Política

Blocão faz anúncio de apoio a Alckmin sem consenso para vice do tucano

Alckmin passou esta quarta em reuniões fechadas com dirigentes partidários e aliados

Por Reuters 25/07/2018 20h58
Blocão faz anúncio de apoio a Alckmin sem consenso para vice do tucano
Reprodução - Foto: Assessoria
O blocão —formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade— vai anunciar formalmente na manhã de quinta-feira o apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, sem consenso sobre quem será o vice na chapa após o empresário Josué Gomes, do PR, resistir a aceitar a indicação. Josué Gomes foi colocado como o nome preferencial do grupo para ser companheiro de chapa de Alckmin na quinta-feira da semana passada, logo após o blocão ter desistido de apoiar o pedetista Ciro Gomes. Com a provável desistência do empresário, não há até o momento um nome que seja consenso dentro do grupo. “Não teria um nome de consenso. Por enquanto são só ideias”, disse à Reuters o presidente do PRB, Marcos Pereira. Seu partido veta uma das alternativas que mais agradaria Alckmin, o nome do ex-ministro da Educação Mendonça Filho, do DEM. Pereira diz que mais um espaço para o DEM, nessa magnitude, desequilibraria o acordo do blocão, uma vez que o partido já tem a promessa da manutenção de Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados por mais um período de dois anos. “Não vejo um candidato do DEM como uma boa alternativa. Seria muita coisa”, disse Pereira. “Se não for o Josué ainda temos que discutir isso internamente.” Embora Josué tenha sido colocado a Alckmin como o nome de consenso do blocão, o grupo não havia consultado o empresário —que estava no exterior quando o acordo foi feito—, e só fez isso depois do acordo com o PSDB estar fechado. “A gente fez a consulta no tempo certo. Não tinha porque oferecer a ele a vice sem ter o acordo fechado”, defendeu o líder do PR na Câmara, José Rocha. O empresário se reuniu com o tucano na segunda-feira e deu sinais de que não iria aceitar a vaga. Ele se disse grato com a indicação, mas ressalvou para Alckmin ficar livre para encontrar um novo nome para colega de chapa, segundo relatos obtidos pela Reuters. Desde então, aliados de Alckmin e do próprio grupo trabalham em duas frentes políticas: ainda tentar convencer Josué a aceitar a escolha de vice por ser o único nome de consenso do blocão e, ao mesmo tempo, encontrar um outro nome para a vaga. Alckmin passou esta quarta-feira em reuniões fechadas com dirigentes partidários e aliados políticos em Brasília. Outro dirigente que esteve com Alckmin, o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, foi questionado pela Reuters sobre se Mendonça Filho poderia ser um nome de consenso para vice do tucano, mas respondeu apenas: “Meu candidato é o Josué.” O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Rodrigo Garcia (SP), preferiu se esquivar de polêmica. Disse que Josué Gomes não deu uma resposta definitiva e, se ele declinar, um novo nome “vai ser decidido em comum acordo com o bloco de partidos” que apoiam Alckmin. Segundo o líder do PR, Josué deveria dar uma resposta definitiva “entre hoje (quarta) e amanhã (quinta)”, para o bloco, que pretende chegar no anúncio oficial do acordo com o PSDB pelo menos sabendo se terá ou não que procurar outro vice. O jornal Folha de S.Paulo publicou nesta quinta artigo do empresário no qual ele diz que Alckmin é o nome certo para liderar o país diante dos desafios que o Brasil enfrenta, mas não menciona a possível candidatura a vice. A rigor, ainda há tempo para a escolha. Alckmin só vai formalizar a sua candidatura em 4 de agosto na convenção do PSDB e os partidos têm até o dia 5 para fazerem suas respectivas convenções nacionais a fim de escolher suas alianças. O registro de candidatura, contudo, só precisa ser feito até o dia 15 de agosto. Até o momento, o tucano tem formalizada a aliança do PTB e vê como certo o apoio de PSD, PPS e PV. Com o apoio dos partidos do blocão, deverá ser o presidenciável com maior tempo de rádio e TV no primeiro turno. Antes de toda essa movimentação, pesquisa CNI/Ibope no mês passado mostrou Alckmin com apenas de 4 a 6 por cento das intenções de voto para presidente.