Política

Gestão da Eletrobras pagou quase R$ 2 mi para falarem mal da própria empresa

Atual diretoria contratou serviços de assessoria de imprensa para promover venda da estatal sem licitação

Por Lúcio de Castro com Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo 25/04/2018 09h27
Gestão da Eletrobras pagou quase R$ 2 mi para falarem mal da própria empresa
Reprodução - Foto: Assessoria
A Eletrobras pagou quase dois milhões de reais para ser mal falada. Sem licitação. Tratada oficialmente como “desestatização” ou “democratização do capital”, a privatização da empresa, prioridade do governo de Michel Temer (MDB), recebeu um forte impulso em 20 de setembro de 2017, quando a estatal assinou com a RP Brasil Comunicações, do grupo FSB Comunicação, a maior assessoria de imprensa do país. Objeto do contrato ECE-DJS 1252/2017, obtido pela reportagem via Lei de Acesso à Informação (LAI): “assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de acionista majoritário de desestatização da empresa”.   O valor exato do contrato foi de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos reais). Sendo R$ 1.574.000,00 (um milhão, quinhentos e setenta e quatro mil reais) para elaboração e execução do objeto, dividido em vários itens (ver quadro abaixo) e R$ 226.000,00 para despesas comprovadas com a execução.     Em busca de uma mobilização da opinião pública e formação de ambiente favorável para a privatização, a empresa traçou como estratégia a divulgação de um cenário de mazelas e problemas da estatal. Para tal, era preciso acionar os chamados formadores de opinião, imprensa, soltar notas em colunas de jornais, municiar comentaristas economicos, pautar a mídia em geral, mostrando sempre um cenário que tornasse urgente tal privatização, acelerada pela pressa do governo federal em concretizar o negócio. A empresa nega tal viés e afirma que no contrato está ressaltada a necessidade de se “preservar a imagem positiva da empresa”, embora reconheça que a divulgação “não omite dados negativos como prejuízos financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões” (ver “outro lado ao fim da reportagem). De acordo com o plano desenhado no contrato, foi feita uma “análise do cenário”, passando em seguida para o chamado “mapeamento dos stakeholders”, ou seja, definição de quem é o público estratégico alvo das mensagens a serem enviadas. Em um segundo momento, veio a chamada “mobilização dos influenciadores”, item discriminado com custo de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil) dentro do milhão e oitocentos reais do projeto total. Em um dos 10 itens incluídos no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a execução de uma pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do plano de se privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil). O contrato entre Eletrobras e FSB prevê ainda, em seu item 7.1, que os pagamentos entre contratante e contratada serão feitos quando da “entrega dos relatórios mensais elaborados pela contratada correspondentes à consolidação dos resultados alcançados”. A reportagem solicitou tais relatórios também através de novo pedido de Lei de Acesso à Informação, mas, embora o contrato em si tenha sido disponibilizado também via LAI, ainda que em recurso de última instância, o acesso aos relatórios foi negado. Um terceiro pedido de Lei de Acesso à Informação foi feito junto à Eletrobras. Relativo às informações sobre o suposto processo de licitação para o contrato em questão, o ECE-DJS 1252/2017. Solicitando o nome dos participantes da disputa, as propostas, os documentos do processo e o resultado final. Também foi negado em primeira e segunda instância. Na negativa, a Eletrobras justifica o segredo quanto ao processo de licitação do que chama de “democratização do capital social” afirmando que “trata-se de informação estratégica da Eletrobras, posto que os documentos solicitados estão diretamente ligados à atuação da empresa no mercado concorrencial”. E segue: “Isso porque as informações relativas ao contrato RP Brasil Comunicações (FSB Comunicação) são pilares fundamentais do processo de democratização do capital social da Eletrobras”. Destaca ainda a importância estratégica do contrato entre Eletrobras