Política

'Governo Federal pretende vender o filé dos Correios'

Presidente do Sintect critica proposta governamental de venda da estatal em 2021

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 15/10/2020 08h17
'Governo Federal pretende vender o filé dos Correios'
Reprodução - Foto: Assessoria
O projeto para privatizar os Correios saiu na manhã de quarta-feira (14) do Ministério das Comunicações e seguiu para a Secretaria de Assuntos Jurídicos do Palácio do Planalto, em Brasília. Mesmo seu teor ainda sendo desconhecido pela maioria, o que se sabe, segundo o presidente o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em Alagoas (Sintect), Alysson Guerreiro, já aponta que a intenção é a venda da parte lucrativa da empresa, deixando a mais onerosa ainda nas costas do Estado. O tema só será pauta no Congresso Nacional em 2021 e o projeto ainda precisa passar pelo crivo da Casa Civil para, só então, seguir ao parlamento. “O que se deixa transparecer nesse projeto de lei é que a União terá de garantir a universalização postal. Ou seja, onde a empresa privada que comprar os Correios não quiser entregar, o Governo Federal terá que garantir a entrega. Para ficar mais claro, hoje os Correios é autossustentável, portanto, o governo não precisa colocar dinheiro para a empresa funcionar. Com a mudança sugerida, a iniciativa privada ficará com o filé e o governo federal ficará com a parte que dá prejuízo”, afirma Alysson Guerreiro. O ministro Fábio Faria afirmou que a proposta visa melhorar a capacidade de entrega dos Correios. O presidente do Sintect rebate este argumento e aponta que a logística da estatal já está pronta. “É mais fácil adquirir uma estrutura pronta que montar uma. Veja, essas empresas querem os grandes centros, onde o e-commerce gera muito dinheiro, mas o interior do país fica o governo responsável por manter o serviço. O governo diz que não haverá aumentos de impostos, mas quem vai pagar essa conta?”, questiona. PREÇOS Ainda segundo Alysson Guerreiro, o preço cobrado pelas empresas privadas de serviço postal – e de entregas – não é maior por causa dos Correios. “Os Correios é balizador de preço. A concorrente não pode elevar muito seu preço, senão não compete com os Correios. A privatização vai acabar com isso”, afirma. DEMISSÕES Alysson Guerreiro também ressalta o temor de demissões dos trabalhadores dos Correios após a privatização. “Sempre quando uma empresa privada adquire uma empresa pública, ela nunca fica com os trabalhadores. Portanto, temos esse receio também”, comenta.