Polícia
Inspeção do MP revela condições precárias em distritos policiais de Maceió
Promotoria aponta riscos à saúde, falta de efetivo e estrutura inadequada nos 8º e 21º Distritos
Trabalhar em um ambiente salubre é fundamental para que os servidores ofereçam serviços de qualidade e possam, consequentemente, recepcionar bem o cidadão que procura as unidades que integram os órgãos da Segurança Pública. Por isso, na manhã desta terça-feira (12), o Ministério Público de Alagoas (MP/AL), por meio da Promotoria de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial, em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal, inspecionou os 8º e 21º Distritos Policiais, na capital.
A promotora de Justiça Karla Padilha, titular da respectiva Promotoria, identificou várias anormalidades, desde problemas na estrutura física até a carência de recursos humanos.
“Hoje é o primeiro dia de uma série de inspeções que o Ministério Público realizará nas delegacias de polícia da capital e, lamentavelmente, nos deparamos com problemas muito graves, de toda ordem, aqui nos 8º e 21º distritos policiais. Problemas que vão desde extintores de incêndio vencidos até outros muito sérios, de umidade, de infiltração, de cupim, que comprometem sobremaneira a salubridade do ambiente. Então, é um ambiente absolutamente inadequado para o trabalho. Fora isso, existe uma quantidade muito reduzida de agentes de polícia e de escrivães para dar conta de uma população imensa que abrange bairros como Benedito Bentes e Antares. Então, não nos resta alternativa, senão a de adotar medidas. Tivemos hoje a presença da Vigilância Sanitária, que vai nos enviar o relatório e, caso verificarmos que o problema não será solucionado, infelizmente, ajuizaremos as ações civis competentes”, afirma a promotora.
Além de todos esses problemas, há uma sala com mofo e forte odor, podendo adoecer tanto os agentes quanto quem está sendo ouvido. No local, também foi verificado que há uma geladeira enferrujada, que pode causar choques; não há fornecimento de água para consumo; as caixas d’água não recebem limpeza periódica e estão com muita sujeira acumulada; e falta material para limpeza, que é comprado pelos próprios funcionários.
Durante a inspeção, muitas pessoas que procuraram as delegacias para fazer denúncias e confeccionar Boletins de Ocorrência (BOs) — inclusive uma mulher que sofreu agressão física — foram avisadas de que não seria possível, “pois a escrivã estaria em um curso e teriam que se deslocar, para isso, até a Central de Flagrantes localizada na Avenida Durval de Góes Monteiro.”
Vale ressaltar que, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, a população do Benedito Bentes (I e II), em Maceió, é de 110.746 habitantes. Enquanto isso, o mesmo Censo afirma que o Antares tem hoje 25.454 habitantes. O Benedito Bentes é, também, o maior bairro de Maceió, com uma área de 24,62 km².
Isso significa que, para uma população de 136.200 habitantes, existem apenas dois ou três policiais por dia e um escrivão.
“Isso é muito preocupante também. Tem equipe que trabalha três dias na semana e, além disso, ainda são escalados para plantões na Delegacia de Homicídios. Quando isso acontece, ficam três dias sem comparecer à delegacia, o que compromete ainda mais. Apesar de a Polícia Civil ter convocado os aprovados no último concurso, nenhum escrivão, tampouco nenhum agente de polícia foi alocado nessas distritais. Todos foram para delegacias especializadas ou assumiram funções administrativas, em vez de servirem à população e otimizarem as investigações. Há muitos inquéritos antigos pendentes e isso pode gerar a impunidade de muitos crimes graves, caso percam o prazo legal”, conclui Karla Padilha.
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