e FSB: “Com efeito, vale ressaltar que divulgação de informações acerca do Contrato com a RP é tão sensível que pode trazer prejuízos ao denominado processo de democratização”. A reportagem interpôs recurso à Controladoria Geral da União (CGU), alegando a contradição entre ter tido acesso ao contrato mas ter tido negado vista aos relatórios e licitação, além de outras questões da LAI que garantem tal acesso. A CGU não respondeu até aqui. Apesar da negativa da Eletrobras na transparência do acesso ao processo de licitação, a reportagem apurou com diferentes fontes como se deu tal disputa. Ou na verdade, como não se deu a disputa. Ao menos a partir de certo ponto. Em meio a corrida do governo Temer para privatizar a Eletrobras, foi feita uma “tomada de preços” para definir-se quem iria ficar com o contrato ECE-DJS 1252/2017. A tomada de preços é um momento crucial de uma licitação, onde fica determinado o patamar do preço onde será realizado o leilão final e onde são demonstrados os parâmetros de preço do mercado. É também, falando-se de maneira geral e genérica, um momento da licitação onde os preços podem ser jogados para cima e superfaturados. O livro “Uma análise diante das vulnerabilidades das licitações públicas no Brasil” (José Luciano de Oliveira, Descartes Almeida Fontes, Rodrigo Alexandre e Bruno Andrey), mostra que, novamente de maneira geral, “nesta fase podem ocorrer diversos tipos de fraudes como montagem de licitação, acordo prévio, acerto de preços, superfaturamento e habilitação de empresas inexistentes”. Geralmente são utilizados três orçamentos de empresas diferentes. Ao contratar os serviços em jogo, a instituição realiza os procedimentos licitatórios conforme a legislação específica, podendo participar nessa fase tanto empresas que foram orçadas na fase de análise da tomada de preços quanto qualquer outra empresa, desde que observando os valores de mercado. Assim, sempre que vencida a etapa da tomada de preços, é realizada a licitação. O pouco usual é o que ocorreu na Eletrobras em relação ao contrato ECE-DJS 1252/2017, de acordo com diversas fontes ouvidas pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo. Os relatos, que se completam, dão conta que algumas das maiores empresas do país no ramo de assessoria e comunicação participaram do certame. Além da própria FSB, apresentaram propostas a Companhia de Noticias (CDN) e a Informe Comunicação. As três ocupam o pódio em contas do governo federal com reconhecida notória especialização em estratégia de comunicação. De acordo com as apurações da reportagem, a Informe Comunicação teria apresentado a proposta de menor custo financeiro, ficando em primeiro lugar. A FSB teria ficado em segundo. No entanto, após o resultado da “tomada de preços” das empresas chamadas para uma licitação, a regra do jogo mudou: a Eletrobras resolveu escolher a vencedora pela modalidade de “inexigibilidade”, onde se dispensa uma concorrência e se promove uma contratação direta. A lei concede o direito ao contratante de escolha do fornecedor caso existam razões que justifiquem a dispensa de licitação. No contrato em questão, a Eletrobras alegou que “em face da sua complexidade e singularidade, bem como confidencialidade, por envolver informações estratégicas da empresa, somente poderia se dar através de inexigibilidade de licitação, o que impossibilita o estabelecimento de critérios objetivos, requerendo empresa de notória especialização em estratégia de comunicação” como está em resposta da Eletrobras ao fim da reportagem em “Outro Lado”. Os demais envolvidos na “tomada de preços” tem contrato com outras entidades do próprio governo federal para desenvolver estratégias de comunicação. Em 17 de outubro de 2017, quase um mês depois da assinatura do contrato entre FSB e Eletrobras, a empresa publicou no Diário Oficial da União o resultado, anunciando o resultado com a FSB como detentora do contrato por “inexigibilidade de licitação”.     