Política

Imprensa é mantida distante de Mourão durante evento em Maceió

Jornalistas tiveram que acompanhar palestra do vice-presidente através de uma televisão

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 04/10/2019 08h45
Imprensa é mantida distante de Mourão durante evento em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB) esteve nesta quinta-feira (3) em Maceió a convite do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) José Carlos Lyra, para falar das ações econômicas do governo federal. A imprensa foi impedida pelo estafe da Vice-Presidência de acompanhar sua palestra na Casa da Indústria. Os jornalistas assistiram a apresentação numa televisão em uma sala separada. O detalhe é que o Palácio do Planalto exigiu um extenso rito de credenciamento, com a cobrança de inúmeros dados e documentos para poder ter acesso ao vice-presidente da República, mas na hora do evento em Maceió, o militar sequer dedicou dois minutos aos jornalistas. Apenas a EBC teve acesso à palestra. Também não foi dada nenhuma justificativa dos motivos que levaram a Vice-Presidência a manter os jornalistas longe do general Mourão. Contudo, a postura não é de tanta estranheza, já que a relação do governo federal com a imprensa não é a das mais satisfatórias.  Mas em março, por exemplo, o vice-presidente participou de eventos em federações da Indústria do Amazonas e de São Paulo e concedeu entrevistas coletivas em ambos os casos. PALESTRA Antes de o general iniciar a palestra, o presidente da Fiea José Carlos Lira destacou, principalmente em seu discurso, que a atitude e o pensamento do novo governo coincidem com a da classe empresarial, que é justamente o pensamento liberal de tirar o Estado corrupto e lento e deixar que as empresas sobrevivam. Em sua apresentação para autoridades estaduais e lideranças do setor produtivo alagoano, o vice-presidente fez uma prestação de contas dos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e falou também sobre a questão econômica e política do país. Mourão destacou que o desafio é fazer uma gestão econômica “com o viés para tirar o Estado e implantar o liberalismo econômico”. Ele discorreu também sobre os episódios políticos e econômicos do século XIX e a nova ordem mundial, o iluminismo. Mourão lembrou os conflitos do mundo moderno e a pressão política e econômica militar, citando os governos da Venezuela e do Peru. “A missão é restaurar nossa pátria, libertando-a do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica. Queremos para o futuro fazer do país a maior democracia liberal do Hemisfério Sul”. Militar quer discutir maioridade penal “sem visão ideológica”   O vice-presidente aproveitou a ocasião para defender as tarefas que o governo federal terá na área da segurança pública. Mourão destacou as que envolvem mudanças na legislação, sistema prisional, aparato policial e questão social.  Ele defendeu que em relação aos crimes cometidos por menores de idade é preciso discutir a maioridade penal sem visão ideológica e ressaltou que as prisões “não podem ser masmorras nem colônias de férias para bandidos. Aqueles de maior periculosidade têm que ficar isolados e os de menor, se ressocializar, trabalhar. É importante também a integração das polícias e dar proteção à polícia, mas nada disso funcionará se não for abordada a questão social com políticas públicas na saúde e na educação”. Mourão pontuou ainda as prioridades do governo nas áreas da Segurança Pública e Meio Ambiente e que para o Brasil voltar a crescer é necessário modernizar o estado, a máquina pública, ter uma gestão profissional no setor público, fazer a reforma tributária e seguir a agenda das privatizações e concessões. “Temos que partir para as privatizações e concessões. Privatizar aquilo que puder ser privatizado. Esperamos com essas concessões de aeroportos, estradas, terminais portuários, linhas de transmissão, o setor de petróleo e gás, agora com o leilão da cessão onerosa do pré-sal, arrecadar R$ 1,6 trilhão nos próximos 10 anos. Isso é uma quantidade de recurso extremamente significativo”. Ele também tratou alguns pontos que considera primordial para o desenvolvimento do país, como a Reforma da Previdência que ainda tramita no Senado, além da implantação do voto distrital no país, como forma de baratear os custos das eleições e aproximar eleitores de candidatos. Logo após o evento, o vice-presidente seguiu para o município de Marechal Deodoro, onde visitou a casa-museu do marechal Deodoro da Fonseca. Autoridades elogiam visita de vice-presidente do Brasil   Na saída do evento, a reportagem da Tribuna Independente repercutiu a vinda do vice-presidente da República com autoridades políticas que estavam presentes na palestra. Representando o governo do estado, o secretário- chefe do Gabinete Civil, Fábio Farias ressaltou que espera que a vinda de Mourão se traduza em melhores dias Alagoas e que o estado, por ser pobre, sempre necessita do apoio do governo federal. Já o presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e prefeito de Cacimbinhas, Hugo Wanderley, destacou que a visita do vice-presidente Hamilton Mourão mostra uma sinalização importante para o estado, ainda mais por reunir o setor produtivo. “Nós vemos com bons olhos, é sempre bom o diálogo, principalmente entre as instituições para que o Brasil possa caminhar harmonicamente rumo ao desenvolvimento”, disse o presidente da AMA. A deputada estadual Jó Pereira (MDB) avaliou a vinda do vice-presidente Mourão como importante no sentido de que a aproximação entre o estado e o governo federal é prescindível para o desenvolvimento de Alagoas. “É um passo para que conversando e localizando pontos de convergências que existem entre as diversas correntes político-partidárias, a gente possa pavimentar uma estrada rumo a dias melhores, desenvolvidos, fortalecendo Brasil como país continental que é, como país que pode capitanear o desenvolvimento da região, da América do Sul como um todo e que Alagoas e o Nordeste façam parte disso”, avalia à Tribuna. A parlamentar destaca que para desenvolver um país é preciso ter justiça social. “Então são essas convergências que vão fazer com que essa polarização que existe hoje possa arrefecer todos os ânimos para que a gente conjuntamente possa construir um país melhor, um estado melhor para todos nós alagoanos e nordestinos”.