A eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados está marcada para ocorrer na próxima segunda-feira, 1º de fevereiro, a partir das 19h, e o deputado Arthur Lira (PP), candidato a presidente, vem conseguindo uma projeção significativa para ser eleito presidente da Câmara dos Deputados. Lira conta com apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e vem percorrendo as bancadas dos estados para conseguir os apoios.

Em meio à disputa e viagens pelo Brasil, Arthur Lira concedeu entrevista à Tribuna e falou sobre suas propostas; o apoio de Bolsonaro; impeachment como pauta de eleição para Câmara e fez uma avaliação da disputa com o candidato do atual presidente Rodrigo Maia, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Ele falou ainda do termômetro político dessa eleição e como ela pode interferir ou pesar nas eleições de 2022 em Alagoas.

Uma das suas principais propostas é dar voz e vez a todos os parlamentares. O parlamentar alagoano promete também já nos primeiros dias, se eleito, instalar a Comissão Mista do Orçamento (CMO).

“Vamos deixar de ser a Câmara do ‘Eu’ para ser a Câmara do ‘Nós’. A Presidência da Casa agirá com transparência e previsibilidade. Todos saberão o que será votado, quem é o relator e qual o relatório na quinta-feira à noite, após discutirmos com o Colégio de Líderes. Vamos respeitar a proporcionalidade das bancadas e dar autonomia necessária aos relatores. Já nos primeiros dias vamos instalar a Comissão Mista do Orçamento [CMO]. Estamos em pandemia e sem Orçamento da União. Vamos votar o Orçamento urgentemente, para logo após apreciar as pautas sociais e econômicas. Assim, iremos dar celeridade às reformas como a Administrativa e a Tributária, tudo com muito cuidado, além da PEC Emergencial que hoje tramita no Senado”.

Sobre ter o apoio de Jair Bolsonaro na disputa com Baleia Rossi, Arthur Lira disse que não irá abrir mão da independência do Legislativo, mas que não ficará se digladiando com o Executivo.

“Não abrimos mão da independência do Legislativo, mas não fomos feitos para vivermos nos agredindo. Agora viveremos uma nova fase, com uma conduta democrática e sem preconceito com nenhuma pauta, muito menos vamos deixar a pauta travada como está hoje. Não serei um líder do governo dentro da Presidência, mas o Brasil não precisa continuar neste acotovelamento”.

Em relação ao impeachment de Bolsonaro, como pauta de eleição para Câmara, o deputado criticou Rodrigo Maia, ao dizer que o atual presidente da Casa está há cinco anos comandando a Mesa e com 61 pedidos de impeachment na sua gestão.

“Se ele não abriu nenhum é porque ele não viu motivos, e essa pauta, mais uma vez eu digo, não é para discussão de teses. Então, não tocarei nesse assunto enquanto for candidato”.

De acordo com Arthur Lira, hoje há uma distorção na forma de apresentar a Câmara dos Deputados.

“Hoje temos um personalismo forte. Não pode ser assim. O presidente da Câmara precisa representar o pensamento da maioria dos 513 deputados federais. Vamos também ter as quintas-feiras pela manhã para apreciar os projetos dos parlamentares. Hoje são mais de 40 mil matérias engavetadas. Vamos discutir todos os projetos sem preconceitos, desde que estejam amadurecidos na sociedade e tenham maioria para ir a plenário”.

“Alagoas tem suas demandas e precisa voltar a crescer”

Questionado se a eleição na Câmara dos Deputados pode interferir ou pesar nas eleições de 2022 em Alagoas, Arthur Lira se limitou a dizer que o debate atual está voltado ao comando do Legislativo, mas que o Estado de Alagoas precisa voltar a crescer.

“Alagoas tem as suas demandas, como todos os demais estados, e elas foram e sempre serão ouvidas. Tanto as necessidades na parte de infraestrutura, logística, como também nas questões das reformas como a Administrativa e a Tributária, além da PEC Emergencial. Este é o nosso foco, porque o Estado, como todos os outros, precisa voltar a crescer, desenvolver e gerar emprego e renda”, argumentou o parlamentar e candidato à presidência da Câmara dos Deputados.

SEQUELAS NA DISPUTA

Na última semana, após o presidente Jair Bolsonaro ter admitido que iria “influir junto aos parlamentares” para conseguir votos para Arthur lira, o gesto não foi bem aceito pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apoia o candidato Baleia Rossi (MDB).

“É um alerta aos deputados e deputadas de que a intenção do presidente é transformar o Parlamento num anexo do Palácio do Planalto, o que enfraquece o mandato de cada deputado e de cada deputada e principalmente o protagonismo da Câmara dos Deputados no debate com a sociedade”, disse.

Maia diz que, inclusive, alertou nesta terça (26) o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, das “sequelas” de o Planalto interferir na Câmara. O presidente se referiu principalmente às negociações da campanha de Lira envolvendo emendas parlamentares que, segundo Maia, seriam extraorçamentárias.

“A execução do Orçamento precisa ter o mínimo de organização e de compromisso republicano”, disse, lembrando das restrições fiscais impostas pela pandemia e pela regra do teto de gastos.