A Secretaria de Segurança Pública apresentou em seu sede nesta quinta-feira (11) os detalhes da operação Sem Fronteiras deflagrada desde as primeiras horas de quarta-feira (10). Foram 13 pessoas presas e seis detidos que tiveram a representação das prisões acrescidas à sua ficha criminal. Todos os cumprimentos de mandados foram feitos em Pernambuco, de onde são 90% dos membros da organização criminosa. O grupo, de acordo com os investigadores, é responsável por pelo menos 40 roubos de carga somente em Alagoas. Eles agiam principalmente nas rodovias federais de estados do Nordeste. A Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) iniciou a investigação há quatro meses e o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) deu apoio.

O secretário Lima Júnior informou como se deu a ida dos agentes e policiais alagoanos para realizar a operação em Pernambuco. Segundo ele, a Secretaria de Segurança Pública do estado vizinho deu apoio operacional e cartorário para que o andamento da ação ocorresse da melhor forma.

Foram 26 mandados de busca e apreensão cumpridos; 23 de prisão, sendo seis representações contra suspeitos já detidos no sistema prisional de Pernambuco, 13 cumpridos e quatro prisões ainda a ocorrer. Entre os presos estão um vereador de Garanhuns, um tenente da Polícia Militar uma mulher que trabalha como assessora parlamentar do vereador. Ela também é esposa do chefe da quadrilha.

Foram apreendidas sete armas de fogo, R$ 17.800,00 em dinheiro, aproximadamente R$ 1 milhão em cheques e diversas munições recolhidas, inclusive de fuzil.

Foram detidos: Cícero dos Santos Camilo, apontado como chefe da organização criminosa; Djoou Silva de Carvalho, tenente da Polícia Militar pernambucana; Mário dos Santos Campos Júnior, vereador de Garanhuns mais conhecido como ‘Marinho da Estiva’; Bruno José da Silva Filho; Augusto Lucas Pinto Gomes; Ivan Patrick Teixeira de Souza; Jean Pierre Maldini da Silva, detido por roubo de cargas em outros estados; Luciana Ferro de Lima Camilo, esposa do líder; Ronaldo Luís Rufino da Silva; José Wildson Gomes de Albuquerque; Cícero Maurício Alves; João Paulo dos Santos; Leandro Aristides Bento.

Já estavam presos: Jeferson Ricardo de Oliveira Santos; Gilson Barbosa Xavier; Adevanilson Pereira da Silva; Erlan de Araújo Novais; Paulo César Pereira de Araújo; José Ademilson Oliveira Constantino.

O diretor da Deic, delegado Mário Jorge Barros, ressaltou que o roubo de carga é um tipo de crime que, por muitas vezes, a mercadoria é recuperada, porém os criminosos acabam escapando. Porém, ele crê que o caso contra os suspeitos é forte e que pode ocorrer condenação após o andamento do inquérito. Outro fato destacado pelo diretor da Deic é que o grupo costuma atuar com bastante violência durante os roubos. O delegado regional de combate aos Roubos de Cargas, Guilherme Iusten, afirmou que a investigação apresentou muitas dificuldades aos policiais já que o líder é empresário estabilizado, conectado a políticos e policiais.

Segundo Guilherme Iusten, as cargas roubadas nas rodovias eram então levadas para Pernambuco pelas mesmas rodovias e também passando por estradas vicinais. “Eles sabiam informações das cargas que iam passar pelas rodovias, mas não faziam aliciamento de motoristas, como outras quadrilhas”, relatou o delegado.

Já o vereador ‘Marinho da Estiva’ tinha participação no armazenamento e comercialização do material roubado. O produto era guardado em galpões. O tenente era o braço armado e chegava a utilizar sua farda quando necessário, até atuando nos roubos. Ele usava o próprio revólver e até uma arma fria que foi apreendida.

A esposa do líder realizava serviços de contabilidade do ilícito e usava da influência já que era assessora do vereador. Indícios apontam que o dinheiro produto do roubo era utilizado na candidatura do político. O vereador está afastado e a Câmara de Garanhuns deve tomar os procedimentos cabíveis conforme o andamento da investigação.

Os 40 roubos cometidos em Alagoas que seriam atribuídos ao grupo estão sendo investigados. Foram levados materiais como artigos de alimentação, higiene, pneus e eletrônicos. Em dois galpões foram encontrados materiais avaliados em R$ 10 milhões, mas nem tudo que estava armazenador nos locais é produto de ilícitos. O material está sendo avaliado por seguradoras, delegacias e a Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas.

Um caminhão com cargas comprovadas como produtos dos roubos já foi trazido para Maceió, bem como os detidos na operação. Além do roubo de carga, o grupo tem participação em outros crimes como homicídios e tráfico de drogas, porém estes outros delitos foram cometidos em outros estados. O caso em Alagoas é concernente apenas aos roubos de cargas.