Polícia
PF mira fraude eleitoral no Médio Sertão e cumpre mandados em Dois Riachos e Boca da Mata
Esquema investigado pela PF usava comprovantes falsos para inflar artificialmente o eleitorado de Dois Riachos; mandados foram cumpridos em duas cidades
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (27), a Operação Espólio, voltada a desarticular um esquema de transferência irregular de domicílio eleitoral no Médio Sertão alagoano. A ação, segundo informações confirmadas pela assessoria da corporação, teve como foco documentos falsificados usados para justificar a mudança de endereço de eleitores para o município de Dois Riachos.
A investigação ganhou corpo após a prisão em flagrante de duas eleitoras no Cartório Eleitoral de Cacimbinhas. Elas apresentaram boletos de energia adulterados para comprovar residência, o que chamou a atenção dos servidores e desencadeou a apuração formal. A partir desse episódio, os policiais identificaram indícios de uma estrutura organizada para captar pessoas, produzir comprovantes falsos e até transportar os recrutados para formalizar alistamentos irregulares.
De acordo com a PF, há elementos que apontam para a participação de um servidor público e de um vereador de Dois Riachos, além de familiares do parlamentar. O objetivo seria inflar artificialmente o eleitorado local por meio de registros fraudulentos.
Como parte da operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em endereços situados em Dois Riachos e Boca da Mata. A Justiça Eleitoral da 45ª Zona, em Igaci, também autorizou outras medidas cautelares, não detalhadas pela PF, para reforçar a coleta de provas e avançar na identificação de todos os envolvidos.
A corporação destacou que a ofensiva busca consolidar a materialidade dos crimes eleitorais investigados, esclarecer a autoria e apurar se o esquema alcança um número maior de beneficiados. Em nota, a Polícia Federal reiterou que mantém “compromisso com a integridade do processo eleitoral e com o combate a práticas ilícitas que atentem contra a democracia, a transparência e a vontade popular”.
Como funciona a fraude no domicílio eleitoral
A transferência irregular de domicílio eleitoral é uma das práticas mais comuns em municípios pequenos e aparece, quase sempre, às vésperas de disputas locais. Na versão investigada pela PF na Operação Espólio, o mecanismo seguia um roteiro simples, mas capaz de alterar o peso político de uma cidade inteira.
O primeiro passo é a captação de eleitores de fora, geralmente pessoas em situação de vulnerabilidade, que aceitam participar em troca de favores, transporte ou pequenas vantagens. Depois, entram em cena os comprovantes falsificados: boletos de energia, declarações de residência e outros documentos adaptados para simular que o eleitor mora no município desejado — mesmo sem qualquer vínculo real com o endereço informado.
Com esse material em mãos, o grupo leva o interessado ao cartório eleitoral, onde ele solicita a transferência ou até um novo alistamento. Quando o documento falsificado passa despercebido, o cadastro é atualizado e o eleitor passa a constar oficialmente como morador daquela cidade. Em disputas apertadas, dezenas de transferências podem ser suficientes para interferir diretamente no resultado das urnas.
A fraude costuma envolver intermediários que recrutam pessoas, quem falsifica os comprovantes e, em alguns casos, agentes públicos ou políticos que viabilizam a operação. É justamente essa possível composição — com diferentes graus de participação — que a Polícia Federal tenta desvendar no Médio Sertão.
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