Política

Para Paulão, PT não pode se achar hegemônico

Partido vem dialogando com outras legendas para formar uma frente de oposição e brecar avanços da política de Bolsonaro

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 23/11/2018 08h36
Para Paulão, PT não pode se achar hegemônico
Reprodução - Foto: Assessoria
Se depender do Partido dos Trabalhadores (PT) haverá uma frente democrática formada pelos partidos de oposição ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). No entanto, várias notícias desde o fim do segundo turno das eleições presidenciais dizem que as legendas PCdoB e PDT vêm articulando uma frente sem a sigla petista. Durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (21), o PT anunciou, sem detalhar, quais os partidos farão parte desse grupo, que será feita uma frente ampla “contra qualquer tipo de retrocesso”. O responsável pelo anúncio foi o candidato derrotado Fernando Haddad, que deve mesmo assumir “as cabeças do PT no Brasil”. Ele explicou que dentro dessa frente democrática haverá duas trincheiras. Uma pela defesa dos direitos sociais que deve ter a adesão dos partidos da esquerda e de centro. Um segundo bloco deve atuar na defesa dos direitos civis e deve ser mais ampla, inclusive com a possibilidade de união com siglas da direita e liberal. A Tribuna Independente manteve contato com o deputado federal Paulão (PT-AL) para saber se ele avalia que o partido ficou “sozinho” na Câmara dos Deputados após o resultado das eleições deste ano e se esse grupo oposicionista tem condições de fazer frente ao governo Bolsonaro sem outros partidos, a exemplo da Rede, PDT, PCdoB, PSOL e PSB. Ele explicou que há uma discussão coordenada pelo PCdoB, através do deputado federal Orlando Silva, buscando estabelecer uma frente de oposição que congrega o PSB, o PDT e Rede, mas que essa discussão não foi finalizada. “O PT está dialogando não só com esses partidos, mas também com o PSOL. Primeiro, o PT não pode ter hegemonia, mesmo sendo partido que elegeu mais deputados em um momento de uma conjuntura adversa. Agora, como disse o Fernando Haddad, numa reunião interna do partido é muito difícil fazer um bloco de oposição querendo aleijar o partido”, argumentou Paulão. Paulão ressalta ainda que nesse momento a oposição precisa ter paciência e humildade. Ele defende que deve ser feita uma frente democrática em defesa dos direitos civis e para que não tenha retirada de direitos sociais. “Que a gente não tenha também um papel na economia com visão liberal extrema. O Brasil é um país que tem uma contradição social muito grande e o papel do estado ainda é muito forte na economia como indutor. Então, se você radicaliza querendo fazer um projeto de privatização como quer o economista Paulo Guedes para juntar a Caixa [Econômica Federal] isso vai afetar principalmente as comunidades mais carentes. O próprio presidente que vai assumir a partir de janeiro tem como alvo movimentos a exemplos do MST, MTST, que tem como liderança o [Guilherme] Boulos. Já destacou o PT e o PSOL como inimigos. Isso é uma postura inclusive muito equivocada”. Oposição tenta mudança em legislação   Dentro do tema da defesa dos direitos sociais e civis, partidos de oposição ao futuro governo de Jair Bolsonaro decidiram formar uma frente parlamentar.  Líderes de movimentos sociais, deputados, senadores e outros políticos, lançaram, na última quarta-feira (21),  uma frente como PT, PSOL, PDT e PCdoB. A oposição criticou o projeto de lei, atualmente em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que altera a Lei Antiterrorismo e que pode criminalizar movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). De acordo com o deputado Paulão, esses movimentos sociais desempenham um papel importante em prol da reforma agrária. Pelo projeto, atos como incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado podem ser enquadrados como terrorismo. Também podem virar crime de terrorismo os atos de interferir, sabotar ou danificar sistemas de informática ou bancos de dados. A pena estipulada para todas essas condutas será de 12 a 30 anos de reclusão.