Em uma coletiva à imprensa, o presidente do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) Ricardo Barbosa, na companhia de lideranças de outros partidos de esquerda e representantes do movimento sindical, criticou a sentença dada pelo juiz Sérgio Moro ao ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, como também informou que o líder petista virá a Alagoas no segundo semestre deste ano, ainda sem data definida.

“Lula, apesar da sentença, é um homem livre. Lula estará percorrendo o Brasil a partir do segundo semestre, começando pelo Nordeste. Ele estará em Alagoas conversando diretamente com todo o povo sobre esta situação que o país vem passando”, explicou Barbosa.

Além do PT, a coletiva contou com a presença de representantes dos partidos: PSOL, PCdoB e PDT, assim como líderes de movimentos trabalhistas, sindicatos e da Central Única dos Trabalhadores.

Questionado se a direção nacional do partido esperava a condenação do ex-presidente Lula (PT) e como a notícia foi recebida pela cúpula petista, Barbosa disse que já era esperado por conta da conjuntura que se formou através da mídia após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Era esperado que diante desta conjuntura no país que consumou em um golpe com o impeachment da presidenta Dilma, junto com o processo da Operação Lava Jato que na verdade é o processo auxiliar dos golpistas. A mão do judiciário nesse processo de golpe iria consumar com uma sentença não muito favorável ao nosso companheiro Lula. Até porque todos nós sabemos que o Lula vem acumulando crescimento nas pesquisas para presidente da República e isso incomoda os golpistas. Os ataques ao povo brasileiro e aos trabalhadores vêm crescendo com a reforma da Previdência e aprovação da Trabalhista. E com isso aproveitaram para voltar a atacar o PT com essa sentença condenatória e também para golpear o movimento sindical e os trabalhadores, através do seu maior líder, o Lula”, explicou Ricardo Barbosa.

Othoniel, do PSOL, diz que Moro é desafeto público de ex-presidente

Representando o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) o professor universitário, Othoniel Pinheiro disse que a direção estadual segue a mesma análise da nacional. Para ele, o que ocorreu foi uma sentença fundamentada apenas em delações e provas frágeis. “Que fique claro que delações não são provas. E tais provas que em caráter normal não levariam ninguém à condenação. A partir do momento que se condena alguém da envergadura do ex-presidente Lula e com a sentença não própria não adequada às regras democráticas, se abre uma brecha perigosa para posteriormente entrarmos cada vez mais em estado de recessão”.

Pinheiro criticou a permanência do juiz Sérgio Moro como “julgador” do presidente Lula, no que para ele, em diversas ocasiões o magistrado deixou claro que era um desafeto do petista.

“A preocupação é essencial, não só com a sentença em si, mas também com o caráter parcial do juiz Sérgio Moro que não deveria estar julgando o processo do Lula, tendo em vista que já se declarou publicamente como desafeto do ex-presidente, principalmente quando divulgou as conversas com a ex-presidente Dilma e de forma ilegal quando autorizou a condução coercitiva do Lula. Já é público e notório que ele se posicionou e isso dentro do direito torna o juiz suspeito, ou seja, ele não poderia julgar o presidente nesse caso”, disse.

PDT e PCdoB contestam decisão de juiz

Já o presidente do diretório estadual do Partido Democrático Trabalhista, Lailson Gomes, salientou que o PDT desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff assumiu a linha de atuação contra o golpe.

Ele também criticou o juiz Sérgio Moro e disse que o magistrado deveria estar preso por divulgar ilegalmente telefonemas entre os presidentes Lula e Dilma.

“A nossa linha de atuação é contra todo esse golpe, pois é um atentado à democracia que está ameaçada no Brasil. Estamos vivenciando a ditatura de toga. E na verdade quem deveria estar preso era o  [Sérgio] Moro por grampear e divulgar ilegalmente ligações da presidente Dilma com o presidente Lula. O PDT é contra tudo isso que está montado no país. Acredito que a sentença contra Lula vai ser revertida, mas não dá para confiar na justiça brasileira”.

INOCÊNCIA

O dirigente do PCdoB em Alagoas, Nivaldo Mota classificou a condenação a ao ex- presidente Lula como uma rejeição a democracia. Ele acrescentou ainda que o partido que desde 1989 acompanha o petista acredita que ele será inocentado.  Mota ainda criticou Sérgio Moro ao afirmar que Lula não pode ter seus direitos castrados por um juiz que “partidarizou a justiça do País”.

Novamente com a palavra, o presidente do PT, Ricardo Barbosa, disse que o que está acontecendo no Brasil é uma inversão do Poder Judiciário. Segundo ele, basta analisar o processo envolvendo o senador em Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). “O senador Aécio Neves chegou a ser afastado e está de volta às suas funções”.