Está marcado para hoje, a partir das 8 horas da manhã, no Fórum Desembargador Jairon Lima Fernandes, no Barro Duro, o primeiro julgamento do homem acusado de ser o maior serial killer de Alagoas. Albino Santos de Lima, 42, senta-se no banco dos réus pelo homicídio do barbeiro Emerson Wagner da Silva e de tentativa de assassinato, contra R.V.S., ocorrido no dia 21 de junho de 2024.

Ele será julgado por um júri popular. O julgamento será conduzido pelo juiz José Eduardo Nobre Carlos, da 8ª Vara Criminal. A acusação defenderá a tese de homicídio duplamente qualificado. O promotor de Justiça é Thiago Riff. Pelo menos cinco testemunhas devem ser ouvidas hoje.

O advogado de defesa de Albino Santos de Lima, Geoberto Bernardo de Luna, adiantou que irá pedir a inimputabilidade do acusado. A defesa se agarra na tese de que o acusado sofre com transtornos mentais.

“Certamente, ele será condenado pelos crimes aos quais está sendo acusado. Mas temos a seu favor, o fato de ele ser uma pessoa perturbada mentalmente, esquizofrênico. Ele não estava de posse das suas faculdades mentais. Vamos argumentar com o tribunal do júri. Esse é o principal argumento da defesa para justificar os crimes que ele cometeu”, detalhou.

O advogado de defesa não desistiu do requerimento, feito em juízo, para que seu cliente seja avaliado por uma junta médica a fim de atestar sua psicopatia.

O réu está preso desde setembro do ano passado. Pesa sobre Albino Santos de Lima a acusação por 18 assassinatos e duas tentativas de assassinato, entre os anos de 2019 e 2024. Até o momento, Albino responde a 10 processos na Justiça. Do total de assassinatos que lhe são atribuídos, ele confessou 16. No entanto, a Polícia Civil garantiu ter provas suficientes contra o acusado em todos os crimes.

Conforme denúncia do Ministério Público, o assassino em série teria tentado invadir, sem sucesso, a casa da namorada de Emerson Wagner da Silva. Ao deixar o local, foi seguido por Emerson. O rapaz chamou um amigo para acompanhá-lo.

Ao perceber que estava sendo seguido, Albino Santos de Lima sacou a arma e efetuou disparos em direção à dupla. Emerson foi atingido, não resistiu e morreu. Já o amigo conseguiu fugir.

Em suas primeiras as audiências, o serial killer, ouvido através de videoconferência, alegou não lembrar dos crimes e afirmou que seu corpo estava possuído pelo “fogo do Arcanjo Miguel”.

Albino disse ainda que ouve vozes e que é orientado por entidades espirituais a ir aos cemitérios para fotografar as lápides das vítimas.

Laudo nega doença mental de serial killer

No final de março, a Polícia Civil apresentou o laudo assinado por um médico psiquiatra forense do Centro Psiquiátrico Judiciário que concluiu que Albino Santos de Lima tinha plena consciência dos crimes que cometeu. A defesa não reconhece o laudo como documento oficial.

Na avaliação da defesa de Albino Santos de Lima, o documento apresentado sequer é um laudo e, sim, um “simples” parecer confeccionado a partir de uma única consulta, apenas uma conversa entre o médico e o acusado.

Albino Santos de Lima tem ensino médio completo e atuou por dez anos como agente penitenciário em Alagoas. O advogado contou que ele prestava serviços ao Estado, não era funcionário público concursado.

Ele deixou o emprego após um acidente de moto em 2020. Neste ano, passou a morar em Ponta Grossa, bairro que residia até ser preso. Era nesse trecho geográfico que ele escolhia a maioria das vítimas.

As vítimas de Albino tinham entre 13 e 25 anos, sendo em sua boa parte mulheres.