Já é senso comum afirmar que os partidos políticos são todos iguais e grupos de pessoas que visam apenas seus interesses particulares. Tal avaliação deveria zerar a procura por filiações e gerar desfiliações em massa. Principalmente nas maiores legendas, mais presentes no noticiário político que, diga-se de passagem, é bastante negativo. Contudo, em Alagoas essa realidade é diferente.

Dos três maiores partidos políticos no estado, dois apresentam saldo positivo de filiações: PT e PSDB.

Segundo Claudionor Araújo, secretário-geral do PSDB em Alagoas, o partido possui 12.770 filiados no estado e obteve cerca de 150 novas até agora. Já o PT, de acordo com dados de sua Secretaria de Organização, vem obtendo cerca der 100 filiações mensais e totaliza 13.216 filiados. Ocorreram apenas 17 desfiliações no último semestre.

Mesmo assim, os dirigentes partidários reconhecem que o momento é de negação aos partidos políticos.

Para Claudionor Araújo, as pessoas estão decepcionadas com os políticos e com os partidos. “Como quase todos os partidos estão numa fase complicada, de denúncias, inclusive, com membros de alguns condenados, isso se reflete em rejeição”.

Já Élida Miranda, da direção estadual do PT, afirma haver uma campanha de criminalização da política sustentada por parte da imprensa e pelo Poder Judiciário. “Tanto que alguns estão tirando a palavra ‘partido’ de seu nome”, diz.

A reportagem tentou obter os dados do PMDB, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

Para especialista, partidos sempre serão fortes

Os partidos políticos sempre terão volume de procura considerável, ainda mais diante das regras eleitorais brasileiras que exigem a filiação partidária para concorrer a cargos eletivos. Essa avaliação é do cientista político da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Ranulfo Paranhos.

“Possivelmente, todos os partidos [e não só PT e PSDB] tenham ganhado filiados. Há uma população média que é descrente do político e reclama das instituições, tem até quem quer intervenção militar, mas ainda há um conjunto de indivíduos que quer participar da vida pública, através de cargo eletivo ou de um partido, mesmo sem cargo eletivo”, comenta Ranulfo Paranhos.

Em sua avaliação, não importa a situação política, social ou econômica do país, os partidos sempre terão certo grau de procura, mesmo se obrigatoriedade de filiação para disputar eleições deixasse de existir.

“O cara quer ser vereador em 2020 e vai atrás de um partido. Independente de qualquer coisa, o partido político ainda é a porta de entrada para a vida pública, mesmo que esse cara não goste, terá de escolher um. Seja qual for o motivo. Mesmo sem a obrigatoriedade de filiação partidária, os partidos seriam mais fortes que as candidaturas avulsas. Talvez até a procura por filiações diminuísse, mas os partidos seguiriam fortes”, afirma Ranulfo Paranhos.

PREFERÊNCIA

Segundo pesquisa Datafolha, divulgada em outubro, o Partido dos Trabalhadores possui a preferência de 19% dos brasileiros. PMDB e PSDB tiveram 5% e 4%, respectivamente.