Política

Metade dos eleitores de Alagoas tem baixo grau de instrução

Segundo o TSE, 52,8% dos votantes são analfabetos, leem e escrevem e não concluíram o ensino fundamental

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 03/08/2018 07h52
Metade dos eleitores de Alagoas tem baixo grau de instrução
Reprodução - Foto: Assessoria
Há quem defenda que grau de instrução é determinante para o eleitor escolher seu candidato numa eleição. Isso sendo verdade, Alagoas deverá escolher mal seus eleitos em outubro porque 52,8% dos eleitores têm escolaridade até o ensino fundamental incompleto. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Tribunal, Alagoas possui 2.187.967 eleitores aptos a votar este ano. Desses, 1.156.483 estão distribuídos nas escalas de escolaridade de analfabeto a ensino fundamental incompleto, passando por “lê e escreve”. Dos 1.156.483 eleitores que só têm até o ensino fundamental incompleto, 255.017 são analfabetos e 305.857 eleitores só leem e escrevem. Na categoria específica do ensino fundamental incompleto são 595.609 pessoas. Para o sociólogo Carlos Martins, o grau de instrução é determinante na hora de escolher em quem votar. “O processo educacional possibilita o desenvolvimento da capacidade cognitiva do sujeito. Faz que ele tenha condições de pensar complexamente, de fazer elaborações e conclusões. Quando esse sujeito passa por um processo educacional, onde teve que absorver informações, ele vai decodificar outras informações que receber. Daí, fazer conclusões e tomar decisões. Toda decisão é tomada a partir de informação e de como ela foi processada. Interfere e muito. É determinante”, analisa Carlos Martins. Ele cita como exemplo as candidaturas presidenciáveis postas no momento. Seus posicionamentos nas pesquisas podem ser explicados, de acordo com o sociólogo, pelo perfil educacional do eleitorado e a forma de os candidatos realizarem seus discursos. “Quem são os dois candidatos [à Presidência] mais pontuados nas pesquisas? Lula e Bolsonaro. O discurso do Lula, e o que ele representa simbolicamente, é de fácil assimilação: ‘Eu quero que as pessoas tomem café da manhã, almocem e jantem’. Quem não entende isso? Bolsonaro: ‘Todo brasileiro terá de portar uma arma porque bandido bom é bandido morto’. Ambos são discursos simplistas, sem elaboração e de fácil assimilação. Me refiro à forma de passar a mensagem, não a ela em si”, explica. Em paralelo, Carlos Martins cita Ciro Gomes. “Esses dois candidatos conseguem chegar onde, por exemplo, Ciro Gomes não consegue. Por que Ciro Gomes, que é um candidato mais sofisticado – do ponto de vista acadêmico – e com mais capacidade de elaboração aparece atrás nas pesquisas? Passar seu discurso de maneira fácil de ser assimilado dá certo porque a escolaridade da população, principalmente em Alagoas, é baixa”, completa o sociólogo.