Os bastidores da concorrência que não houve apontam para uma mão determinante em optar depois da tomada de preços pela “inexigibilidade de licitação” que decretou a vitória da FSB: Wilson Pinto Ferreira Junior, nomeado por Michel Temer para presidir a estatal. Wilson Pinto Ferreira Júnior, de 58 anos, assumiu a Eletrobras com uma missão específica dada por Michel Temer: conduzir o processo de privatização. Começou a vida profissional na Companhia Energética de São Paulo (CESP) e foi alçado a gerente de distribuição da empresa na primeira gestão de Mário Covas como governador de São Paulo (1995). Em 1998 passou para a iniciativa privada como o primeiro presidente da Rio Grande Energia, criada após a privatização parcial da distribuição de energia elétrica no estado do Rio Grande do Sul pelo então governador Antônio Britto. Assumiu a presidência da empresa CPFL em março de 2000 e, desde 2002 presidiu a holding. A nomeação de Wilson Pinto Ferreira Júnior por Michel Temer foi em 22 de julho de 2016. Cerca de um mês antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson Pinto Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, tendo como atividade principal a “compra e venda de imóveis próprios” e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de “holding de instituições não financeiras”. Exatamente no mesmo dia em que foi nomeado para a presidência da Eletrobras, 22 de julho de 2016, o executivo promoveu um aumento de capital social da Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 3.596.705 (três milhões, quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e cinco reais), e também na Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e trinta e dois mil, seiscentos e noventa e oito reais). A reportagem enviou questões para o presidente da Eletrobras sobre a coincidência de datas através da assessoria de imprensa. (ver resposta abaixo em “Outro Lado”).     Desde que Michel Temer assumiu a presidência, em 12 de maio de 2016, a privatização da Eletrobras tem sido obsessão do governo, que já editou três Medidas Provisórias (MP) para viabilizar a venda da Eletrobras. Com Temer ainda de presidente interino, o poder executivo editou a Medida Provisória (MP) 735, aprovada pelo Congresso, na intenção de facilitar a transferência do controle de ativos e as privatizações de distribuidoras da Eletrobras. Em 2017 veio a MP 814, retirando da Lei 10.848/2004, que trata da comercialização de energia, o artigo que excluía a Eletrobras e suas controladas — Furnas, Companhia Hidroelétrica do São Francisco, Eletronorte, Eletrosul e a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) — do Programa Nacional de Desestatização. O relator da MP 814/2017 é o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), ex-secretário de transportes do Rio na gestão Sérgio Cabral, que aparece na delação premiada de Benedicto Júnior, da Odebrecht, em denúncia de recebimento de R$ 15,6 milhões, como está em planilha entregue ao Ministério Público Federal (MPF-RJ). Pela delação, entre 2008 e 2014, o deputado teria recebido 91 pagamentos. O relator da MP de privatização da Eletrobras atendia na lista de propinas da Odebrecht pelos apelidos de “Pavão”, “Bonitão”, “Bonitinho”, “Velho” e “Casa de Doido”. Júlio Lopes é citado ainda em depoimento de Jacob Barata, o “Rei do Ônibus”, sobre recebimento de propinas no esquema de caixinha para políticos da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Já o ex-deputado Pedro Corrêa cita em depoimento o relator da MP 814/2017 da seguinte forma: “Esse cara tem que ser investigado. Esse cara fez miséria na secretaria no Rio”. E conta ainda que, diante da voracidade de “Casa de Doido”, deu o seguinte conselho, tanto a ele quanto a Eduardo Cunha, preso na Lava Jato: “Olha, se vocês que acabaram de chegar a Brasília forem com tanta sede ao pote, vão acabar cassados”. Júlio Lopes nega todas as acusações. Em sua propaganda, o governo alardeia que deve alcançar R$ 12,2 bilhões na privatização, sempre tratada como “democratização do capital”. No entanto, de acordo com o próprio Ministério de Minas e Energia, o valor patrimonial da estatal é de R$ 46,2 bilhões e o total de ativos da empresa chega a R$ 170,5 bilhões. Além de R$ 541 bilhões investidos desde a criação, em 1962. Uma guerra de liminares e no Congresso Nacional tem sido travada sobre o tema. Para tentar ganhar a batalha de informação, a Eletrobras lançou a campanha de comunicação do “projeto de acionista majoritário de desestatização da empresa”, que está no contrato aqui tratado, o ECE-DJS 1252/2017, da licitação que acabou com a FSB. Nos jornais, é possível ver, de acordo com o levantamento da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo, a difusão maior e aumento no tom das notícias negativas quanto a gestão e resultados da Eletrobras após a assinatura do contrato com a FSB.     