportagem, Guilherme Boulos foi abordado sobre o atual cenário político e da pandemia da Covid-19 e disse que 2021 será um ano ainda mais caótico, tanto pela segunda onda da Covid-19, quanto por uma pandemia já existente e quase invisível – a miséria e a fome. Ele fez duras críticas ao governo Bolsonaro e ressaltou que uma oposição política forte ao atual governo é uma questão de salvação nacional. “Primeiro caminho é tirar o Bolsonaro da presidência. É inacreditável o quanto é desumano o que este governo vem fazendo na condução da pandemia e da crise social - eles não estão salvando vidas e nem empregos. O combate à pandemia é o pior do mundo e isso a OMS reconhece e todos nós estamos vendo. O Brasil não tem plano para comprar vacinas, boicota o distanciamento social, estimula tratamento que não são comprovados. O presidente é um desastre, um genocida e é sim corresponsável pelas mortes que estão acontecendo no país porque essas mortes poderiam ser evitadas se o Brasil tivesse conduzido essa pandemia como os demais países. No mundo os números caem, aqui aumenta’’, pontua Boulos. Já em relação ao ponto de vista social, político e econômico, o militante partidário diz que o país deve ter uma política de combate ao desemprego. “Eles [Governo Federal] cortaram o auxílio emergencial no pior momento da pandemia e agora querem voltar com R$ 250 reais. Isso é uma esculhambação, porque não coloca alimento na mesa das pessoas - olha o preço da carne, do botijão de gás, arroz, ou seja, você tem uma situação que a população brasileira está exposta a morrer por conta do vírus ou morrer de fome. Não tem as medidas de apoio econômico e nem as medidas sanitárias. Não se salvou vidas e nem salvou a economia.  É a maior crise da nossa geração, com um país sem rumo, um total desgoverno. Repito, tirar Bolsonaro não é mais nem uma questão política, partidária é uma questão de salvação nacional. Temos que fazer este debate e construir uma unidade de oposição e sairmos deste caos’’, enfatizou Boulos. Partidos têm enfrentado o bolsonarismo   Guilherme Boulos também foi questionado sobre a postura dos partidos de esquerda no Congresso Nacional no enfrentamento ao bolsonarismo e as pautas conservadoras. “Eles estão fazendo seu papel, aquilo que é possível fazer. Ressalto que somos minorias. Se somar todos os partidos de esquerda e centro esquerda vai dá apenas 130, num Congresso de 513 deputados, ou seja, o que os partidos de esquerda como o Psol, PT, parte do PSB, Rede e outros têm feito nesse momento tem ajudado a reduzir muitos danos. Se não fosse uma posição lá dentro as coisas  estariam ainda pior. Vamos lembrar que o auxilio emergencial de R$ 600 foi uma conquista da oposição no ano passado”. A reportagem também perguntou se Boulos hoje seria candidato à presidência, Vice de Lula, deputado Federal ou militante partidário. Boulos, disse que eram muitas opções, mas no momento é militante das causas sociais. “Sou militante do movimento social da esquerda brasileira, do Psol que está preocupado com a situação do país em 2021. Ano que vem é outro capítulo. Estamos a um ano e meio das eleições. Não dá para colocar a agenda eleitoral como principal tema agora com quase 3 mil pessoas morrendo por dia de Covid-19, 14 milhões de desempregados, o botijão de gás chegando a quase R$100 e tendo que cozinhar a lenha, não vejo como compromisso com o povo. A minha trajetória de 20 anos é no movimento social e é isso que me trouxe aqui. Em 2022, evidentemente as lideranças irão cumprir o papel visando as eleições, mas ainda não é o momento’’, finalizou Guilherme Boulos. Unidade da esquerda precisa ser pauta prioritária   Ainda em contato com a Tribuna, Guilherme Boulos destacou que o atual trabalho político é a construção de uma unidade de esquerda em prol de um único candidato que possa derrotar o atual presidente nas eleições de 2022. “Eu trabalho para isso. Para que tenhamos uma unidade que unam as forças democráticas e progressistas de esquerda que possa construir reações ao atual cenário, entre elas ações imediatas. Com um projeto de reconstrução nacional com o principal foco voltado para a população. Esse não é um momento de vaidade, projetos pessoais ou dispostas menores, é momento de superar o pior momento de sua história e o pior presidente’’. Boulos também comentou sobre o ex-presidente Lula ter sido inocentado das acusações relacionadas à Lava jato e uma possível candidatura forte para derrotar Bolsonaro em um embate político.  “É evidente que Lula é um candidato forte, fico feliz que tenha recuperado seus direitos políticos, e inclusive lutamos para isso. Houve uma farsa judicial para condenar Lula. Hoje ninguém em sã consciência acredita que o ex-ministro Sergio Moro tenha sido imparcial na condenação. Foi em prova de monte, em jogo político. E Lula é nesse embate é importante para democracia brasileira’’. Guilherme Boulos também disse que acha difícil que os partidos de esquerda, de centro e de direita possam convergir nos ideais para derrotar Bolsonaro. “Acho muito difícil. Sendo muito franco, uma coisa é você estar agora com todo mundo, inclusive com pessoas que não são negacionistas – é a favor da vacinação, da liberdade, da democracia e não entra na psicopatia do Bolsonaro. Outra coisa é em uma eleição que está em jogo o projeto de país. E a gente sabe que boa parte da direita brasileira e da centro-direita defende o mesmo projeto econômico do Bolsonaro, votaram com ele e Paulo Guedes.”, argumenta.