Política

Janot lança livro em São Paulo: 'Hoje, a palavra é escrita', diz

Em um trecho da publicação, ele revela que quando estava à frente da Procuradoria Geral da República, entrou armado no Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar um ministro e se suicidar em seguida.

Por G1 SP 08/10/2019 00h59
Janot lança livro em São Paulo: 'Hoje, a palavra é escrita', diz
Reprodução - Foto: Assessoria
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot lançou nesta segunda-feira (7) o livro de memórias “Nada menos que tudo”, publicado pela Editora Planeta, na Livraria da Vila, nos Jardins, em São Paulo. Em um trecho da publicação, ele revela que quando estava à frente da Procuradoria Geral da República, entrou armado no Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar um ministro e se suicidar em seguida. Depois, em entrevistas, ele revelou que se tratava de Gilmar Mendes. Janot chegou acompanhado de um segurança e dois já o aguardavam na livraria. O ex-procurador não quis responder a questões de jornalistas, como sobre o momento em que ele atiraria em Gilmar Mendes durante uma sessão no STF, sendo que o ministro não estava em Brasília na data mencionada. "Hoje é o dia do livro. Hoje, a palavra é escrita”, respondeu ao chegar à livraria. Janot ficou 1h10 dando autógrafos. Segundo a livraria, foram vendidos 43 exemplares do livro de Janot nesta noite de lançamento. Conteúdo No livro, ele faz o relato do episódio, mas não menciona o nome do ministro. Mas em 26 de setembro, em entrevista aos jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S.Paulo" e à revista "Veja", o ex-PGR revelou que se tratava de Gilmar Mendes. Segundo Janot, o episódio ocorreu em 2017, depois que ele apresentou um pedido de suspeição de Gilmar Mendes em um processo que tramitava no Supremo. Na ocasião, o então procurador-geral pediu a suspeição do ministro em casos relacionados ao empresário Eike Batista, porque a esposa dele – Guiomar Mendes – era sócia do escritório que defendia o empresário. De acordo com o ex-PGR, Gilmar Mendes reagiu ao pedido de suspeição com um ofício enviado à presidência do STF no qual afirmava que a filha de Janot advogara para a empresa OAS em um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "Ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal. E aí eu saí do sério", disse Janot a "O Estado de S.Paulo". Ele afirmou que após o episódio foi tomado por uma "ira cega" e decidiu matar o ministro. A intenção, segundo o relato, era atirar em Gilmar Mendes, antes do início de uma sessão do Supremo. A declaração deixou atônitos os procuradores da antiga equipe de Janot no Ministério Público Federal. Por essas declarações, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes determinou em 27 de setembro a suspensão do porte de arma de Rodrigo Janot e o proibiu se aproximar de qualquer ministro do STF. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou na última quarta-feira (2) um requerimento para ouvir Rodrigo Janot. O requerimento é um convite, o que significa que Janot não será obrigado a comparecer à comissão. Em nota divulgada nem 27 de setembro, Gilmar Mendes disse lamentar o fato de que "por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas". O ministro disse ainda que está "surpreso" com a declaração de Janot, recomendou "ajuda psiquiátrica" ao ex-PGR e chamou plano de Janot de "tentações tresloucadas". Gilmar Mendes afirmou que um "facínora" comandava a Procuradoria Geral da República. "Eu fui no STF sempre um crítico dos métodos do procurador Janot. Divergências de caráter intelectual e institucional. Não imaginava que nós tivéssemos um potencial facínora comandando a Procuradoria-Geral da República. Imagino que todos aqueles que foram responsáveis por suas indicações - ele foi duas vezes PGR - devem estar hoje pensando nas suas altas responsabilidades de indicar alguém tão desprovido de condições para as funções", declarou.