Notas de coluna, comentários na TV, pautas construídas para demonstrar a necessidade urgente da privatização, como nos casos reproduzidos abaixo. Em todos os meios de comunicação. Notícias do quão lucrativo seria o leilão, manchetes sobre os prejuízos que os “obstáculos na privatização” causam, notas diárias em colunas de analistas mostrando que só há tal caminho diante dos números da estatal.     A FSB Comunicação, iniciais de Francisco Soares Brandão, é a maior agência de comunicação do Brasil. O dono foi protagonista de um perfil sobre assessorias de imprensa no Brasil, escrito por Luiz Maklouf Carvalho para a Revista Piauí em 2015. De acordo com a reportagem, os números então eram de “700 funcionários e 200 clientes, entre os quais meia dúzia de ministérios, estatais como a Petrobras, os governos estadual e municipal do Rio, além de algumas outras prefeituras, como a de Campinas, e dezenas de grandes empresas do setor privado”, com sede no Rio e filiais em São Paulo, Brasília e Campinas, além de escritório em Nova Iorque. Com faturamento de R$ 200 milhões em 2014, de acordo com a reportagem. Mais da metade vindo do setor público. De acordo com o perfil, foi na era de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio e atualmente preso por corrupção, que a FSB deu o salto de tamanho. De pouco mais de 100 funcionários, multiplicou em sete vezes. “Em seus governos, Cabral na prática terceirizou a comunicação do estado para a FSB. A agência mandava em tudo – da estratégia de comunicação aos funcionários que cada secretaria teria. Pelo menos setenta jornalistas da FSB passaram a trabalhar alocados nas principais pastas do governo estadual”, diz o texto. A supremacia da FSB também se deu nas prefeituras de Eduardo Paes, onde dominou a comunicação. A empresa está citada na Lava Jato. Em acordo de delação premiada, o publicitário Renato Pereira relatou ter atuado para direcionar o contrato de comunicação da prefeitura do Rio à FSB Comunicação em 2015, um ano antes da Olimpíada do Rio. Em função desse contrato, o marqueteiro diz ter recebido cerca de 30% dos lucros da FSB. Em reportagens sobre o tema publicadas na ocasião, o ex-prefeito Eduardo Paes negou direcionamento do contrato de comunicação da prefeitura. Já a FSB, de acordo com nota publicada no jornal O Globo na ocasião, reconheceu trabalhos em conjunto com a empresa de Renato Pereira, a partir de “relações absolutamente legítimas”. No último 6 de abril, Fernando Coelho Filho (MDB-PE) deixou o Ministério das Minas e Energia (MME), que abrange a Eletrobras e onde estava desde o início do governo Temer. Durante o mandato, o ministro notabilizou-se pela determinação na entrega de algumas das maiores riquezas do país a grupos estrangeiros, sendo a mais notória ação a MP que extinguia a RENCA e também a atuação a favor de mineradora estrangeira na Floresta de Jamanxim, como mostrou o “Dossiê Renca” da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo. Em seu lugar assumiu Wellington Moreira Franco, do círculo mais próximo a Michel Temer. Conhecido como “gato angorá” na lista da Odebrecht e citado na delação do presidente da Andrade Gutierrez, Moreira Franco ganhou proteção do amigo Temer sendo nomeado em 12 de maio de 2016 para a função de Secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do Brasil, mas com status de ministério, garantindo assim o foro privilegiado. Em 3 de fevereiro de 2017 virou Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, onde ficou até o último 6 de abril, quando assumiu o Ministro de Minas e Energia do Brasil. Desde o anúncio de sua posse, as ações da Eletrobras desabaram R$ 2,6 bilhões em uma semana. Embora investigado por sua ação em processos de privatizações, é ele que agora irá conduzir o processo de privatização da Eletrobras. Outro Lado: Eletrobras: A reportagem enviou através da assessoria de imprensa as questões