Política

OAB entra com pedido em ação de promotor contra a prefeitura da Barra de São Miguel

OAB se manifestou, afirmando ter apurado que o serviço em questão fora contratado há anos e o pagamento dos honorários estão vinculados ao êxito, sendo falsa a informação de que houve recebimento de honorários

Por Redação com assessoria 22/04/2020 21h59
OAB entra com pedido em ação de promotor contra a prefeitura da Barra de São Miguel
Reprodução - Foto: Assessoria
A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL) protocolou, nesta quarta-feira (22), o requerimento de Amicus Curiae em ação de improbidade administrativa movida pelo promotor de Justiça Vinícius Calheiros, da 2ª Promotoria de São Miguel dos Campos, contra um escritório jurídico. O texto defende a habilitação da Ordem em razão da relevância da matéria e da não criminalização do exercício da advocacia, sobretudo pelo caráter personalíssimo e singular que a atividade de advogado exerce. O promotor tinha movido a ação contra o prefeito da Barra de São Miguel, José Medeiros Nicolau, o Zezeco (MDB), o advogado Adriano Castro Dantas e a pessoa jurídica Castro e Dantas Advogados. Na petição, o promotor detalha que todos são acusados de utilizar recursos públicos de forma ilegal em razão da contratação do referido escritório de advocacia para fazer consultoria para a prefeitura da Barra. Na ação proposta pelo promotor de Justiça, consta que qualquer estagiário poderia ter feito o trabalho, sugerindo que o valor da remuneração teria como propósito o desvio de verbas do município, o que justificaria, assim, o pedido cautelar de bloqueio de todos os bens dos demandados, ainda que não tenha havido recebimento de qualquer valor pelo escritório. A procuradoria da OAB se manifestou, afirmando ter apurado que o serviço em questão fora contratado há anos e o pagamento dos honorários estão vinculados ao êxito, sendo falsa a informação de que houve recebimento de honorários. Dessa forma, alertou que o pedido de bloqueio de todos os bens do advogado antes do recebimento de qualquer valor, somado à publicização do fato nas mídias, são desproporcionais. O prefeito Zezeco disse à Tribuna, sobre o caso, que deve ter alguma informação errada, “pois a Barra não recebeu qualquer valor e não pagou qualquer valor". "Acho que houve alguém equívoco do promotor. O recurso ainda está bloqueado, nem acesso tenho”, explicou o gestor. Pedido No documento, a OAB defende a possibilidade de contratação, por inexigibilidade, de escritório jurídico pela administração pública, sendo, inclusive, matéria sumulada pelo Conselho Federal da OAB, ressaltando, ainda, a importância do requisito da confiabilidade nessas contratações. No caso específico, o Tribunal de Contas do Estado pacificou a regularidade da contratação em razão da singularidade do serviço. O presidente da OAB-AL, Nivaldo Barbosa, destacou que o trabalho realizado pelo advogado não pode ser criminalizado e que a ação movida pelo promotor criminaliza os anos dedicados à causa que resgatou uma verba importante para o município. “Não podemos admitir que ninguém atente contra o exercício da advocacia. Estamos analisando o caso criteriosamente, inclusive verificando eventual falha funcional e crime de abuso por parte do servidor público”, destacou. “A diligência que o promotor teve em publicitar sua ação, não foi a mesma que demonstrou para apurar os fatos”, salientou João Viegas, chefe da Procuradoria da OAB-AL.