Política

Professores da Ufal podem entrar em greve

Após recesso de meio de ano, em setembro, Adufal discute assunto com categoria

Por Tribuna Independente 22/08/2019 10h11
Professores da Ufal  podem entrar em greve
Reprodução - Foto: Assessoria
Os professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) podem entrar em greve no final de setembro, quando retornarem do recesso de meio de ano. Essa movimentação ocorre em diversas universidades federais Brasil afora por causa da política de corte de recursos do Ministério da Educação (MEC). O presidente da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Jailton Lira, pondera que discussões com setores da categoria serão realizados e que é necessário acompanhar desdobramentos nas demais instituições de ensino, se vão paralisar ou não, mas crer ser essa a tendência da Ufal. Na quarta-feira (21), houve uma assembleia da categoria, mas não houve quórum. “Esse ponto de pauta da greve é uma solicitação do Andes [Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior], que tem reunião no sábado [24] e domingo [25] e pediu para as universidades federais consultassem a base sobre a possibilidade de greve. Deliberamos que vamos esperar o retorno do recesso, dia 23 de setembro. Nas primeiras semanas do recesso vamos reunir por setor e no interior. Depois da rodada geral, vamos avaliar o sentimento geral da categoria e acompanhar o quadro nacional. Como se comporta a UFBA [Bahia] e a UFPE [Pernambuco]”, explica Jailton Lira. O professor destaca a política orçamentária do MEC para as universidades como causa da possível greve. “A Ufal, UFRJ [Rio de Janeiro] e UFPE já disseram não ter recursos para funcionar a partir de setembro ou outubro e já fizemos greve por situação menos adversa. Agora, a situação é de ou fazer alguma coisa ou fechar”, comenta. “Acho que é uma tendência [Ufal entrar em greve]. Se o governo não recua nesse contingenciamento, e a situação, de fato, for de penúria como estamos avaliando agora, a gente vai acabar numa situação muito difícil. É um governo autoritário, neofascista, e nos parece que se ele não voltar atrás não haverá outra saída”, diz o presidente da Adufal. BLOQUEIO Em maio deste ano, o Governo Federal bloqueou das contas da Ufal exatos R$ 39.576.608,00 dos recursos de custeio e capital. Já à época, a Reitoria alertou para o risco de paralisação dos serviços em setembro. Segundo uma nota da Ufal após o anúncio do bloqueio, apenas as ações de assistência estudantil não foram afetadas. “Foram efetivados bloqueios nas ações orçamentárias de funcionamento, capacitação, recursos consignados ao Hospital veterinário e funcionamento da Escola Técnica de Artes. Foram também bloqueadas as emendas parlamentares consignadas à Ufal”, diz. “Esse valor representa 36,6% do orçamento de custeio e capital que são os recursos utilizados para pagamento das despesas contratuais, água, energia elétrica, bolsas, aquisições de livros carteiras escolares, equipamentos de laboratório, etc. Foram bloqueados 30% do custeio e 80,3% do capital. Se excluir a assistência estudantil, cujas despesas são restritas a alunos em vulnerabilidade social, o corte representa 46,9% do orçamento”, relatou a Ufal. Postura de negar listas tríplices acende luz amarela O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ignorou mais uma vez a indicação para uma reitoria de universidade federal. Desta vez, foi a do Ceará, cujo professor Cândido Albuquerque foi o menos votado pela comunidade acadêmica daquela instituição com 610 votos. A prática, já se demonstrando recorrente, acende a luz amarela na Ufal. Mesmo com algum receio, Jailton Lira ainda crê que Josealdo Tonholo – vencedor da consulta à comunidade acadêmica da Ufal em primeiro turno – será nomeado pelo presidente da República. “A gente espera que ele mantenha a tradição e será uma surpresa se outro nome for indicado, mas isso [nomeação no Ceará] acende o sinal amarelo, mesmo assim nossa situação não se resolve agora porque o mandato da atual reitora só termina em janeiro. Temos um tempo e a postura presidencial pode mudar, pois vi que ocorreram algumas manifestações, tanto no Cefet do Rio de Janeiro [interventor] quanto na Federal do Ceará. Vamos ver se surte efeito”, comenta o presidente da Adufal. Jailton Lira destaca que o primeiro presidente a desrespeitar uma lista tríplice foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao nomear o segundo mais votado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Henrique Vilhena, no final da década de 1990. “Do ponto de vista legal, Bolsonaro pode nomear qualquer um da lista. Agora, há uma diferença para a indicação da Procuradoria Geral da República, que não há obrigatoriedade de ser alguém da lista. Nas universidades, sim”, afirma o presidente da Adufal. Jair Bolsonaro já ignorou as listas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) – não é a UFRJ –, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e, mais recente, a da UFC.