A polícia Militar de Alagoas (PM/AL) enviou uma equipe para acompanhar de perto a investigação da morte do tenente Abraão da Silva Taveira, 39 anos. Mas, além disso, a família do militar quer uma reprodução simulada do caso. A informação foi confirmada pelo o advogado da família em depoimento a uma emissora de TV local. O advogado disse também que além do requerimento da simulação, solicitará o depoimento de testemunhas, ou seja, de alunos do curso de Cinotecnia e de instrutores do Corpo de Bombeiros responsáveis pelo treinamento físico que aconteceu no dia 30 de agosto em Brasília.

O advogado Napoleão Júnior disse na entrevista a emissora local de televisão que as informações "desencontradas" geraram estranheza da família do militar e elas que motivaram o acompanhamento direto da investigação do caso com as autoridades de Brasília. "As investigações vão se iniciar na próxima semana, e nós vamos viajar até a capital federal para acompanhar de perto. Vamos requerer reprodução simulada, oitivas de testemunhas, dos alunos e de todo o corpo de instrutores do Distrito Federal, para a gente esclarecer o que de fato aconteceu no fatídico dia [...] Também estamos aguardando o resultado da perícia forense, do laudo cadavérico", disse em entrevista.

"O treinamento era para o tenente Taveira passar por dentro de uma manilha, que é aquela concretagem colocada na rede de saneamento. Então a ideia do curso era ele efetuar o resgate simulado feito por um boneco. Ele passaria pela manilha, pegaria o boneco, que simulava um ser humano em situação crítica, e sairia do outro lado da manilha com o boneco a salvo. Segundo a versão passada pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, é que na hora que ele foi passar pela manilha, ele teria batido com a cabeça e não conseguido efetuar o resgate. Ele teria aparecido do outro lado boiando, já que dentro da manilha tinha água, era submersa. O que causa muita estranheza é que, primeiramente, um curso com esse, que não é um curso como o de operações policiais que requer um desgaste físico muito maior. Era um curso de adestramento de cães, e que não havia necessidade de um exercício físico tão desgastante", pontuou o advogado.

O advogado disse ainda que as informações repassadas pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal estão imprecisas. Ele destacou ainda que não havia uma viatura de salvamento no local que aconteceu o acidente. "Colhendo informações no Distrito Federal, com a própria família, com legistas do Estado de Alagoas, é que não está batendo a informação passada pelo Corpo de Bombeiros com o que a gente apurou até o momento. Inclusive, foi dito lá que o instrutor encontrou o tenente dentro da manilha, o que dá a ideia que a todo tempo ele estava sendo monitorado pelo corpo de instrutores do Distrito Federal. Mas na verdade ele foi encontrado pelo aluno do próprio curso", disse.

Napoleão lembrou ainda do equivoco passado pela corporação do Distrito Federal relacionado a morte do PM - causou revolta na família. "Corpo de Bombeiros do Distrito Federal divulgou a morte, e depois voltou atrás informando que foi um equivoco. Isso causou ainda mais estranheza dos familiares. De quem partiu essa informação? É inadmissível uma corporação com esse peso cometer tamanho erro. Na verdade, não houve óbito naquele momento. Depois que verificou o erro, eles retiraram a nota do ar e fizeram uma nova pedindo desculpa pelo infortúnio. É estranho’’.

O caso

O tenente da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), identificado como Abraão da Silva Taveira, de 39 anos, está internado em estado grave após sofrer um acidente durante um treinamento administrado pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), na última quarta-feira (30).

O militar foi levado ao Hospital de Base, em Brasília, após sofrer uma parada cardíaca. Ele participava de um curso de Cinotecnia, um tipo de treinamento de cães para trabalhos específicos civis ou militares que estava sendo coordenado pela Academia do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

Abraão estava dentro de manilhas de concreto usadas para o exercício aquático e o percurso do exercício conta com um túnel com manilhas, além de trechos encharcados com água. Tudo foi com instruções do CBMDF, mas o militar não teria conseguido sair da parte alagada e teria se afogado e em seguida perdido a respiração.

Segundo informações, o policial sofreu um forte edema cerebral e está em coma. Ele teria ficado pelo menos 30 minutos sem respirar. Tanto a PMDF quanto o Corpo de Bombeiros foram acionados para comentar o caso. As duas corporações divulgaram nota conjunta sobre o incidente envolvendo o oficial.

Morte

A morte do tenente  foi confirmada na sexta-feira (8). No dia 30 de agosto de 2023, o militar sofreu um grave acidente durante treinamento no Curso Operacional de Cinotecnia da Polícia Militar do Distrito Federal. Nos dias subsequentes esteve internado no Hospital de Base. 

O militar é natural de Garanhuns, Pernambuco, ingressou na PM de Alagoas em janeiro de 2016 e após o Curso de Formação de Oficiais (CFO) foi declarado Aspirante da Turma 2018. O tenente era lotado no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) exercendo a função de comandante do Canil.