abaixo para a Eletrobras. Veja as respostas: Pergunta: 1- O objeto do contrato em questão fala em “assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de acionista majoritário de desestatização da empresa”. De acordo com levantamento e apuração feitos por esta reportagem, desde 20 de setembro, quando assinado tal acordo entre Eletrobras/FSB, cresceu o número de reportagens na imprensa apontando mazelas da empresa, embasado em subsídios e pautas fornecidos a partir deste contrato. Repassar tais questões da Eletrobras era parte do acordo? No que consistia exatamente tal assessoramento da FSB? Resposta: – Conforme o objeto do contrato citado, a contratação de empresa de consultoria em estratégia empresarial objetivou assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de desestatização da empresa. A preservação da imagem positiva da empresa faz parte, inclusive, do projeto básico desta contratação, conforme trecho destacado a seguir: “A contratação tem também como objetivo preservar a confidencialidade de informações estratégicas e assegurar agilidade e assertividade nas ações estratégicas de comunicação necessárias ao sucesso do projeto, reduzindo o impacto negativo e preservando a imagem positiva da empresa. Por se tratar de um tema que desperta grande interesse da imprensa, as demandas dos veículos de comunicação por informações sobre a Eletrobras e por entrevistas com seus porta-vozes aumentaram. Em um processo desta complexidade, surgem diversas especulações e, por meio do assessoramento da FSB, a Eletrobras tem buscado esclarecer aos seus diversos públicos de relacionamento, como a sociedade de maneira geral, acionistas, parlamentares e empregados, as consequências e benefícios em caso de a empresa ser ou não privatizada, sob aspectos de sua capacidade de investimentos e sustentabilidade a longo prazo. Neste maior número de oportunidades de exposição da empresa na mídia, tem-se destacado as melhorias que estão sendo implantadas e as mudanças implementadas pela atual gestão. Destacam-se, nas comunicações à imprensa, as metas elencadas no Plano Diretor de Negócios e Gestão da companhia e os avanços em cada uma das iniciativas relacionadas ao plano. Porém, até mesmo para parametrizar as conquistas alcançadas, é preciso contextualizar os dados de uma empresa em recuperação, que, em função de seu compromisso com a transparência, não omite dados negativos como prejuízos financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões. Pergunta: 2- Em um dos 10 itens incluídos no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a execução de uma pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do plano de se privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil) dentro do preço total do contrato, de R$ 1,8 milhão. O acesso aos resultados de tal pesquisa foi negado para a Agência Reuters, de acordo com reportagem da mesma em março último. Tampouco foram divulgados na imprensa em forma de reportagem ou notas de colunas. Qual o resultado e qual o critério para não ter sido divulgado? Gostaria de esclarecer ainda se somente notícias negativas da empresa e consequentemente positivas para o cenário da privatização foram trabalhados pela assessoria junto aos chamados “formadores de opinião” da imprensa. Resposta: – O objetivo da pesquisa é orientar as ações da empresa bem como subsidiar a elaboração da estratégia de comunicação. Representa, portanto, ferramenta estratégica de mapeamento de cenário, não sendo sua divulgação parte da estratégia de atuação definida. Quanto aos formadores de opinião, estes são informados sobre o cenário da empresa e os benefícios esperados com a privatização. Pergunta: 3- Gostaria de saber ainda se não infringe as normas técnicas, éticas e regulamentos da empresa o fato de estar se contratando uma empresa para divulgar fatos negativos da própria empresa, como apurado pela reportagem junto aos meios de imprensa e em checagem no conteúdo publicado desde a vigência do contrato Eletrobras/FSB. Resposta: – Conforme já detalhado na primeira questão, a empresa foi contratada para assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao processo de desestatização, esclarecendo seus principais pontos à opinião pública. Pergunta: 