Política

Ex-BB: ‘Liberais em Brasília são vírus tentando penetrar organismo hostil'

Em mensagem a Paulo Guedes, Rubem Novaes, que renunciou à presidência do Banco do Brasil, manifestou "profunda indignação com a cultura política prevalecente em Brasília, onde não interessa o liberalismo"

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 27/07/2020 08h11
Ex-BB: ‘Liberais em Brasília são vírus tentando penetrar organismo hostil'
Reprodução - Foto: Assessoria
Liberal convicto, Rubem Novaes, que renunciou à presidência do Banco do Brasil na última sexta-feira (24), manifestou em mensagem ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma “profunda indignação com a cultura política prevalecente em Brasília, onde não interessa o liberalismo” como um dos principais motivos para abandonar o posto. Em entrevista a Claudia Safatle, no jornal Valor Econômico desta segunda-feira (27), Novaes fez uma analogia em consonância com o momento vivido pelo mundo, com a pandemia da Covid-19, para traçar um paralelo com a resistência que enfrentou ao tentar privatizar o Banco do Brasil a toque de caixa, como gostaria de ter feito. “Os liberais em Brasília são como um vírus tentando penetrar num organismo hostil com anticorpos poderosos”, afirmou, colocando o setor privado e os achaques às empresas públicas à margem da “cultura” que impera em Brasília. “O liberalismo não interessa a uma cultura de privilégios, compadrios e interesses muitas vezes escusos”, emendou. Aos 74 anos, Novaes citou ainda os desejos de “passar o bastão” para alguém mais jovem “e ligado às transformações tecnológicas que já estão ocorrendo no setor bancário” e a vontade de estar junto aos netos, como motivos da saída do governo. Além disso, dois outros temas teriam pesado em sua decisão: a notificação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre propagandas do Banco do Brasil irrigando canais de fake news bolsonaristas e a cobrança por maior empenho do banco na contratação de financiamentos do Pronampe, linha destinada a micro e pequenas empresas no enfrentamento dos efeitos da pandemia. Enquanto a Caixa assumiu a liderança nos contratos do Pronampe, o BB adotou a postura dos bancos comerciais privados, desinteressados nessa linha porque os juros, tabelados (Selic mais 1,25%), não seriam suficientes para arcar com os custos operacionais. DENÚNCIA Na entrevista ao Valor, Novaes, no entanto, não citou as declarações de Ciro Gomes (PDT), que em live denunciou o “roubo moderno”, como ele classifica, praticado dentro do Banco do Brasil, que teria vendido papéis de empréstimos no valor de R$ 3 bilhões por cerca de R$ 300 milhões ao BTG Pactual, banco fundado por Paulo Guedes. “O Banco do Brasil agora, essa semana, pegou R$ 3 bilhões de papel para receber que ele tem e vendeu para um banco criado por Paulo Guedes chamado BTG por trezentos e poucos milhões de reais. Sem licitação. Ninguém sabe porque foi trezentos, não foi duzentos, nem quinhentos, sendo que o BTG levou uma carteira de haveres de R$ 3 bilhões, com ‘B’ de bola”, diz Ciro na live.