Política

Bolsonaro recua e manda dizer ao STF para rever decisão sobre vídeo de reunião com Moro

Celso de Mello deu prazo de 72 horas para governo entregar vídeo de reunião citada por Moro em depoimento, que comprovaria tentativa de interferência de Bolsonaro na PF

07/05/2020 08h52
Bolsonaro recua e manda dizer ao STF para rever decisão sobre vídeo de reunião com Moro
Reprodução - Foto: Assessoria
Após Jair Bolsonaro voltar atrás em relação à divulgação do vídeo da reunião de ministros do dia 22 de abril, citado por Sérgio Moro em depoimento à Polícia Federal, o advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Junior, pediu ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que reveja a decisão desta terça-feira (5) na qual deu prazo de 72 horas para o governo entregar as imagens. No dia 28 de abril, Bolsonaro chegou a dizer que pediu para legendar o vídeo para divulgação, mas dois dias depois disse que foi aconselhado a não divulgar “para não criar turbulência”.

O vídeo que Celso de Mello está exigindo foi tema de um episódio estranho semana passada. Bolsonaro disse que tinha mandado legendar o vídeo e iria divulga-lo. Não divulgou e revelou que foi “desaconselhado” pic.twitter.com/aKIgQWcPtA

— Samuel (@SamPancher) May 6, 2020 Seguindo a mesma linha, a AGU argumenta que na reunião “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores, entre outros”. SUBSTITUIÇÃO Em depoimento à Polícia Federal, Sergio Moro afirmou que, na reunião do conselho de ministros de 22 de abril, Bolsonaro cobrou a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro e do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, além relatórios de inteligência e informação da PF. Na mesma reunião, segundo Moro, Bosonaro disse que, se não pudesse trocar o superintendente da PF do Rio de Janeiro, poderia trocar o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça. Essas reuniões eram gravadas e tinham participação de todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto. Nesta terça (5), Bolsonaro disse a jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial, que não pediu nada “ilegal” a Moro. “Ele [Moro] disse que eu pedi em uma reunião de ministros. Uma reunião de ministros. A gente ia pedir algo ilegal? Não peço ilegal nem individualmente, que dirá em forma coletiva”, afirmou Bolsonaro.