4- O processo de licitação para o contrato Nº ECE-DJS-1252/2017 foi disputado pela FSB, Companhia de Noticias (CDN) e a Informe Comunicação, tendo esta última, a Informe Comunicação, sido a vencedora em primeiro momento. No entanto, acabou sendo preterida pela FSB para tal contrato. Qual a razão e justificativa para tal? Resposta: – A Eletrobras não realizou um processo licitatório. O objeto pretendido pela Eletrobras, contratação de serviços de consultoria especializados, em face da sua complexidade e singularidade, bem como confidencialidade, por envolver informações estratégicas da empresa, somente poderia se dar através de inexigibilidade de licitação, o que impossibilita o estabelecimento de critérios objetivos, requerendo empresa de notória especialização em estratégia de comunicação, conforme previsto na Lei 8.666/93, inc. III do artigo 13 e Inc. II do artigo 25 e artigo 26 da Lei. Na inexigibilidade, que é uma contratação direta, é concedida à Administração a possibilidade de escolha do fornecedor que, no seu entender, tem melhores condições de executar o objeto. Nesta modalidade de contratação, o preço não é um fator determinante, embora haja um rito próprio para sua verificação. A comprovação da prática de preços justos, nesses casos, conforme estabelece o Tribunal de Contas da União (TCU), deve ser dada pela própria empresa a ser contratada, que apresenta documentação comprobatória de que os preços que está a cobrar da Administração estão compatíveis com a prestação de serviços semelhantes a outras empresas. Assim sendo, mesmo com a premissa de contratarmos a RP BRASIL COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) em virtude da sua irrefutável notoriedade no mercado de comunicação corporativa, solicitamos propostas a outras empresas, ainda que não seja isto exigido na contratação Direta por inexigibilidade. A Eletrobras foi ao mercado solicitar orçamentos para o referido serviço por entender que as propostas poderiam ser mais um elemento em sua análise sobre a empresa que estaria mais apta a executar o objeto. Das empresas com notoriedade compatível com a RP BRASIL COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) que lideram o ranking das maiores agência de comunicação corporativa no Brasil, o preço da FSB foi o menor. Pergunta: 5- Wilson Pinto Ferreira Júnior foi nomeado como presidente em 22 de julho de 2016. Cerca de um mês antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson Pinto Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, tendo como atividade principal a “compra e venda de imóveis próprios” e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de “holding de instituições não financeiras”. E no mesmo dia em que é nomeado, 22 de julho de 2016, o sr Wilson Pinto Ferreira Júnior promove um aumento de capital social da Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 3.596.705 (três milhões, quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e cinco reais), assim como na Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e trinta e dois mil, seiscentos e noventa e oito reais). Qual a razão para ter promovido tal aumento de capital nas duas empresas no mesmo dia em que assumiu a Eletrobras? Resposta: – As duas referidas empresas foram criadas por orientação dos advogados do presidente Wilson por se constituírem estruturas societárias mais eficientes para a sucessão. Tendo dois filhos, de dois casamentos diferentes, com uma grande diferença de idade entre eles (5 e 21 anos), a opção de transferir para as empresas os bens imóveis que adquiriu ao longo de sua trajetória teve por objetivo assegurar uma sucessão tranquila. O aumento de capital a que se refere a pergunta foi realizado quando os bens imóveis, devidamente registrados na declaração de imposto de renda, foram transferidos da pessoa física para a pessoa jurídica. Quanto à data de realização da operação, não tem qualquer relação com sua entrada na Eletrobras, até porque se trata de uma operação que já vinha sendo preparada anteriormente. FSB: A reportagem enviou questões para a FSB Comunicação sobre o contrato e o processo de escolha. A empresa enviou a resposta abaixo: Resposta:-“A FSB não se pronuncia sobre contratos em vigor com seus clientes”.